1 Julho 2024, Segunda-feira

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Mais de duas centenas reflectem sobre prática tradicional nefasta para as mulheres na Moita

Mais de duas centenas reflectem sobre prática tradicional nefasta para as mulheres na Moita

Mais de duas centenas reflectem sobre prática tradicional nefasta para as mulheres na Moita

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6.º Encontro regional dá voz a comunidades que continuam a ser afectadas pelo mundo

 

Mais de duas centenas de pessoas estiveram reunidas no último sábado, no auditório do Fórum Cultural José Manuel Figueiredo, na Baixa da Banheira, para dar voz às comunidades que continuam a ser afectadas, nos dias de hoje, por uma prática tradicional nefasta para as mulheres.

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Na véspera da data em que foi assinalado o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina, o equipamento municipal acolheu o sexto encontro regional dedicado a esta temática.

A iniciativa contou com as presenças de Carlos Albino, presidente da Câmara da Moita, de Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, e da embaixadora do Senegal, Fatoumata Bnetou Rassoul Correa.

O autarca moitense começou por congratular-se com o facto de o concelho ter acolhido este ano – após os municípios da Amadora, Sintra, Seixal, Lisboa e Odivelas –, o debate em torno de uma problemática “tão sensível” e à qual “é preciso pôr fim”.

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O presidente considera que a Mutilação Genital Feminina (MGF) “é uma violação dos direitos humanos” e, nessa medida, “uma forma, clara, de violência contra mulheres e meninas em todo o mundo”.

A este propósito, acrescentou que “temos todos, homens e mulheres, um papel fundamental para que esta prática, que afecta não só física, mas psicologicamente, milhões de mulheres e meninas, seja erradicada”, disse.

“É com encontros como este, onde se desconstroem os mitos à volta desta prática e onde se partilham histórias e experiências, que podemos chamar a atenção de um cada vez maior número de pessoas, para este problema que é global e não apenas uma franja na sociedade”, sublinhou.

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Rosa Monteiro, por sua vez, destacou a responsabilidade do sector público nesta intervenção, através de autarquias locais como a Moita, que “integraram nos seus Planos Municipais para a Igualdade, o combate às práticas tradicionais nefastas e que o fazem também no concreto da sua intervenção”, disse.

A representante do Governo adiantou ainda ser “essencial” a capacitação das jovens mulheres das comunidades afectadas, para ultrapassarem as fronteiras que lhes são impostas. “É fundamental criarmos espaços de reflexão, de partilha e de diálogo, para contrariarmos a ‘invisibilização’ do tema”, destacou.

Intervenções comunitárias para prevenir problemática

Durante a manhã e no primeiro painel do encontro, apresentado por Rolaisa Embaló, a antiga aluna da Escola Secundária da Baixa da Banheira reflectiu sobre a MGF no concelho, com a projecção de um conjunto de vídeos com testemunhos e considerações de diversos membros da comunidade e sobre o trabalho em rede que tem sido desenvolvido no território.

A sessão incluiu também um segundo painel dedicado às intervenções comunitárias em curso na Prevenção da MGF, com a participação das mediadoras interculturais de saúde Fatu Okika, Lina Barona Ramos, Mariama Djaló e Regina Conté.

Além destas, a discussão contou também com a participação da referida ex-aluna e de Estrella Luna Muñoz, da Escola Técnica Profissional da Moita, de Adbul Gaffar e Lina Maria Hernandez – em nome da Casa Árabe portuguesa –, e Fátima Rafael, pertencente à Comunidade Islâmica de Palmela.

A fechar o encontro estiveram ainda António Carlos Pereira, vereador dos Assuntos Sociais daquela autarquia, e Sandra Ribeiro, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.

Já o músico guineense Braima Galissá, mestre tocador de Kora, encerrou a iniciativa com chave de ouro.

Dez anos de trabalho com membros da sociedade civil

A Associação Mulheres Sem Fronteiras, à qual o município se associou em 2018, tem vindo a trabalhar incessantemente desde 2011, altura em que se alertou, pela primeira vez, para esta prática no concelho. Desde então e ao longo de dez anos, foi desenvolvido um trabalho com a sociedade civil e membros de diversas áreas.

“Mais de 1300 alunos e alunas, muitos de comunidades afectadas pela prática e 32 docentes, estiveram envolvidos de forma continuada neste trabalho”, refere a autarquia, tendo sido formados “mais de uma centena de docentes do 1.º ciclo ao secundário [e] assistentes operacionais do ensino pré-escolar”.

Foi ainda dada formação a 75 técnicos e técnicas da área social, de Organizações Não Governamentais e do Centro de Atendimento a Vitimas Barreiro-Moita, entre outras, estando actualmente quase 80 profissionais de saúde capacitados com formação nesta área.

O combate a esta e outras práticas nefastas à saúde de meninas e mulheres fará parte do Plano Municipal para a Igualdade e a Não Discriminação (PMIND), que será dado a conhecer “no primeiro semestre deste ano”, revelou o município.

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