Ivo Pedaço: “Já é hora de dispensar políticos sem capacidade de sonhar grande e de imaginar uma Moita maior”

Ivo Pedaço: “Já é hora de dispensar políticos sem capacidade de sonhar grande e de imaginar uma Moita maior”

Ivo Pedaço: “Já é hora de dispensar políticos sem capacidade de sonhar grande e de imaginar uma Moita maior”

O atual vereador, que foi eleito pelo Chega e passou a independente, vai agora a votos pelos centristas. Tece duras críticas ao partido que o elegeu e à CDU, admite que o município melhorou, mas pouco, com a gestão PS e, entre as propostas que apresenta, defende a redução do IMI até ao limite mínimo

Ivo Pedaço foi – juntamente com Henrique Freire (Seixal) e Márcio Souza (Sesimbra) – um dos três vereadores que o Chega, nas últimas autárquicas, conseguiu eleger na península de Setúbal. Todos desvincularam-se do partido e passaram a independentes. O autarca da Moita recandidata-se à presidência da Câmara Municipal, mas agora pelo CDS.
Explica as razões que o levaram a sair do Chega e a abraçar os democratas-cristãos, recusa a ideia de ter sido muleta do atual executivo socialista, ao mesmo tempo que classifica de “retrógrado” o anterior reinado da CDU. Aponta como objetivos a captação de “investimento e criação de emprego”, o “melhoramento dos serviços e do espaço público”, e apostas nas áreas de “cultura, desporto e juventude” e numa “gestão transparente e eficiente”.
“O meu sonho é tornar o concelho uma referência de qualidade de vida na Grande Lisboa”, diz Ivo Pedaço, que considera “essencial baixar o IMI até ao limite mínimo e rever taxas municipais”.

- PUB -

Em 2021 foi eleito vereador pelo Chega. Desvinculou-se do partido e, agora, candidata-se pelo CDS. Acha que tem mais ou menos hipóteses de ser reeleito, face à menor expressão eleitoral do CDS?
Não encaro esta candidatura como uma questão de ter mais ou menos hipóteses em função do partido. O que está em causa é a confiança que os cidadãos da Moita depositam nas pessoas e nas ideias que apresentam para o futuro do concelho.
Quando fui candidato pelo Chega, em 2021, o partido tinha apenas um deputado e ser candidato nessa altura exigia coragem. Fui fiel às minhas convicções, mas rapidamente percebi que o Chega se revelava uma desilusão: demasiada radicalização, demasiada hipocrisia entre o que se dizia e o que se fazia. Com ponderação, desvinculei-me. Se fosse interesseiro, teria ficado; mas não me identifico com esse caminho.
A escolha pelo CDS surgiu naturalmente. É um partido com história na consolidação da nossa democracia, dentro do mesmo espetro da direita, mas uma direita democrática e cristã, que defende valores e liberdades. Com o CDS aceitei o desafio de construir uma lista feita, maioritariamente, de independentes que acreditam que a Moita pode mudar o seu paradigma de concelho periférico e pobre dentro da Área Metropolitana de Lisboa.
Não mudei de convicções. Continuo a ser um homem de direita, mas uma direita responsável, que quer atrair investimento, criar qualidade de vida, oferecer oportunidades aos jovens e garantir conforto e dignidade para os mais velhos.
Não temos de continuar a ser os mais pobres dos pobres. Somos do tamanho dos nossos sonhos, e acredito que a Moita consegue. Já é hora de dispensar políticos sem capacidade de sonhar grande e de imaginar uma Moita maior. O meu trabalho e a minha visão falarão mais alto do que qualquer estatística ou percentagem.

Considerou que a Câmara da Moita mudou, embora pouco, para melhor com o PS. Disse ainda que o estado do concelho não se podia comparar com o de municípios como Alcochete, Montijo e Barreiro. Mantém estas opiniões?
Sim, mantenho. Houve, de facto, pequenas melhorias, mas estão muito aquém do que a Moita merece. Continuamos a ter um concelho que ficou para trás devido a 46 anos de gestão retrógrada da CDU, que afastou investimento, fechou empresas e condenou a maioria da população ativa a trabalhar fora do concelho, sobretudo na margem norte do Tejo. Enquanto isso, municípios vizinhos como Alcochete, Montijo e Barreiro souberam atrair investimento e criar melhores condições de vida para as suas populações.
O município mudou em 2021. Pela primeira vez desde 1976, a CDU perdeu a Câmara e abriu-se uma nova etapa. Eu próprio fui eleito vereador e, com a pressão que fizemos, obrigámos o PS a ceder em várias propostas essenciais para a Moita, como por exemplo a baixa do IMI. Isso não é um “acordo”, é democracia a funcionar: as nossas propostas foram discutidas e algumas concretizadas, sempre em defesa dos interesses do concelho. Já a CDU, sem qualquer visão, desistiu de apresentar soluções e mostrou que só está agarrada ao poder nas coletividades, sindicatos e instituições locais.
É verdade que a Moita mudou pouco, mas mudou para melhor. Este executivo é mais jovem e dinâmico, ainda que insuficiente para o salto que precisamos. Mas foi o primeiro passo para quebrar a estagnação comunista e abrir caminho a um futuro diferente. Agora é tempo de dar continuidade a essa mudança, com coragem, visão estratégica e capacidade de execução. Para a frente, sempre; para trás, nunca!

Como responde àqueles que dizem que o senhor é o “fiel da balança” do PS no executivo?
Não sou nem nunca serei o fiel da balança de ninguém. O meu compromisso é exclusivamente com a população da Moita. Sempre apoiei as propostas que considerei positivas para o concelho e rejeitei aquelas que iam contra os interesses da população, viessem de que partido viessem.
Muito se falou sobre o Orçamento Municipal. Se o tivesse chumbado, a Câmara ficaria em gestão por duodécimos, limitada a gastar apenas 1/12 do orçamento anterior por mês.
Isso significaria não haver dinheiro suficiente para resolver situações urgentes, como uma rotura de água ou reforço na recolha de resíduos. Quem seria acusado de bloquear o concelho? Nem o PS, que apresentou o orçamento, nem a CDU, que perdeu as eleições mas queria recuperar poder a qualquer custo. O culpado seria apenas eu. Ora, a política não se faz de cálculos para prejudicar a população; faz-se de responsabilidade.
Não fui muleta do PS. Fui, sim, muitas vezes decisor em medidas que considero boas para o concelho. E é importante lembrar: muitas vezes PS e CDU votaram lado a lado, porque as suas políticas não são assim tão diferentes como querem fazer crer. A diferença é que eu sempre mantive independência e coragem, votando apenas de acordo com o que serve para o concelho da Moita. Esse é o papel que assumi e que continuarei a assumir.

- PUB -

Quais as principais propostas políticas que tem para apresentar ao eleitorado?
As minhas propostas assentam em três pilares fundamentais: desenvolvimento económico, qualidade de vida e confiança na gestão pública.
Atrair investimento e criar emprego: quero tornar a Moita um concelho competitivo, com incentivos à instalação de empresas, apoio ao comércio local e criação de novas indústrias e serviços. Só assim conseguimos fixar jovens e criar oportunidades.
Melhorar os serviços e o espaço público: a Moita precisa de mais segurança, higiene urbana, mobilidade e habitação acessível. Defendo um plano de recuperação urbanística urgente – renovar a rede de águas e esgotos, requalificar passeios, cuidar dos jardins e modernizar os equipamentos públicos. É também essencial baixar o IMI até ao limite mínimo e rever taxas municipais, para aliviar as famílias e atrair investimento.
Apostar na cultura, desporto e juventude: quero valorizar as coletividades, apoiar o desporto e criar espaços que deem aos jovens motivos para ficar no concelho.
Gestão transparente e eficiente: a Moita tem de deixar para trás a estagnação. Precisamos de uma Câmara que saiba planear, executar e prestar contas. O dinheiro dos contribuintes deve ser usado com responsabilidade, não em promessas vazias.
O meu sonho é tornar o concelho uma referência de qualidade de vida na Grande Lisboa, trazendo-o para o século XXI. Não podemos continuar a ter dois concelhos da Moita: um com tudo e outro sem nada. Quero um concelho homogéneo, justo e moderno, onde viver bem seja uma realidade para todos.
Também na saúde defendo uma intervenção firme junto do Governo para reforçar médicos de família e melhorar o funcionamento dos centros de saúde, que hoje deixam muitos munícipes sem resposta. Quero devolver qualidade de vida ao concelho da Moita. E digo com convicção: “A Moita consegue!”

Qual a principal diferença da sua candidatura para as restantes, sobretudo, para aquelas que são apoiadas por partidos do centro-direita ou de direita?
As candidaturas são todas diferentes ou, pelo menos, deviam ser. A minha candidatura não é contra ninguém, é a favor do concelho da Moita. Não entro em política de mesa de café, não alimento difamações nem ataques pessoais. Prefiro falar de propostas e soluções.
A minha candidatura é consequência de quatro anos de trabalho como vereador independente, com visão, coragem e propostas concretas. Um exemplo é a criação da Polícia Municipal, que já demonstrou ser uma mais-valia em todos os concelhos onde existe.
Enquanto outros candidatos se perdem em agendas nacionais, eu apresento uma candidatura de independência e proximidade. O meu compromisso é exclusivamente com o concelho da Moita e com os seus habitantes.
Há quem se assuma de direita, mas recuse soluções como a Polícia Municipal; e há quem diga que é alternativa, mas representa apenas protesto e radicalização. Eu apresento algo diferente: um projeto de direita democrática, responsável, construtiva e com futuro.

Se vier a ser eleito e lhe oferecerem algum pelouro, aceitará? Qual o que preferiria?
Se for o escolhido pela população do concelho da Moita no dia 12 de outubro para estar à frente da Câmara Municipal, defenderei sempre que todos os vereadores, de todas as forças políticas, tenham pelouros. Aliás, considero que isso deveria ser lei. Se o povo votou e elegeu, por que razão só uma força partidária deve governar? Um vereador sem pelouro tem pouca capacidade de ação e isso empobrece a democracia.
Imagine-se se fosse obrigatório todos os eleitos terem responsabilidades, orçamento e a obrigação de dialogar entre si. Isso seria excelente para as populações, mas péssimo para os partidos que preferem usar o poder apenas para se perpetuarem. O atual sistema favorece a lógica de partido, não o interesse das pessoas. A minha candidatura quer inverter isso: respeitar sempre a voz do povo do concelho da Moita.
Aceitarei um pelouro se sentir que posso servir verdadeiramente os munícipes. As áreas que considero prioritárias são o urbanismo e a limpeza urbana, porque são problemas que afetam diretamente a vida das pessoas. Também não recusaria responsabilidades na saúde, uma vez que sei o quanto este setor preocupa a nossa população.

- PUB -

Por que motivo não se tornou militante do CDS?
Em 2021 tornei-me militante do Chega porque queria fazer algo pela minha terra, mas percebi rapidamente que não me identificava com esse projeto. Aprendi com essa experiência e não quero tomar decisões precipitadas. Hoje tenho a confiança e o apoio do CDS, identifico-me com as pessoas que o representam localmente, mas acredito que a força da minha candidatura está precisamente na independência. Aceitei com orgulho o apoio do CDS, mas quero continuar livre de amarras partidárias. Isso permite-me representar todos os cidadãos do concelho, sem exceção, e não apenas os que se reveem num partido. A minha prioridade é a população do concelho da Moita e não estruturas partidárias.
Tenho confiança no potencial da nossa terra, acredito na força da nossa comunidade e sei que, com trabalho, coragem e visão, podemos transformar a Moita no concelho que todos merecemos.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -

Apoie O SETUBALENSE e o Jornalismo rumo a um futuro mais sustentado

Assine o jornal ou compre conteúdos avulsos. Oferecemos os seus primeiros 3 euros para gastar!

Quer receber aviso de novas notícias? Sim Não