Bispo de Setúbal denuncia capelas jazigo arrombadas, caixões de fora e partidos, num cenário que nunca tinha visto, nem em “filmes de terror”
O cemitério de Alhos Vedros foi profanado, com capelas jazigo arrombadas, caixões de fora e partidos e até alguns corpos sido desmembrados. A denúncia foi feita pelo Bispo de Setúbal, que explica que foi “com profunda tristeza e sentimentos de emoção, impotência e verdadeira consternação” que recebeu a notícia da profanação de sepulturas neste cemitério. O Comando Territorial de Setúbal da Guarda Nacional Republicana recebeu o alerta para a ocorrência na manhã desta terça-feira, 25 de novembro, e até ao final do dia de ontem ainda decorreram perícias no local.
De acordo com as informações avançadas pelo cardeal Américo Aguiar, foram afetadas, pelo menos, quatro capelas jazigo. Em declarações à Renascença, afirma que se deparou com um cenário que nunca havia encontrado, nem em “filmes de terror”.
“Capelas jazigo arrombadas, caixões de fora e partidos, cadáveres desmembrados, nunca tal, nem em filmes de terror vi, alguma vez, ou pensei alguma vez na vida ver este cenário que me provocou uma profunda consternação em relação àqueles irmãos falecidos que ali estavam, em relação às suas famílias, em relação à comunidade. É qualquer coisa para a qual nenhum de nós está preparado, para ser colocado perante um cenário dantesco como este”, relatou à Renascença.
Numa nota de Imprensa enviada à redação d’O SETUBALENSE, é assinalado que os atos de vandalismo atingem a “dignidade intrínseca da pessoa humana” e ferem “a memória dos que já partiram”. O Bispo de Setúbal garante que desconhece as motivações do ataque, mas afirma-se solidário com as autoridades, as paróquias e com “todos os que se sentem atingidos”.
Américo Aguiar explica que foi com “profunda tristeza e sentimentos de emoção, impotência e verdadeira consternação” que recebeu a notícia da profanação de sepulturas no cemitério de Alhos Vedros. O Bispo de Setúbal considera que um ato desta gravidade atinge a “dignidade intrínseca da pessoa humana”, fere a “memória dos que já partiram” e “causa sofrimento acrescido às suas famílias”. Neste comunicado o responsável diocesano esclarece que, “como recorda a fé cristã, se vivemos, vivemos para o Senhor; se morremos, morremos para o Senhor”. Nesse sentido, Américo Aguiar considera que “qualquer atentado contra os mortos é também uma ferida aberta no coração dos vivos”.
O líder da Diocese de Setúbal expressou a sua “solidariedade institucional e pessoal” às autoridades autárquicas, que, no entender de Américo Aguiar, “têm a responsabilidade pela preservação e segurança daquele espaço sagrado”, e também às “paróquias do território, que, com os seus sacerdotes e agentes pastorais, acompanham diariamente o Povo de Deus assim como a todos os que, hoje, se sentem atingidos por tamanha violência moral”.
O diocesano deixou ainda um apelo à oração conjunta. “Convido toda a Diocese a unir-se numa intensa oração com as famílias e pelas famílias e numa oração, pelos seus entes queridos ultrajados por este gesto sacrílego. Rezemos também pelos que cometeram tais atos, para que reconheçam a gravidade do mal e se convertam ao bem”.
“De modo particular, dirijo uma palavra de proximidade, respeito e compaixão às famílias que, inesperadamente, se veem confrontadas com esta dor profunda”, expressou o cardeal e sublinhou que “qualquer atentado contra os mortos é também uma ferida aberta no coração dos vivos”. Américo Aguiar foi alertado sobre a situação pelo pároco de Alhos Vedros, que também comunicou o caso à Câmara Municipal da Moita. Após a profanação das sepulturas, esteve a rezar no local.