Mural é o 4.º e penúltimo organizado pelo projecto “Histórias que as Paredes Contam”
“Fazes que fazes ou pões sementes a crescer?”, a frase retirada da canção de Sérgio Godinho “Grão da Mesma Mó” é agora rosto da Praceta Ilha da Madeira, no Bairro do Liceu, local que recebeu, no fim-de-semana, mais de 50 crianças e jovens em pintura de um mural.
Apesar de não estar ainda concluído, grafismo, com coordenação estética a cargo do estudante de artes Mo e o artista plástico guineense Young Nuno – ambos jovens, de 21 e 33 anos, respectivamente, que colocam “Setúbal em comum nos seus projectos – vários foram os intervenientes na obra que deram asas à imaginação para deixarem marcadas palavras e frases, como “Em cada esquina um amigo”, “Liberta-te” e “Vive”, a acrescentar dezenas de cravos coloridos.
“Ainda não está concluído e já superou as minhas expectativas”, palavras de Rui Canas, presidente da União de Freguesias de Setúbal, que se associou à iniciativa do projecto “Histórias que as Paredes Contam” neste que é o 4.º e penúltimo mural alusivo ao
cinquentenário da Revolução dos Cravos.
Para Mo a frase inscrita naquela parede é “um apelo à acção e a fazer cumprir Abril”, diz-se “contra o comodismo” e apela a que todos saiam à rua em prol da Democracia. “Não podemos ficar parados a ver a extrema-direita ganhar terreno. Temos de semear os cravos e colher a revolução”, transcreve a nota de Imprensa do projecto.
Já Young Nuno que “optou por recordar o líder revolucionário africano Amílcar Cabral e o capitão Salgueiro Maia” nas marcas que deixou nas paredes, é autor de várias pinturas de intervenção – por conveniência da independência da Guiné-Bissau –, deixou a mensagem de que “é impossível falar da liberdade sem falar do 25 de Abril” reiterando que “celebrar o 25 de Abril é celebrar a Liberdade”.
O projecto “Histórias que as Paredes Contam – 50 anos de Muralismo em Setúbal”, parte integrante do programa municipal “Venham Mais Vinte e Cincos”, prevê realizar ainda a pintura do 5.º e último mural, uma segunda mostra fotográfica e a edição de um “álbum de imagens e histórias sobre a prática moralística”.