Combate a incêndios vai interligar câmaras, bombeiros e empresas. Navigator foi convidada a participar na protecção da floresta
O Governo aprovou o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PNGIFR), que tem como objectivo principal a redução para metade da ardida até 2030. A Agência para a Gestão Integrada dos Fogos Rurais (AGIF) vai agora elaborar os programas de acção nacional e regionais, “uma vez que cada região vai ter um programa próprio consoante a especificidade do território”, segundo avança a agência Lusa.
Nestes programas também vão ficar clarificados os papéis e as responsabilidades das autarquias e unidades e protecção civil, corporações de bombeiros e sociedade civil, como empresas e associações locais.
A consulta pública sobre o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais terminou em Fevereiro e na época, durante a 66ª sessão de esclarecimento do plano que decorreu no Instituto Politécnico de Setúbal, aliás uma das últimas sessões promovidas pela AGIF, autarquias da península, unidades de protecção civil e corporações de bombeiros, assumiram-se preocupadas com as responsabilidades incutidas às autarquias e com o facto de zonas protegidas não terem planos de pormenor delineados.
Durante a apresentação do PNGIFR, Paulo Lamego, comandante da companhia de Bombeiros Sapadores de Setúbal, chegou mesmo a considerar “preocupante”, o facto de uma área como a Arrábida, não ter um plano de pormenor, “uma vez que as zonas protegidas não podem estar sujeitas a um plano geral, tendo em conta que a actuação numa floresta o norte do país será diferente da actuação no sul do país”.
O comandante dos Sapadores alertou ainda para o facto deste plano colocar os recursos disponíveis na Câmara de Setúbal sob demasiada pressão, “quando esta já suporta 7 dos 10 milhões aplicados anualmente nas corporações de bombeiros do concelho”.
Envolvimento da sociedade civil
Na apresentação do plano, Pedro Carrilho, chefe do Núcleo Sub-Regional Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo Litoral da AGIF, referiu que, para além das autarquias, o novo plano vai envolver outros parceiros e, em Setúbal, “o convite foi lançado convite à NAVIGATOR – About the Future, para que contribua na defesa daquilo que também é um activo seu – a floresta”, explica Pedro Carrilho. “Desafiamos também a Agência de Energia e Ambiente da Arrábida a participar neste plano, porque só assim poderemos chegar às estratégias de pormenor necessárias para todas as regiões”.
Com um horizonte temporal de uma década, o Plano Nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais prevê que em 2030 tenham sido limpos 1,2 milhões de hectares de floresta, correspondentes a 20% dos seis milhões de hectares que existem no território com risco de incêndio.
As metas a atingir preveem ainda que, dentro de 10 anos, as áreas ardidas com mais de 500 hectares estejam totalmente geridas e com planos de recuperação executados, e que existam menos de 80% das ignições nos dias de risco de incêndio.
Para a concretização do PNGIFR está prevista uma despesa total superior a 6 mil milhões de euros, com um investimento expectável de 60% a ser direccionado para a prevenção e 40% para o combate.
PSD denuncia falta de meios aéreos no combate a incêndios
A aprovação do PNGIFR surge ao mesmo tempo que o PSD questiona o Governo relativamente ao nível II do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), alegando que está a acontecer uma “grave violação do planeamento anunciado”, devido à falta de meios aéreos disponíveis em Setúbal, Beja, Portalegre e Braga.
Pelas contas do PSD, no distrito de Setúbal, estão “a faltar”, pelo menos, os meios aéreos para o concelho de Grândola. Meios de coordenação que, de acordo com os sociais-democratas, “já deveriam estar no terreno”.