O ministério do Ambiente e o conselho de administração da Soflusa falharam na promessa de novos acordos salariais com trabalhadores. Em consequência volta a greve e a promessa de outros métodos de reivindicação
A falta de acordo entre o Ministério do Ambiente e o conselho de administração da Soflusa para estabelecer os acordos salariais reivindicados pelos trabalhadores leva à convocatória de uma nova greve parcial, de duas horas por turno, no dia 18 de. Uma decisão anunciada ontem por Alexandre Delgado, delegado sindical do Sindicato da Marinha Mercante, Indústrias e Energia (Sitemaq).
Após uma hora e meia de reunião, Alexandre Delgado culpabilizou a tutela e o conselho de administração da Soflusa pelo resultado negativo. Em declarações à Lusa o delegado sindical referiu o que, na sua perspectiva, poderá ser o início de uma crise que se estenderá a outras empresas do sector. “Foi um tanto ou quanto frustrante, porque, de facto, o Ministério [do Ambiente] e o conselho de administração, refugiando-se de que tinham de fazer o que fizeram para parar uma greve, esqueceram-se de que iam criar muitas mais no sector”.
De acordo com Alexandre Delgado, a administração conjunta das duas empresas que asseguram as ligações fluviais entre o distrito de Setúbal e Lisboa (Soflusa e Transtejo) vai agora agendar uma nova reunião para reiniciar as negociações.
O sindicalista informou ainda que, há várias formas de luta a serem equacionadas, por forma a acelerar o processo, sem especificar se estão previstas mais paralisações para além do dia 18.
“Ainda não há mais greves marcadas, mas os trabalhadores estão a pedir novas formas de luta. Não querem uma greve longa, mas rápida. Que o Governo perceba e o conselho de administração que se portaram mal com cerca de 95% dos trabalhadores”, concluiu.
Semana de contradições
Na semana passada, com o objectivo de parar a realização de uma nova greve prevista para dia 12 de Junho, a administração da Soflusa admitiu chegar a acordo, no que diz respeito às reivindicações salariais dos trabalhadores da empresa.
Esta decisão previa a possibilidade de renegociação dos salários de marinheiros, chefes de máquina, oficiais de reparações e auxiliares de terra, descontentes com a atribuição de um prémio aos mestres da empresa.
Uma promessa avançada mesmo sendo do conhecimento do conselho de administração da Soflusa que este ano não haveria mais propostas e que tal decisão poderia levar a uma consequente “desarmonia salarial” no sector, segundo prevêem os sindicatos.
Contudo, ontem, a reunião realizada no Ministério do Ambiente, com a administração da Soflusa e do secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, terminou sem acordo.