Presidente da Assembleia Municipal recorda que ditadura “é a repressão do potencial humano”

Presidente da Assembleia Municipal recorda que ditadura “é a repressão do potencial humano”

Presidente da Assembleia Municipal recorda que ditadura “é a repressão do potencial humano”

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Frederico Rosa lembra efeitos da pandemia e deixa esperança num futuro melhor

 

As comemorações do 48.º aniversário do 25 de Abril no Barreiro incluíram, além do regresso do Desfile da Liberdade, ao final da tarde de domingo, um concerto com a banda The Gift na noite da véspera da Revolução dos Cravos, perante o olhar atento de centenas de barreirenses que se deslocaram até ao Parque da Cidade para assistir ao espectáculo, frente ao Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), por Sónia Tavares e pelos restantes membros da banda.

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The Gift cantaram e encantaram no Parque da Cidade, na véspera do 25 de Abril

Frederico Rosa, presidente do município, e os restantes eleitos do executivo, munidos de um cravo, subiram ao palco situado naquele espaço verde, tendo o autarca lembrado que, após dois anos de interrupção marcados pela pandemia, com “uma vida que nunca imaginámos” e após a perda de “familiares e muitos amigos [e da] nossa liberdade de poder sair, num esforço colectivo que foi necessário”, a população viu-se ainda confrontada com uma guerra na Ucrânia.

O presidente acrescentou que, com “democracia, com liberdade de expressão, com pluralismo e acima de tudo, com a inclusão de todos […], estamos juntos nesta sociedade e todos temos de deixar um mundo melhor para os nossos filhos e netos”, frisou. Terminado o momento musical, naquele local teve ainda lugar o espectáculo “Cantigas de Rua”, que procurou reviver o clima das canções populares.

Entretanto, após as cerimónias do hastear das bandeiras, que tiveram lugar durante a manhã de segunda-feira, por todas as freguesias do município, os eleitos e parte da população participaram ainda na sessão solene evocativa da Assembleia Municipal, que teve lugar no AMAC e que contou com um animado momento musical por Catarina dos Santos, acompanhada por Cláudio Andrade e Leo Espinosa.

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Autarcas barreirenses subiram ao palco, no Parque da Cidade, para escutar o edil Frederico Rosa

André Pinotes Batista, presidente do órgão autárquico, saudou todas as forças políticas que integram a assembleia, assim como as forças militares, as autoridades que marcaram presença, IPSS e tecido empresarial, além das forças de bombeiros. O responsável lembrou muitos dos homens que perderam a vida ou despedaçaram as suas famílias, tendo como causa principal a liberdade, lembrando que “uma ditadura é a repressão do potencial humano”, das vozes e da educação, da ciência e de todas as formas de cultura e de associação.

O responsável lembrou que, actualmente, “quem dá mais valor ao 25 de Abril são os jovens com menos de 44 anos”, sendo que hoje em dia “80% das mulheres consideram que [esta data] foi muito importante, mais 10% do que os homens e, em todos os partidos democratas, menos num, entre 75 e 98%, consideram que [a revolução] foi muito importante ou importante”, informou. “A verdade é que se queremos mais e melhor democracia, e não apenas mais dias de democracia, convêm percebermos que existem três eixos nos quais temos todos que trabalhar”, alertou.

Além da ascensão social e da sustentabilidade ambiental, também a “transparência diz respeito a todos” e os políticos, defendeu, devem assumir que “não devem ter medo de dizer que são políticos, que servem a causa pública, porque não podemos ter uma construção democrática sem políticos”, frisou.

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Durante o encontro, Frederico Rosa defendeu que “a democracia, de facto, em Portugal ainda é jovem, mas é algo que tem de se aprofundar e tem de ser defendida, em primeiro lugar, por todos nós políticos, eleitos pelas populações”. Segundo o autarca, “defender é ajudar a construir opções, oposições, e este é um caminho que a todos deve comprometer”, defendeu.

“Assusta-me verdadeiramente que temos que cortar na política, temos que cortar nos deputados da Assembleia, meus amigos não se enganem: o fascismo é mais barato que a democracia, pois não tem eleições, não tem representantes do povo, tem nomeações muitas vezes a quem não deve”, sublinhou, mostrando-se assustado com populismos que querem resolver todos os problemas “com uma bala de prata”. O edil frisou que “a táctica política substituiu a ideologia política”, tendo deixado o desafio de “construir e ouvir todos e melhorar a democracia”.

Partidos discursam durante encontro em Auditório

No decorrer da sessão, Paula Serralha, em representação do Bloco de Esquerda, chamou a atenção para a ascensão da extrema-direita e para a inquietação da precariedade dos jovens, para a falta de habitação social acessível, baixos salários e reformas, falta de acesso aos transportes e a própria corrupção, entre outras questões, nomeadamente, a inquietação “perante as desigualdades cada vez mais acentuadas em prol do capital”.

Nuno Chambel, eleito do partido Chega, por sua vez, começou por lembrar que a revolução “ajudou a trazer a liberdade de expressão, uma maior oportunidade de igualdades, um pensamento livre e o pluralismo uns anos depois”. O deputado defendeu que “a democracia e a liberdade em Portugal nunca mais deverão ser postas em causa, não deveremos andar para trás nesses valores”, realçou, e que deverão ser “escolhidas ideias” através da “escolha de reformas que Portugal necessita há muito”.

Em representação do PSD esteve o deputado Vítor Castro Nunes, que relembrou o papel decisivo dos cidadãos portugueses e do Movimento das Forças Armadas para construção de “um futuro em liberdade”. O responsável falou da descolonização e do “processo em construção” do 25 de Abril, lamentando a falta de presença de muitos na iniciativa. “Neste Abril os impostos são asfixiantes, são inimigos do crescimento e da criação de riqueza e, infelizmente, Portugal hoje fixa-se na cauda da Europa em termos económicos, sendo um país pobre, de ordenados médios-baixos, incapaz de reter os seus melhores e de atrair os melhores, provenientes de outros países”, sublinhou.

Dado a CDU ter abdicado de participar na sessão, o presidente da Assembleia deu a palavra ao deputado do PS, João Pintassilgo. O responsável lembrou que este momento deve ser “visto e vivido como uma data maior da nossa história contemporânea” e destacou que o 25 de Abril “não foi uma mera transição de regime”, afirmando “que a nossa jovem democracia terá de ser vivida diariamente”. Referiu ainda que a revolução deu ao povo “a liberdade e a democracia”, que contém os princípios da “solidariedade, o diálogo, a tolerância de todos e para todos”.

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