Internistas contestam obrigação de vigiar grávidas no Hospital do Barreiro

Internistas contestam obrigação de vigiar grávidas no Hospital do Barreiro

Internistas contestam obrigação de vigiar grávidas no Hospital do Barreiro

Subscritores da carta afirmam que detêm a especialidade de Medicina Interna, “não fazendo parte das suas competências a avaliação de grávidas e/ou puérperas”

Os médicos internistas do Hospital do Barreiro contestam numa carta enviada à administração a obrigatoriedade de terem de prestar assistência em situações obstétricas e ginecológicas, alegando que não faz parte das suas competências e apresentaram escusas de responsabilidade.

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Na carta, assinada por 28 internistas, a que a agência Lusa teve hoje acesso, os especialistas manifestam a sua discordância com as medidas previstas na publicação “Procedimento Geral – ADD.106 – Procedimento de Contingência da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia”, de 7 de Julho, da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho, que integra o Centro Hospitalar Barreiro Montijo.

Segundo o documento, divulgado pela RTP na terça-feira, os especialistas de Medicina Interna e Cirurgia Geral terão de dar apoio às puérperas e doentes de foro ginecológico internadas, quando não há um especialista de ginecologia e obstetrícia disponível e nas urgências.

Os subscritores da carta afirmam que detêm a especialidade de Medicina Interna, “não fazendo parte das suas competências a avaliação de grávidas e/ou puérperas” para dar resposta ao pedido pelo Conselho de Administração.

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Nesse sentido, declaram que “declinarão toda a eventual responsabilidade civil que lhes venha a ser pessoalmente imputada, por qualquer acidente ou incidente lesivo do direito à protecção da saúde dos cidadãos, resultante da deficiente organização e gestão do serviço e/ou da insuficiência ou inadequação das condições de trabalho disponibilizadas, em matéria de recursos humanos, logísticos e materiais”.

A Ordem dos Médicos (OM) “rejeita e manifesta a mais profunda preocupação” com o procedimento definido pelo Conselho de Administração da ULS Arco Ribeirinho ao determinar “responsabilidades aos médicos das especialidades de Medicina Interna e Cirurgia Geral na assistência directa em situações obstétricas e ginecológicas”.

Para OM, o documento revela “um profundo desconhecimento dos limites técnicos e científicos das especialidades médicas envolvidas e demonstra uma preocupante ligeireza quanto à segurança dos cuidados prestados às grávidas e às mulheres”.

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Para o bastonário da OM, Carlos Cortes, “é inaceitável que médicos internistas e cirurgiões gerais sejam chamados a assumir funções que ultrapassam claramente as suas competências”.

Carlos Cortes alerta em comunicado que “tal situação constitui um sério risco para a segurança das grávidas e mulheres assistidas e cria uma exposição inaceitável à responsabilidade profissional e ética dos médicos envolvidos”.

A Ordem dos Médicos exige que o procedimento seja revisto com a máxima urgência, garantindo-se que apenas profissionais devidamente habilitados em Obstetrícia e Ginecologia assegurem a prestação diferenciada e especializada de cuidados nesta área.

“Não se deve criar a ilusão de resposta quando ela não existe”, sublinha Carlos Cortes, rejeitando “medidas improvisadas ou circunstanciais que possam comprometer a qualidade assistencial e colocar em risco a segurança clínica”.

A Ordem dos Médicos reafirma o seu compromisso com a qualidade dos serviços prestados, com o rigor ético e profissional e apela a uma reorganização imediata dos serviços afectados, com reforço urgente de recursos humanos médicos qualificados.

O bastonário manifesta ainda “total disponibilidade para dialogar e colaborar com as autoridades competentes”.

“Mantemo-nos firmes e vigilantes na defesa intransigente da segurança das pessoas e da dignidade profissional dos médicos”, salienta.

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