Especialistas contestaram uma norma que prevê a sua intervenção caso faltem obstetras
O Hospital do Barreiro esclareceu esta quarta-feira que os internistas só são chamados a responder a grávidas e puérperas em “situações muito pontuais”, após aqueles especialistas contestarem uma norma que prevê a sua intervenção caso faltem obstetras.
Em resposta à Lusa, a unidade local de saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), que integra o Hospital do Barreiro, afirmou que, desde a alteração do procedimento de atendimento a grávidas, “apenas se registou um caso de atendimento” por médicos internistas, “tendo a situação sido devidamente encaminhada”.
“O procedimento em causa prevê o envolvimento destes profissionais em situações muito pontuais e apenas no nível máximo de contingência, e de forma orientada e protocolada, garantindo a segurança das grávidas”, sustentou.
O esclarecimento da entidade surgiu depois de os médicos internistas do hospital terem contestado, numa carta à administração, a obrigatoriedade de prestarem assistência em situações obstétricas e ginecológicas, alegando que não faz parte das suas competências.
Perante a situação, os especialistas apresentaram escusas de responsabilidade.
Na carta, assinada por 28 internistas, os especialistas manifestam a sua discordância com as medidas previstas na publicação “Procedimento Geral – ADD.106 – Procedimento de Contingência da Urgência de Obstetrícia e Ginecologia”, de 7 de Julho, da Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho.
Segundo o documento, divulgado pela RTP na terça-feira, os especialistas de Medicina Interna e Cirurgia Geral terão de dar apoio às grávidas, puérperas e doentes de foro ginecológico quando não há um especialista de ginecologia e obstetrícia disponível.
A ULSAR lembrou que, nos períodos em que o serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia está em contingência, foi definido “um procedimento interno específico para responder às situações em que a grávida, não tendo realizado o contacto prévio, se dirige directamente à urgência”.
“Este procedimento visa garantir que, mesmo em situações excepcionais, todas as utentes são devidamente atendidas e orientadas clinicamente”, indicou a ULSAR, salientando que foi criado “com o objectivo primordial de salvaguardar a segurança das grávidas e garantir resposta adequada, mesmo em situações de contingência”.
A adopção do procedimento está enquadrada num despacho, de 10 de Abril, que estabelece medidas específicas para assegurar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), no âmbito do Plano de Resposta Sazonal do Ministério da Saúde — Verão 2025.
A ULSAR disse ainda que, na Península de Setúbal, os serviços de urgência de obstetrícia e ginecologia, durante o Verão, estão a funcionar sob coordenação da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) em sistema de rotatividade, de modo a assegurar que todas as grávidas da região têm resposta.
“O modelo de referenciação estabelece que todas as grávidas devem efectuar contacto prévio com a linha Saúde 24 [808242424], assegurando o adequado encaminhamento para a unidade de saúde mais apropriada”, acrescentou.