Espectáculo realiza-se neste sábado na Banda Democrática. Recupera palavras de Salgueiro Maia aos militares e discursos de Soares e Cunhal
“Dizeres e Cantares da Liberdade” intitula o espectáculo comemorativo do cinquentenário da Revolução dos Cravos que o Grupo de Teatro Sem Limites leva à cena já este sábado, a partir das 15h30, no pavilhão da Banda Democrática 2 de Janeiro, no Montijo.
A produção artística recupera alguns dos momentos mais marcantes vividos no período do 25 de Abril de 1974. As cantigas e os poemas que fizeram fervilhar o pulsar pela liberdade e democracia, aquelas que foram as senhas de Abril, e a recriação de acontecimentos históricos dão corpo ao espectáculo, conforme antecipa João Barbosa, director do Grupo de Teatro Sem limites, a O SETUBALENSE.
“O espectáculo distingue-se por apresentar a recriação de quatro episódios: o momento que antecedeu a saída dos militares de Santarém; o confronto entre as tropas do regime e a coluna do Capitão Salgueiro Maia em Lisboa; o momento ‘partilhado’ por Mário Soares e Álvaro Cunhal poucos dias depois; e a discriminação de que as mulheres eram alvo à época”, resume o responsável, antes de detalhar cada um dos “acontecimentos históricos” que vão ser interpretados em palco.
“É recriado o momento de Salgueiro Maia, na parada, na Escola Prática de Cavalaria de Santarém, quando, para motivar os militares, disse: ‘Há os estados socialistas, os estados ditos comunistas, os estados capitalistas e há o estado a que chegámos’”, revela. Outro momento repristinado é “o do confronto na Ribeira das Naus”, entre as tropas do regime e os militares liderados por Maia, quando “o alferes Sottomayor se recusou a cumprir a ordem do brigadeiro Junqueira dos Reis para abrir fogo sobre a coluna militar vinda de Santarém”.
A peça recupera ainda “os discursos de Mário Soares e Álvaro Cunhal, referentes ao 1.º de Maio de 1974”, e o cenário por que passavam as mulheres em Portugal no pré-25 de Abril. “Não podiam votar, não podiam sair do País nem abrir uma loja de comércio sem autorização do marido. Uma professora não podia casar com um homem que tivesse vencimento inferior ao seu”, indica João Barbosa.
O espectáculo tem entrada gratuita e a duração de aproximadamente 80 minutos.