Potenciar o comércio tradicional, através do mundo digital, é o objectivo do programa financiado em 1,1M€ pelo PRR
Mais visitantes e mais vendas é o objectivo do projecto “Barreiro Digital Comércio na Mão”, que a Câmara Municipal do Barreiro apresentou publicamente, na passada segunda-feira, no Mercado 1.º de Maio e no qual trabalhou durante os últimos 18 meses.
A candidatura, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foi aprovada e ficou garantido um apoio de 1,1 milhões de euros para o projecto. O Barreiro foi, de resto, a única cidade não capital de distrito que conseguiu este apoio de fundos europeus.
Esta iniciativa está inserida na estratégia da autarquia barreirense para o comércio local como motor essencial para a economia da cidade. As acções que serão desenvolvidas no âmbito deste programa visam, destaca a autarquia, “o fortalecimento e a revitalização deste sector”.
Soluções tecnológicas como a instalação de mupis e lockers, a criação de web e de uma app e ainda a dinamização de um E-Commerce (comércio electrónico) são alguns dos instrumentos tecnológicos que prometem mudar e modernizar a zona histórica do Barreiro, mais concretamente nas avenidas Alfredo da Silva e Miguel Bombarda e ruas adjacentes.
Com o programa apresentado a autarquia avança agora para os contactos com os comerciantes de 442 espaços, para que dentro de dois a três meses a maioria já esteja envolvida no projecto.
Frederico Rosa, presidente da Câmara Municipal do Barreiro, fala de uma estratégia que é muito mais ampla para voltar a trazer uma nova vida aos centros históricos.
“Trazer esta digitalização e uma modernização vai possibilitar, desde logo, aos comerciantes venderem ‘on-line’ e potenciar uma dinâmica onde qualquer pessoa que vá na rua consiga ter acesso com o seu telemóvel, por exemplo, a ruas onde exista a loja que tem o que procura”. Trata-se de “uma lógica de centro comercial a céu aberto”, sublinha.
Através da aplicação, as pessoas também podem “programar a sua vinda ao centro histórico sem se preocuparem com o problema que é estacionar nesta zona comercial porque sabem de antemão onde podem deixar a sua viatura”.
O autarca espera que a experiência de vir ao comércio local ganhe novamente força “e seja cada vez mais uma realidade”. Esta transição digital, frisa, “é importante para este sector”. “Os bairros digitais do Barreiro estão muito alicerçados nisso e, obviamente, na estratégia geral teremos uma série de intervenções e obras que vão dar um novo impulso ao centro, indo ao encontro do desejo das pessoas terem um centro histórico mais fácil de usufruir”.
Comerciantes acompanhados
Frederico Rosa está confiante na adesão dos comerciantes a este programa digital, mas está ao mesmo tempo consciente de que poderá haver alguma resistência da parte de alguns, especialmente dos mais velhos. “Os comerciantes mais antigos poderão oferecer alguma resistência, mas temos vindo a falar com essas pessoas. Uma das coisas obrigatórias neste programa é termos um gestor do bairro, a pessoa que faz essa ligação. Sabemos que esta é uma situação crítica, temos um misto onde há aquele receio de uma coisa nova, temos noção disso. Por isso quem quiser dar este passo nunca estará sozinho nem desacompanhado. A autarquia e o gestor do bairro vão estar sempre ao lado deste comércio tradicional, onde há pessoas que estão menos familiarizadas com as questões informáticas”.
Nádia Leitão, coordenadora do programa, não tem dúvida de que este projecto irá ter um grande impacto no comércio local. “Acreditamos que irá aumentar a procura do comércio local, torná-lo mais atractivo e mais ágeis as vendas”.
Para fazer com que as pessoas utilizem os meios digitais, a autarquia, irá promover uma literacia digital para que os comerciantes fiquem habilitados a movimentarem-se no digital. Nádia Leitão revelou ainda que, se este projecto correr bem, o município “avançará para a sua implementação em todo o concelho”.