2021 vai ter uma exposição e uma publicação que retracta o passado e perspectiva o futuro do território barreirense, além de música e teatro
A menos de dez meses do início das comemorações dos 500 anos da fundação do concelho, o município barreirense já se encontra a trabalhar na preparação de um conjunto vasto de eventos, em diversas áreas daquela autarquia, para assinalar a data que marcou a criação da Vila Nova do Barreiro, a 16 de Janeiro de 1521, por instituição da Carta de Foral do Rei D. Manuel I. Em declarações ao jornal O SETUBALENSE, Sara Ferreira, vereadora que tutela as divisões de Educação, Desporto e Associativismo e a de Cultura e Património Cultural, afirmou que 2021 vai marcar “uma data muito importante para nós”, pelo que “estamos a preparar uma série de iniciativas que vão ocorrer ao longo do próximo ano, que terão o seu ponto alto a 15 e 16 de Janeiro, para envolver todas as escolas e desta forma o maior número de munícipes possível”, revelou.
A responsável disse que “vamos trabalhar muito com a comunidade educativa, com os agentes culturais, movimento associativo e a própria Universidade da Terceira Idade, com várias iniciativas e em várias vertentes que possam envolver toda a população, mas ainda temos muito tempo pela frente e essa agenda ainda não está pronta para divulgação”, salientou. Sara Ferreira acrescenta que as comemorações não vão incluir apenas as festividades que ocorrem anualmente no município, mas “tudo aquilo que vai envolver esta data”.
“Temos uma equipa multidisciplinar com diversas unidades orgânicas da câmara municipal representadas, porque achamos que este tem de ser um trabalho interdisciplinar e feito em parceria, pelo que estamos a avançar nesse sentido para o concretizar”, disse. Apesar de não querer desvendar muito do que está previsto acontecer, a responsável adianta que “pretendemos ter uma grande exposição, música, teatro, diversos apontamentos culturais e a edição de um livro” numa óptica que seja diferente do habitual. “Queremos comemorar os 500 anos de uma forma que não seja a tradicional, dando simultaneamente uma perspectiva de futuro, sem esquecer o passado. Obviamente que 1521 foi uma data muito importante, mas o que queremos é retractar o período entre esse período até 2021, ou seja, assinalar momentos altos da história do Barreiro nestes primeiros quinhentos anos e a partir daí perspectivar o seu futuro”, explicou.
500 anos inspiram educação
Sara Ferreira destaca que “há iniciativas que estamos a preparar que só vão acontecer com o envolvimento das pessoas”. A efeméride, acrescenta, vai ter presença na Feira Pedagógica, nas Festas do Barreiro e “vai ser o tema do próximo projecto municipal educativo, precisamente para começarmos a trabalhar com as escolas deste Setembro, mas para além disso há uma série de iniciativas que vão decorrer ao longo de todo o ano e que vão assinalar esta data com diversos momentos”. No que toca a provas desportivas “estamos a envolver todos, pelo que a divisão de Educação, Desporto e Associativismo está devidamente representada, mas tudo será uma questão de opção”, destacou.
Quando arrancarem as comemorações e a propósito da recente aprovação do regulamento do Cartão Cultura, na última Assembleia Municipal do Barreiro, a vereadora esclareceu que esta será uma “mais-valia” para a divulgação de todas as iniciativas junto das pessoas que o possuam. “É uma grande ferramenta de comunicação e obviamente que as actividades culturais só são bem concretizadas se chegarmos às pessoas e se elas souberem que as mesmas existem”, sublinhou. “Após a aprovação do regulamento, o mesmo terá que ser publicado em Diário da República e só depois disso acontecer é que podemos prosseguir” dando continuidade a este processo. Em relação às comemorações que vão decorrer, a vereadora disse ainda que “estamos a planear fazer muitas actividades de rua, para chegarmos junto do maior número possível de pessoas, de uma forma mais abrangente e por todo o concelho”, concluiu.
Período áureo dos Descobrimentos recordado com foral em nome de rua
Refira-se que no decorrer da assembleia de 27 de Fevereiro, foi aprovada por unanimidade, uma recomendação sobre a data em que a povoação do Barreiro foi elevada à categoria de Vila. O documento refere que, naquela altura, “estava-se no período áureo da gesta dos Descobrimentos Portugueses”, tendo o cronista Álvaro Velho desempenhado um papel significativo neste âmbito.
A mesma recomendação lembra que “um concelho que não honra a sua história nem fomenta o respectivo estudo e conhecimento o mais completo e plurifacetado possível comporta-se indignamente e perde uma relevante parte de si”, numa zona do país que ficou marcada pela luta operária e a resistência antifascista, e que durante anos foi sinónimo de industrialização, nomeadamente através da indústria corticeira ou da CUF, mas também dos caminhos-de-ferro.
Decorridos 500 anos e pelo facto de a cidade ser também uma terra que se distinguiu por actividades como as pescas e a agricultura, pela sua ligação ao rio Tejo, à construção naval e aos Descobrimentos, aquela assembleia deliberou que é “nosso dever promover a celebração condigna e alargada” da data, “disseminando cultura e conhecimento da sua longa e rica história”. Entre as sugestões propostas está a promoção de iniciativas “no sentido da adequada inclusão do Foral Manuelino de 1521 na toponímia”, tanto do concelho como da cidade do Barreiro.