Socialistas dizem que respostas do SNS agravaram-se. E lembram problemas nas unidades hospitalares de Barreiro, Almada e Setúbal
Os presidentes das dez Câmaras Municipais socialistas da Área Metropolitana de Lisboa (AML) querem que o Governo reconsidere “toda a estratégia na política da saúde”, de forma a melhorar a resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos utentes.
A posição agora divulgada em comunicado, resulta de uma análise feita numa reunião entre os líderes dos municípios socialistas de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Loures, Moita, Montijo, Odivelas, Sintra e Vila Franca de Xira e os presidentes das federações do PS da área urbana de Lisboa e distrito de Setúbal, Carla Tavares e André Pinotes Batista, respectivamente.
No documento, rubricado pelos dois responsáveis federativos, os socialistas consideram que “nos últimos meses agravaram-se os problemas existentes no SNS” e que apareceram outros “novos”, dificultando “seriamente o acesso aos cuidados de saúde a todos os utentes”, em particular “nos 18 concelhos da AML, onde residem cerca de 3 milhões de habitantes (a mais povoada do País)”.
Entre os vários exemplos apontados, indicam “o encerramento da urgência de pediatria do Hospital Garcia de Orta [Almada] e o encerramento definitivo das urgências de obstetrícia na ULS Arco Ribeirinho, bem como o encerramento de vários serviços e/ou a sua concentração no Hospital de Nossa Senhora do Rosário, no Barreiro, e no Hospital São Bernardo [Setúbal]”.
Os socialistas sublinham a “falta de profissionais de saúde em muitos serviços de urgências”, o que tem levado “a várias perturbações em toda a rede do SNS” e a uma sobrecarga dos centros de saúde, face à falta de capacidade de resposta das unidades hospitalares.
“Acresce a tudo isto, a crise institucional em muitas ULS [Unidades Locais de Saúde], com demissões e afastamentos de administradores hospitalares e demissões de direcções clínicas, criando um quadro de instabilidade institucional e gestionário que não permite estabilizar políticas nem quadros dirigentes, bem como acentua atrasos no lançamento de concursos para novos centros de saúde e unidades hospitalares e para o reforço do quadro de profissionais de saúde”, lê-se no documento.
Os autarcas do PS consideram ainda que “a política do Governo tem prejudicado o direito ao acesso a cuidados de saúde por parte dos cidadãos na AML”. “É manifestamente evidente o objectivo de desvirtuar o SNS do seu espírito fundacional e de escancarar as suas portas à entrada de privados, sem que se conheçam os critérios e estudos de suporte às várias decisões da tutela”, criticam, ao mesmo tempo que lembram “o colapso do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), as demissões na direcção executiva do SNS, a política do telefone com portas fechadas, a falta de transparência na informação relativa à produção e assistência hospitalar e o distanciamento relativamente aos autarcas”. O que, concluem, “só pode significar o encobrimento da incompetência da ministra da Saúde e os falhanços de muitas das medidas anunciadas”, para vincarem de seguida que “existem dirigentes e autarcas do PSD” a referirem que a governante “deverá explicar ao País o que pretende fazer para reformar o SNS em oposição às medidas casuísticas e desesperadas de encerramento de serviços de saúde fundamentais para o bem-estar e dignidade das populações”.
A posição atribuída a membros do PSD foi utilizada por João Afonso, vereador social-democrata no Montijo, que pediu inclusivamente a demissão da ministra, em declarações a O SETUBALENSE.
Os socialistas fazem ainda notar que existem cerca de 800 mil inscritos em cuidados de saúde primários sem médico de família nos 18 concelhos da AML.