Associação ambientalista diz que novo porto tem impactes negativos “irreversíveis” e “não está suficientemente justificado”
A Associação Zero deu parecer desfavorável ao novo terminal de contentores no Barreiro, considerando que a infraestrutura “não está suficientemente justificada” e tem impactes negativos “irreversíveis”, foi anunciado esta quinta-feira
A Avaliação de Impacte Ambiental do Terminal de Contentores do Barreiro esteve em consulta pública, que terminou no dia 16 de Junho.
“A Zero considera que a infraestrutura proposta não está suficientemente justificada e enquadrada à escala regional e nacional e tem impactes negativos irreversíveis que causam incumprimentos da legislação nacional e europeia em determinados domínios e põem em causa objetivos de longo prazo do país”, refere a associação, em comunicado enviado à Lusa.
A associação ambiental, apesar de reconhecer a existência de aspetos positivos no projeto, elenca alguns elementos que considera “críticos”, como as dragagens e impactes no Estuário do Tejo, a paisagem e estrutura ecológica da região, a qualidade do ar e emissões de gases com efeitos de estufa e o ruído.
Como aspetos positivos, a Zero refere que o projeto representa uma oportunidade para a requalificação ambiental do espaço de Intervenção, com a descontaminação dos solos e a criação de infraestruturas de recolha de águas residuais, promovendo também o transporte de mercadorias por via ferroviária.
No entanto, a associação defende que não existe um pensamento estratégico portuário englobando os Portos de Lisboa e Setúbal, de modo a rentabilizar as infraestruturas existentes, e que não são exploradas oportunidades associadas ao projeto.
“Uma configuração alternativa para um terminal multiusos, em detrimento de apenas um terminal de contentores, cria a oportunidade de movimentação de carga de outras naturezas”, salienta.
A Zero mostra também preocupações com as dragagens que têm que ser efetuadas, com os impactes do terminal na paisagem e estrutura ecológica e com o ruído e a qualidade do ar, lembrando que o projeto “implica um aumento do tráfego rodoviário”.
“Tendo em conta todas estas questões, o projecto do Terminal do Barreiro, na sua presente reformulação, não serve o interesse público e das populações, devendo ser objecto de uma profunda reformulação, que inclua uma visão estratégica englobando as várias operações portuárias na região e que garanta uma efectiva requalificação de toda a zona envolvente, e proteja o ecossistema do Estuário do Tejo, um recurso valioso para as populações ribeirinhas”, concluiu.