19 Março 2024, Terça-feira
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‘Tesouros vivos’ do desporto nacional mostram território barreirense como viveiro de talentos

Carlos Bóia, José Augusto, Carlos Manuel, Diamantino, Sérgio Rocha e Miguel Minhava partilharam testemunhos sobre o passado e o presente 

“Aquilo que sempre distinguiu o Barreiro foi a sua capacidade de produzir talento. Esse é um traço característico de que hoje se dá aqui prova, através do testemunho destas grandes figuras do desporto, não só para a cidade, mas para todo o País”. A frase de Rui Braga, vice-presidente da Câmara Municipal do Barreiro, marcou a abertura de uma conversa com “os tesouros [vivos] do desporto do Barreiro”, realizada no último sábado na Gare Marítima de Alcântara.

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A iniciativa, promovida no âmbito da exposição “Os Tesouros dos Arquivos do Barreiro em Lisboa” que pode ser apreciada até final deste mês naquela gare marítima, juntou vários nomes que marcaram a história desportiva nacional.

José Augusto, Carlos Manuel e Diamantino, ex-futebolistas internacionais A, Miguel Minhava, ex-basquetebolista também internacional A, Carlos Bóia, antigo atleta olímpico que brilhou no remo e em várias modalidades e que defendeu o emblema da CUF, e Sérgio Rocha, mestre internacional de xadrez, apresentaram testemunhos sobre o passado e o presente com um denominador em comum, a ligação ao Barreiro, em conversa moderada pelo jornalista Ricardo Tavares.

Carlos Bóia remou num rio de memórias inesquecíveis para reforçar a introdução de Rui Braga. “Apesar da vida não ser fácil, o Barreiro gerou valores seguros em muitas modalidades, do futebol ao hóquei em patins, do basquetebol até à luta greco-romana e ao remo que eram as minhas especialidades”, lembrou, com a anuência do bicampeão europeu pelo Benfica, José Augusto, que realçou a excelência dos feitos desportivos alcançados e a inerente afirmação do nome de Portugal à escala global.

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Mas o Barreiro de então não se distinguia apenas como uma espécie de viveiro de talentos na área desportiva. Também se notabilizava pelo ADN industrial único que chegou a apresentar e pela bolsa de trabalho, conforme recordou Carlos Manuel, que foi operário nos Caminhos de Ferro.

“A ligação ao Barreiro não foi apenas através do desporto, mas também pelo mundo do trabalho”, vincou, antes de abrir o jogo que dominou com mestria e que, nos dias que correm, padece das mutações sofridas com o passar dos anos.

“O treino no futebol evoluiu muito, mas há pouco espaço para aquilo que é genuíno e natural nos jogadores de rua, que antes nasciam de geração espontânea. Daí que cada vez haja menos magia e menos jogadores como aqueles que apareciam e que deslumbravam todos os que assistiam aos seus jogos, como foi o caso de Chalana”, atirou, com a mesma pontaria com que “rasgava” as redes das balizas adversárias – que o diga Schumacher e o orgulho alemão, lembram-se? 

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O famoso grupo do Barreiro 

Diamantino, que o acompanhou no Benfica e na Selecção, assumiu a recarga ao disparo: “A robotização a que assistimos na criação do jogador de futebol torna-o menos interessante e espontâneo, uma vez que é muito limitado o espaço que os atletas têm para pôr em campo a sua criatividade.” E a seguir confidenciou: “Gostava de voltar a treinar em Moçambique, porque ali há muito para fazer e estamos em contacto com o talento puro e genuíno dos jogadores, aqueles que vêm do futebol de rua e jogam à bola por divertimento. Foi deste contexto que vieram todas as grandes figuras que hoje idolatramos.”

A dupla ficou também conhecida por integrar o famoso “grupo do Barreiro”, quer nas águias quer na Selecção. E a designação não deixou de ser lembrada. Até porque também fez história. Não só pela forma como nasceu – servia para identificar os jogadores benfiquistas da mesma área geográfica que se deslocavam para os treinos do clube da Luz na carrinha daquele que, para muitos, foi o melhor guardião de sempre do futebol português, Manuel Bento – como também pela capacidade reivindicativa que o grupo apresentavam na defesa dos seus direitos. Para alguns, uma heresia, na altura. Para outros, muitos outros, sobretudo a posteriori, um passo essencial para que o futebol luso pudesse ter chegado ao patamar que hoje chegou.

“Ainda hoje todos nós somos lembrados como fazendo parte do grupo do Barreiro”, admitiu Carlos Manuel, com Diamantino a aprofundar: “Mas isso não é um fardo”. “Sem dúvida, não é nenhum fardo, pelo contrário”, reforçou Carlos Manuel.

O Barreiro no desporto não se resume, porém, ao desporto-rei, conforme o comprovam os currículos de Sérgio Rocha e Miguel Minhava (ver caixa). Os testemunhos de verdadeiros “tesouros vivos” do desporto barreirense e nacional integraram-se na programação da exposição colectiva dos arquivos do Barreiro, agora patente ao público em Lisboa. A mostra chega ao fim no próximo dia 31 com a realização de um colóquio. 

Xadrez e basquetebol Sérgio Rocha e Minhava enaltecem pergaminhos 

O xadrez é outra das modalidades que comprova a capacidade barreirense no tabuleiro desportivo. Sérgio Rocha, mestre internacional, além do notável percurso na modalidade, quer no jogo quer na formação, justificou: “A grande vitória que conseguimos obter – e que traduz um traço distintivo da forma como as coisas são feitas no Barreiro – foi, a certa altura, termos conseguido tornar o xadrez como disciplina no currículo das escolas do concelho, facto que fez com que durante um ano o Barreiro fosse considerada a capital do xadrez em Portugal”. Também o basquetebol esteve em foco com a participação de Miguel Minhava, que representou vários clubes do Barreiro, distinguindo-se no Benfica e na Seleção Portuguesa. Foi o melhor jogador da liga de basquetebol em 2014. E sobre os pergaminhos do território barreirense mostrou-se tão assertivo como quando preparava um triplo triunfante, ao destacar a capacidade do Barreiro para gerar campeões em diversas modalidades. Porém, alertou, “muito há a fazer”. 

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