23 Abril 2024, Terça-feira
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Pesadelo das ligações fluviais continua e comissão de utentes promete protestos

“Estamos sempre no limite, no fio da navalha”, queixa-se a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro

 

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O pesadelo continua para os utentes dos transportes fluviais na margem sul do Tejo. Às perturbações sem conta nas ligações a Lisboa, de tão recorrentes que se tornaram nos últimos anos, junta-se agora mais uma: o serviço da Transtejo/Soflusa, que assegura a travessia entre o Barreiro e a capital, vai continuar a efectuar-se com limitações nos dias úteis até 28 deste mês.

Os constrangimentos nesta ligação já duram desde 4 de Janeiro último, face à colisão registada nesse dia entre o navio “Gil Vicente” e uma lancha da Polícia Marítima que realizava, segundo a Autoridade Marítima Nacional, uma missão de rotina no Mar da Palha. O regresso do serviço de ligação fluvial à normalidade estava previsto para o passado dia 10. A transportadora anunciou, porém, a dilatação do prazo até final do mês. E a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Barreiro promete voltar às acções de luta nos próximos dias.

“Estamos a delinear a execução de protestos regulares, à medida que os assuntos estão em cima da mesa. Não temos uma data agendada, estamos a reunir todos os elementos que temos para uma próxima acção de protesto. Ainda antes de 28 de Fevereiro”, avança Maria Filipe, representante da comissão de utentes, a O SETUBAENSE. “À partida iremos para a estação, distribuir comunicados e falar com as pessoas, como habitualmente fazemos. Mas ainda não decidimos o que iremos fazer, se uma tribuna pública ou se apenas um protesto com distribuição de comunicados”, junta.

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O desalento, na voz, é impossível de esconder. Os engulhos provocados pelos condicionamentos do serviço, com impacto directo na vida pessoal e profissional de centenas e mais centenas de passageiros, também atingem Maria Filipe e parecem não ter fim à vista. É desgastante. Sufocante, até.

“Isto é horrível. As coisas hoje podem até estar a correr bem, mas amanhã já correm mal. É recorrente haver problemas com o nosso transporte. Estamos sempre no limite, no fio da navalha”, desabafa, ao mesmo tempo que acentua o desânimo que lhe invade, como a tantos outros, a alma. “Quem anda nos transportes públicos sofre imenso. Costumo dizer que já tenho o doutoramento disto.”

Empresas já preterem trabalhadores da margem sul

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E os reflexos fazem-se sentir, desde logo no local de trabalho. Até porque, os constrangimentos fazem mossa “nos horários de maior afluência, pela manhã”, quando se está refém dessas carreiras para se entrar a tempo ao serviço.

“Os utentes da margem sul – quer da Transtejo quer, especialmente, do Barreiro – são preteridos nos locais de trabalho [na outra margem]. Os empregadores pensam, e é verdade, que estes trabalhadores vão ter dificuldades em chegar a horas ao local de trabalho”, afirma. A solução, para quem continua a optar ou não pode deixar de recorrer ao transporte fluvial, aponta, é começar o dia bem mais cedo. “O que acontece é que as pessoas abdicam de tempo da sua vida privada para chegarem a horas e não terem problemas no local de trabalho.”

A angústia, contudo, não termina aí. “No regresso também se registam problemas, apesar de ser mais stressante a ida para Lisboa. Mas acredito que [o regresso] também seja muito stressante para quem tem filhos pequenos”, faz notar.

De momento, admite, o serviço da transportadora fluvial está “razoável”. Mas existe uma explicação para isso. Uma medida implementada em 1 de Janeiro passado pela Transtejo/Soflusa, que até então, e não obstante as supressões verificadas ao longo dos tempos, nunca havia sido adoptada. “Dotaram os barcos de mais bancos, mais cem lugares, e neste momento a lotação é de 700 pessoas. Se não fizessem esse aumento, com esta falha de agora já estaria a haver imensos problemas, porque seriam menos cem pessoas em cada barco a acumularem-se para as carreiras seguintes”, garante Maria Filipe.

A solução encontrada merece-lhe, no entanto, uma observação. “Os barcos andam mesmo à pinha, como nunca vi. O que é estranho, já que a administração tem dito sempre à comissão de utentes que os barcos não podiam exceder aquele número de pessoas e muitas ficavam então no cais, por uma questão de segurança. Até ao ano passado ficavam inúmeras pessoas a reclamar por não poderem embarcar [face à lotação de então]”, conclui.

Soflusa Dezoito carreiras suprimidas até dia 28

A Transtejo/Soflusa justifica a supressão de nove carreiras entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, Lisboa, e de outras tantas no sentido inverso, durante os dias úteis, até 28 de Fevereiro, com a limitação da frota, fruto do abalroamento sofrido pelo navio “Gil Vicente”.

De acordo com o aviso publicado na página da empresa na Internet, foram suprimidas na travessia Barreiro-Terreiro do Paço as seguintes carreiras: 7h15; 8h05; 8h55; 14h55; 16h20; 17h10; 18h00; 18h50; e 19h50. Já a ligação inversa, Terreiro do Paço-Barreiro, não conta com carreiras nos seguintes horários: 7h40; 8h30; 9h20; 15h20; 16h45; 17h35; 18h25; 19h15 e 20h15.

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