29 Junho 2024, Sábado

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‘Moeda do futuro’ chega à região

‘Moeda do futuro’ chega à região

‘Moeda do futuro’ chega à região

Cláudia Russo e Bruno Lavos adoptaram em 2020 o pagamento de serviços através de criptomoedas

Este activo digital é aceite, pelo menos, num espaço da região como forma de pagamento de serviços

 

O investimento em criptomoedas é cada vez mais recorrente e, no Distrito de Setúbal, a moeda digital já marca presença. O SETUBALENSE foi à procura, na região, deste sinal dos “novos tempos”. E encontrou um espaço, no Barreiro, que olha sem desconfiança para aquilo que alguns consideram como moeda do futuro.

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Dadas as valorizações ao longo dos últimos anos, já existem ‘sites’ que tornam possível o mapeamento de negócios que aceitam activos digitais com forma de transacção. ‘CoinMap.org’, um dos exemplos, identifica oito espaços na região setubalense que utilizam este recurso como meio de pagamento.

Contudo, a informação não está actualizada, uma vez que sete desses estabelecimentos já não se encontram activos ou deixaram de aceitar a transferência de moedas digitais. Subsiste um: a agência terapêutica Qualia, no Barreiro, onde o casal de terapeutas Cláudia Russo e Bruno Lavos implementou, em 2020, o pagamento de serviços através de criptomoedas.

Mas, mais do que querer inovar, para Bruno Lavos, terapeuta expressivo, tudo se resume a “criar novas relações entre as pessoas e o mundo” e foi a pensar num futuro inclusivo e igualitário que as moedas digitais passaram a fazer parte da lista de métodos de pagamento aceites pela Qualia.

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“Pelo sistema do dinheiro há pessoas que são muito ricas e outras que não têm nada”, comenta Bruno Lavos. “Percebemos isso quando alguém nos pede ajuda, mas não tem meio de pagar as sessões, então quisemos encontrar uma forma de melhorar a vida das pessoas que não tinham rendimentos”.

Após um ano a receber um rendimento extra com o investimento em criptomoedas, o casal quis partilhar o que sabia, organizando sessões de esclarecimento junto dos pacientes.

“Ainda não recebemos nenhum pagamento com moedas digitais”, confirma Cláudia Russo. “Mas muitas das pessoas já têm uma carteira digital e chegaram mesmo a tirar o dinheiro do banco por sentirem que está mais seguro guardado na ‘Blockchain’”.

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Tecnologia aliada a valores humanitários

Em relação ao acto de pagamento, o terapeuta explica que “é mais simples do que se pensa”. Instalada a aplicação da carteira digital, o valor em euros a pagar pelo utilizador é automaticamente convertido em criptomoedas e, através do ‘QR Code’ gerado no dispositivo da Qualia, o paciente só tem de apontar o telemóvel para que o valor seja transferido.

Recebida a quantia, Cláudia e Bruno têm a opção de ficar com as criptomoedas na sua carteira digital ou converter para euros, mas parte do valor já tem um destino assegurado: uma conta electrónica para a filha de dois anos que terá um futuro “muito mais digital”.

“É como uma conta poupança, mas em criptomoedas”, afirma a psicoterapeuta. “A diferença é que o dinheiro não sofre cortes por parte de instituições. Está ali como o deixámos”.

Das 10 700 criptomoedas existentes, não é em vão que a Qualia aceite somente uma em específico. ‘Cardano ADA’, uma das maiores moedas digitais do mundo em valor de mercado, está associada a projectos de melhoria da qualidade de vida da população na África Subsariana através da inovação tecnológica no continente.

“Cada criptomoeda tem uma função associada e os valores da ‘Cardano’ contrariam a filosofia degradante do dinheiro. É verdade que a Bitcoin é a moeda mais corrente e talvez seja por isso que ainda não temos transferências, mas aqui na agência só podemos aceitar algo que vá ao encontro do que acreditamos”, conta o investidor.

Embora entenda o receio em investir em algo “que ainda é novidade”, Bruno Lavos ambiciona um futuro transparente e justo que acredita ser apenas atingível longe do sistema financeiro actual. “Corrupção, fraudes, burlas, isso não existe no mundo das criptomoedas. É tudo o mais transparente e imparcial que existe”, conclui.

Moedas digitais O que são e como funcionam

O que para muitos não passa de uma dor de cabeça, para outros já se tornou na forma preferencial de pagamento. Apesar de, à semelhança das moedas tradicionais, poderem ser utilizadas em transacções comerciais, as características das criptomoedas diferenciam-nas de qualquer outra moeda.

Além de serem exclusivamente virtuais, as moedas digitais são descentralizadas, o que significa que não estão dependentes de uma entidade reguladora para verificar e aprovar as transacções.

Neste sentido, o custo de transacção é zero, pois ao não existir um intermediário a interferir, não são aplicadas taxas às criptomoedas. A transparência é uma das características mais apreciadas pelos utilizadores de moedas virtuais, uma vez que a tecnologia ‘Blockchain’ utilizada permite consultar os registos das transacções efectuadas a qualquer hora, em qualquer parte do mundo.

Apesar da adesão cada vez mais recorrente, o investimento em criptomoedas ainda tem uma percentagem de risco associada, sendo que a oscilação do preço destes activos digitais está dependente da própria economia por trás da moeda, o que a torna num investimento especulativo.

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