A candidatura de Luís Palma à presidência da Câmara de Almada deverá ser apresentada formalmente durante Março. É assumida pela CDU como a mais forte para reconquistar a gestão do município
Presidente da Junta da União das Freguesias de Laranjeiro e Feijó, desde 2013, única do concelho de Almada onde a CDU é a força política mais votada, Luís Filipe Almeida Palma, 46 anos, professor, licenciado em Ensino Básico do 1.ºciclo, é o candidato da Coligação Democrática Unitária (CDU) à presidência da Câmara Municipal de Almada, nas eleições autárquicas deste ano.
Convicto de que o seu desempenho como presidente do executivo da freguesia lhe vai trazer votos, fala de uma gestão política da câmara feita a ouvir as populações, trabalhadores e movimento associativo.
Sobre a gestão do PS, liderado por Inês de Medeiros, afirma que não investe em equipamentos e que se demite de algumas responsabilidades como é o caso da habitação.
No contexto do Arco Ribeirinho Sul, considera que Almada tem de tomar um papel de centralidade.
O que o fez aceitar a decisão da CDU de o candidatar à presidência da Câmara Municipal de Almada?
Nas eleições autárquicas há sempre uma boa parte individual e os nossos eleitores vão muito pelas pessoas, embora nós tenhamos sempre uma perspectiva colectiva – o nosso projecto é colectivo. Os resultados eleitorais são o que são, de facto a CDU perdeu nas últimas duas eleições autárquicas [2017 e 2021], mas não perdemos com uma expressão significativa do ponto de vista eleitoral. Podemos fazer a leitura sobre termos perdidos nas freguesias do concelho, mas ganhámos na União de Freguesias de Laranjeiro e Feijó. Esta é uma avaliação que deve ser feita.
Daí que, quando o meu partido me convidou, aceitei com enorme sentido de responsabilidade este desafio que assumimos como uma tarefa e vamos ganhar estas eleições.
Actualmente, é o único presidente de junta de freguesia (União Laranjeiro / Feijó) eleito pela CDU no município de Almada. Isso faz de si o homem forte do PCP no concelho?
Não diria que seja o homem forte do PCP no concelho, até porque o partido tem militantes muito capazes que têm dado provas disso a nível local e também do ponto de vista nacional. Temos deputados na Assembleia da República que são muito considerados e respeitados.
Tenho em Almada algum destaque pelo papel na gestão autárquica. Naturalmente reconheço que sou um candidato forte, mas mais uma vez afirmo que a mais-valia da CDU é o seu projecto autárquico de referência há muitos anos: é um trabalho colectivo dos seus militantes e também do contacto natural com os trabalhadores e com as populações.
Contudo, tem conseguido, pessoalmente, desenvolver um trabalho que mantém a União de Freguesias que preside na gestão CDU.
Há que reconhecer que o trabalho liderado por mim, onde sou apenas o rosto mais visível de uma equipa de três eleitos que ao longo de três mandatos, tem sido reconhecido pelas populações. Isso também faz de nós autarcas com mais responsabilidade porque as pessoas têm uma forma de comparar e verificar onde há diferenças. Não é por acaso que nos temos mantido na gestão da Junta da União de Freguesias de Laranjeiro e Feijó.
Deixe-me insistir nesta questão. Até às autárquicas de 2017, o PCP era a força política mais forte no concelho. Como explica a derrota do partido nesse ano e depois em 2021, sempre para o PS com Inês de Medeiros à cabeça?
Almada tem sofrido transformações do ponto de vista social, e isso tem a sua influência. O quadro nacional levou também a que essas alterações surgissem. Têm vindo novas pessoas para o concelho de Almada, as quais não são oriundas deste território e não conhecem o percurso da gestão da autarquia. São pessoas que assumem diferentes papéis no desenvolvimento e na evolução do conselho. Portanto, tudo isso teve a sua influência, mas creio que este é um momento diferente em que as pessoas também já perceberam o trabalho que é feito e quem o pode desenvolver de outra forma.
Maria das Dores Meira, cabeça de lista da CDU em Almada nas autárquicas de 2021, não só perdeu para a socialista Inês de Medeiros, como veio a sair da vereação e desfiliar-se do PCP em 2024. Considera que isso poderá influenciar negativamente o resultado da CDU no concelho nas autárquicas deste ano?
Creio que não. Maria das Dores Meira fez um trabalho excepcional enquanto autarca, essa avaliação é reconhecida. Tomou uma decisão pessoal, que nós respeitamos.
Qual vai ser o seu slogan de campanha?
Ainda não temos propriamente um slogan. A minha candidatura tem diferentes fases, é um processo de construção que, a seu tempo, será anunciado. Nós estaremos sempre disponíveis para ouvir as populações, ter um contacto permanente e ouvir muito os trabalhadores, nem sabemos trabalhar de outra maneira. É com esta bússola que vamos para o terreno.
Quando vai ser apresentada publicamente a sua candidatura?
Ainda não temos data, admitimos que possa ser no decorrer do mês de Março. Está dependente da conciliação de agendas.
Como vai ser a campanha da CDU?
Vai ser muito igual àquilo que é o nosso dia-a-dia desde 2013 em que sou presidente das freguesias do Laranjeiro e Feijó. Estarmos na rua contactarmos com as populações, ouvirmos os trabalhadores e reunirmos com as instituições, esse vai ser o nosso trabalho.
Temos uma ampla visão do que tem de ser a estratégia de desenvolvimento do concelho de Almada. Vai ser uma campanha de estar todos os dias na rua. Nos últimos quatro anos, do ponto de vista municipal estivemos em contacto permanente com as onze freguesias do concelho.
Que críticas faz à actual gestão socialista no território de Almada?
Nestes oito anos de gestão socialista Almada tem perdido oportunidades. Há problemas gravíssimos ao nível da requalificação do espaço público naquilo que é a manutenção desse espaço ao nível da higiene e salubridade, temos trabalhadores da autarquia que perdem cada vez mais direitos, temos insatisfação nas populações em várias questões nomeadamente na habitação onde há problemas em que a Câmara Municipal se tem demitido da sua responsabilidade que, embora não seja total, uma parte é municipal.
Também, como se sabe, há falta de investimento em equipamentos culturais e desportivos, falta requalificação das escolas, em oito anos de mandato do Partido Socialista não foi construído um único equipamento público grande. Portanto, nós olhamos para Almada como um concelho que com a gestão CDU estava numa onda de progresso e desenvolvimento dos mais elevados do País e hoje, mesmo ao nível de aproveitamento dos Fundos Comunitários tem uma taxa de execução muito baixa.
Caso ganhe a presidência da Câmara de Almada, quais são as primeiras medidas políticas que tenciona tomar, por exemplo ao nível da habitação e mobilidade?
Passam precisamente pela habitação na medida do que é possível resolver contactando com as instituições de esfera nacional que têm responsabilidade neste sector, e refiro-me ao Governo, também qualificar o espaço público de forma estruturante. E, naturalmente, actuar nas áreas consideradas fundamentais como são a saúde, a educação, a acção social, formação desportiva e a ligação com o movimento associativo; todas elas fazem parte da identidade da CDU e do concelho de Almada.
Ao nível da mobilidade, o que tem de ser feito?
Defendemos como fundamental o transporte público nas suas diferentes dimensões. No caso do Metro Sul do Tejo, defendemos não só a extensão à Costa da Caparica e Trafaria como também a outros concelhos vizinhos. Defendemos toda uma lógica para a região de Setúbal, caso da península que tem um potencial enorme onde Almada tem um papel fundamental, diria mesmo uma expressão central na placa giratória de mobilidade com todos os outros concelhos da região, e com Lisboa. O que Almada pode receber de investimento tem de ter esta lógica das suas acessibilidades. O desenvolvimento social e económico passa também pelo emprego. Temos de fixar as pessoas e resolver problemas de mobilidade.
Que centralidade o concelho de Almada pode, e deve ter, no contexto do Arco Ribeirinho Sul?
No projecto do Arco Ribeirinho Sul Almada tem de ter uma grande ligação com todos os outros concelhos. Estando Almada virada para a capital do País, temos de ter uma visão de ligação com várias áreas incluídas nesse projecto, temos universidades, temos de criar mais polos tecnológicos, temos de ter uma boa rede de transportes públicos, temos de olhar para o rio Tejo através da grande potencialidade de resposta a vários níveis em termos de futuro. O concelho de Almada não pode estar oito anos sem investimento, é preciso fazer diferente.
Luís Palma defende fim das uniões de freguesias
Para o presidente da Junta da União das Freguesias de Laranjeiro e Feijó, Luís Palma, a criação das uniões de freguesias foi um erro, pelo que a sua extinção viria potenciar a gestão autárquica.
“Nunca concordámos com as uniões de freguesias, portanto, se as freguesias forem devolvidas àquilo que eram, naturalmente que nós estamos de acordo”, afirma o autarca a O SETUBALENSE.
Lembra que a Junta da União de Freguesias do Laranjeiro e Feijó foi a única no concelho de Almada a apresentar um processo para desagregação, e lamenta que o mesmo tenha sido chumbado pelo Partido Socialista em se
de de Assembleia de Freguesia.
“Temos uma lei que foi imposta por um governo PSD/CDS e acabou por ser o PS a dizer não podíamos levar o processo para a frente”, sublinha.