Em altura da comemoração dos 50 anos de Abril, o programa terá um tipo de letra inspirado no estêncil da época da Revolução
Com mais de 50 espectáculos de teatro, música e dança a programação para 2024 do Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB) vai estar em paralelo com as comemorações dos 50 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, e começou logo com a exposição, já patente na galeria do teatro, “A Censura ao Teatro”.
Além da exposição, está em fase de pré-produção a peça “A Sorte que Tivemos!”, com estreia marcada para Abril. Novidade para este ano é a criação de um tipo de letra (fonte) denominada “Salgueiro Maia”, inspirada no estêncil usado na altura da revolução e que estará presente em todos os materiais de divulgação das actividades do TMJB.
O programa para 2024 contempla quatro criações da Companhia de Teatro de Almada (CTA), 11 produções acolhidas, 14 espectáculos para a infância, quatro exposições e, à semelhança do ano anterior, uma programação de música e dança que inclui espectáculos do festival Transborda além de concertos do Festival de Música dos Capuchos.
A estrear em Março, a peça “O Futuro Já Era”, encenada por Peter Kleinert a partir de um texto de Sibylle Berg, com momentos musicais criados por Chullage, artista criado no Monte de Caparica, é um dos destaques anunciados por Rodrigo Francisco, encenador e director artístico do TMJB, que deu maior enfoque às criações da CTA.
“A Sorte que Tivemos!”, um espectáculo sobre a revolução de Abril, é uma peça baseada em textos livres de cinco autores – António Cabrita, Jacinto Lucas Pires, Luísa Costa Gomes, Patrícia Portela e Rui Cardoso Martins -, com música de Martim Sousa Tavares e encenação de Teresa Gafeira.
Anunciado também na passada semana, foi que o programa do próximo Festival de Almada vai incluir a peça “Além da Dor”. Estreada em Março de 2022, esta fala sobre o trabalho precário de mulheres da limpeza sem direitos. O texto é de Alexander Zeldin e a encenação de Rodrigo Francisco.
A última das quatro criações da CTA, com texto de Rodrigo Francisco, estreia em Novembro e denomina-se “A Bunda Preta da Chuvinha”. É uma peça a partir de “Ma Rainey’s Black Bottom”, de August Wilson, que conta a história de Chuvinha, uma cantora cujo estilo musical se
situa entre o afro-beat e o hip-hop.
Para o público mais jovem, destaque para “Tudo Tem Um Começo”, com texto e encenação de Teresa Gafeira. É uma peça que coloca algumas perguntas às crianças e se relaciona com uma das novidades para este ano – sessões de Filosofia para crianças, organizadas por Paula Barroso – onde no final das peças infantis coloca questões sobre as mesmas. Quinzenalmente vão acontecer ateliers também dedicados a esta faixa etária, oferecendo assim uma programação muito completa durante todo o ano.
A presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, que esteve na apresentação da programação, realçou o papel indissociável do teatro, o qual “será sempre, a voz da liberdade”, mais ainda numa altura em que vemos “um mundo estranho, com uma nova ordem mundial que não sabemos bem o que é, mas sabemos que não a queremos”. E mais uma vez reforçou a importância das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril.