A Conferência LITTORAL22 pretende apresentar estratégia para as comunidades que vivem junto ao mar serem mais sustentáveis
Especialistas na área dos oceanos e zonas costeiras de 27 países estão reunidos até esta sexta-feira na Costa da Caparica, para debater os problemas e os desafios das comunidades que vivem junto ao mar.
A Conferência LITTORAL22 é uma organização conjunta da NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA, do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, da Câmara Municipal de Almada e da associação Coastal Union (EUCC), uma plataforma de partilha de boas práticas entre os Estados-membros da União Europeia em matéria de gestão costeira e marinha.
Segundo José Carlos Ferreira, investigador e professor da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa que preside ao evento, a conferência pretende apresentar soluções a serem trabalhadas com as comunidades, facilitando a transferência de conhecimento.
O objectivo, adiantou, é que o congresso apresente um conjunto de prioridades para uma estratégia que permita às comunidades que vivem junto ao mar, como é o caso da Costa da Caparica, serem mais sustentáveis e mais resilientes.
Referiu ainda José Carlos Ferreira, que a partir do momento em que os decisores, autarquias, escolas, empresários, residentes e visitantes são envolvidos no processo de transferência de conhecimento, a comunidade fica mais capacitada.
A escolha do local para a realização da conferencia, explicou, também não foi um acaso. Esta é a segunda vez que o evento, que já vai na 16ª edição, se realiza em Portugal: a primeira foi em Cascais e agora na Costa da Caparica.
Na verdade, adiantou o investigador, toda a zona entre Cova do Vapor e a Fonte da Telha, na frente atlântica de Almada, é a que mais preocupa em todo o País.
“Temos alguns problemas na região Centro, alguns no Algarve, sobretudo nas rias, e depois temos a Costa da Caparica que é uma cidade que está numa zona costeira, arenosa e abaixo do nível do mar”, frisou.
Se o objectivo for manter a Costa da Caparica no local onde está, adiantou, então é preciso proteger e intervir face às ameaças das alterações climáticas e do aumento do nível da água.
“Temos que nos inquietar muito em todo o País”, disse, referindo ainda que Portugal está actualmente a passar por uma fase mais calma na zona costeira tendo em conta que desde 2014 que não ocorre uma verdadeira tempestade.
José Carlos Ferreira alertou, contudo, para a necessidade de um planeamento à escala nacional e um trabalho de prevenção, considerando que nesta matéria o País tem tido uma postura mais reactiva do que preventiva.
“A gestão do litoral é reactiva. Temos planos de ordenamento da orla costeira e planos directores municipais, temos instrumentos ao dispor para gerir, mas tem de se planear a próxima grande tempestade”, salientou.
Até sexta-feira cerca de 150 especialistas debaterão temas como a literacia, educação e governança; planeamento, ordenamento e gestão; vulnerabilidade, riscos, protecção civil e alterações climáticas; ecossistemas e biodiversidade, serviços de ecossistema, infra-estruturas verdes e soluções com base na natureza e ecologia marinha e costeira.
GC / Lusa