O vereador Nuno Matias perdeu os pelouros depois da rejeição do Orçamento na Assembleia Municipal, mas o social-democrata não ficou zangado
Chumbado na Assembleia Municipal de Almada de 20 de Dezembro, a proposta de Orçamento Municipal 2025, no valor de 182,3 milhões de euros, pode ter nova vida. Rejeitado com os votos contra do PSD, CDU, Bloco de Esquerda, CDS e Chega, o documento apenas recebeu votos a favor dos deputados municipais do PS. A surpresa foi o voto contra do PSD, por decisão da concelhia, isto quando o partido tem partilhado, desde 2017, a governação da câmara com a maioria socialista, liderada por Inês de Medeiros.
Na passada segunda-feira, em reunião de câmara, a presidente Inês de Medeiros confirmou que o executivo socialista enviou um ofício a todas as forças políticas eleitas na Câmara e Assembleia Municipal para “uma segunda ronda de conversações sobre o Orçamento 2025, para ver se conseguimos a aprovação”. Isto também tendo em conta que a proposta orçamental foi aprovada em sede reunião de câmara, precisamente com o voto favorável do PSD, através do vereador social-democrata Nuno Matias.
A preocupação da socialista Inês de Medeiros é dar continuidade aos projectos no âmbito do PRR inscritos ou a decorrer, o que assume ser difícil através de uma adaptação de cabimentos do Orçamento 2024 para 2025.
O certo é que o voto contra do PSD na Assembleia Municipal irritou os socialistas e, na passada semana, Inês de Medeiros decidiu proceder à avocação das competências, dos poderes e dos pelouros anteriormente delegados ao vereador eleito pelo PSD, Nuno Matias, a partir de 3 de Fevereiro.
Uma decisão que Nuno Matias diz compreender depois da decisão do seu partido na Assembleia Municipal. “Era uma situação possível de acontecer”, diz, frisando: “Não fui eu que coloquei em causa o acordo de governabilidade na Câmara de Almada”.
A questão agora é saber se o PSD vai continuar a viabilizar as propostas, levadas a reunião de câmara, pela maioria socialista, o que acontece desde o acordo estabelecido em 2017. “Até a presidente quebrar o acordo de governabilidade, antes de chegarem a reunião de câmara, as propostas eram discutidas para chegarmos a um acordo, agora a situação é diferente. Poderei votar contra se não estiver de acordo”, avança Nuno Matias.
Contudo, o vereador social-democrata garante que nunca irá votar contra por retaliação partidária. “Como sempre, vou continuar a assumir a vereação com a responsabilidade de defender o melhor para a população de Almada. O balanço do meu trabalho enquanto vereador com pelouros fala por mim. Avancei com vários projectos, mostrei capacidade de obra e sempre fiz o melhor pela população e bem-estar dos trabalhadores da autarquia”.
Quanto ao PSD ter rejeitado o Orçamento Municipal 2025, diz compreender a decisão política, mas reforça a decisão ter votado a favor na reunião de câmara que discutiu o documento. “Não poderia votar contra o Orçamento 2025, este é fundamental para a execução do PRR”. Além disso, vinca que não vai compactuar com “alibis que ponham em causa a execução por parte do município dos projectos PRR”. E reforça, “também por isso votei a favor do Orçamento 2025. Com um Orçamento condicionado fica complicado os investimentos PRR”.