“Disponibilizámos colchões, cobertores, frigoríficos e uma refeição quente para todos”, referiu Fernando Pinto
Mais de metade dos 249 imigrantes identificados, na quarta-feira, numa acção de combate ao tráfico humano e captura ilegal de bivalves no Tejo, estão alojados temporariamente nos Bombeiros Voluntários do Montijo e no pavilhão gimnodesportivo do Samouco, em Alcochete.
A informação foi revelada à agência Lusa pelos presidentes das Câmaras Municipais de Alcochete e do Montijo, Fernando Pinto e Nuno Canta, ambos do PS.
“Nós temos mais de 80 imigrantes que foram detectados pelas autoridades policiais e que foram acolhidos, temporariamente, num centro de acolhimento temporário, diria mesmo muito temporário, no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo”, no distrito de Setúbal, disse Nuno Canta.
Segundo o autarca montijense, os bombeiros contribuem com o espaço e a Câmara Municipal contribui com as camas e com os hospitais de campanha de que dispõe, assim como com as refeições.
Nuno Canta salientou também que o pavilhão dos Bombeiros Voluntários do Montijo “não tem as condições adequadas para que os imigrantes ali permaneçam por muito tempo”.
“Estamos a aguardar pela intervenção da Segurança Social para que encontrem soluções para as pessoas que estão temporariamente alojadas no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo”, acrescentou o autarca.
No pavilhão gimnodesportivo do Samouco estão actualmente 54 imigrantes.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Alcochete, no distrito de Setúbal, explicou que a autarquia desconhecia a operação e que foram confrontados depois com a necessidade de encontrar rapidamente soluções de acolhimento, tendo sido possível disponibilizar um espaço para receber 104 pessoas.
Contudo, apenas 84 escolheram pernoitar nesse espaço e hoje já só estão 54 (homens e mulheres).
“Disponibilizámos colchões, cobertores, frigoríficos e uma refeição quente para todos”, disse o autarca, elogiando os seus serviços pela capacidade de entrega na resposta de emergência.
A situação, adiantou Fernando Pinto, está a ser acompanhada pelo Departamento de Ação Social da Câmara Municipal juntamente com o Serviço Municipal de Protecção Civil e a Segurança Social, tendo ainda estado no local um representante da embaixada da Tailândia.
“As pessoas estão a ser tratadas com dignidade dentro do que é possível fazer por parte do município”, disse, adiantando que, segundo a Segurança Social, deverão ser encontradas soluções de alojamento dentro de cinco a oito dias.
A Polícia Marítima realizou na quarta-feira uma mega-operação de combate a redes criminosas associadas à captura ilícita, comércio e tráfico internacional de bivalves na zona do Samouco, no concelho de Alcochete.
Nessa operação, foram detidos três homens de nacionalidade portuguesa e um vietnamita e foram identificados 249 imigrantes, que foram retirados para alojamento temporário, indicou aquela força policial.
A Polícia Marítima constituiu ainda 10 arguidos, dos quais quatro são pessoas colectivas.
No âmbito da mega-operação, foram apreendidos mais de 500 comprimidos de metanfetaminas, 15 viaturas e sete motores fora-de-bordo, um empilhador, duas armas brancas, provas documentais, equipamentos de escolha e acondicionamento de bivalves e 71 mil euros.
A Polícia Marítima contou com a colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP), do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do Serviço de Informação e Segurança (SIS), da Autoridade Tributária, da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e congéneres europeias, e da Europol.
Na operação, onde está incluída ainda a exploração laboral humana, estiveram empenhados no terreno 161 agentes da Polícia Marítima, acompanhados por 22 inspectores do SEF, inspectores da Autoridade Tributária e cerca de uma centena de operacionais da PSP, referiu a Autoridade Marítima.