Organização acusa Gouveia e Melo de mentir e de “falta de palavra de honra”. Almirante não gostou que participantes tivessem de pagar
O almirante Gouveia e Melo cancelou a presença num jantar-tertúlia em Alcochete, marcado para esta sexta-feira, e no qual iria discursar. O ex-Chefe do Estado-Maior da Armada não gostou de que o jantar tivesse já 80 inscritos e, sobretudo, que cada pessoa tivesse de pagar uma entrada. A organização do evento, feita pelo movimento “Pensar em Alcochete”, considerou que a atitude “demonstra a falta de palavra de honra e de compromisso” de quem “não está preparado para combater”, e desmente as declarações do almirante.
Zeferino Boal, ex-autarca do CDS em Alcochete e responsável pelo evento, anunciou nas redes sociais que foi a 48 horas do jantar que recebeu uma “informação inqualificável e vinda sem respeitar por quem se envolve em actos de cidadania”.
Na mesma publicação, a organização clarifica que o almirante Gouveia e Melo cancelou a sua presença no jantar desta sexta-feira através do Conselheiro Nacional do PSD, André Pardal, demonstrando “falta de respeito por todos”, acrescentando que “a atitude e comportamento” do almirante demonstra “a falta de palavra de honra e de compromisso, indigno de ocupar funções de Estado”.
Zeferino Boal não se encurta nas críticas e realça que tem “vergonha” pela atitude de “uma pessoa sem carácter e honra, que é useiro nestes actos”, e que “não é digno do respeito de ninguém”.
O debate deste jantar-tertúlia, no restaurante O Arrastão, era dedicado ao tema “Vírus Anti-Democrático”.
Gouveia e Melo não quis ser “usado para vender bilhetes”
Em declarações ao Correio da Manhã, o almirante Gouveia e Melo assegurou que cancelou a presença neste jantar porque “o convite foi para uma pequena tertúlia privada e, de repente, já estava transformada num grande evento com 80 pessoas a pagarem por um jantar”.
Contrariando as primeiras palavras de Zeferino Boal, Gouveia e Melo afirma que comunicou a “não presença” com “sete dias de antecedência e não dois”, devido a não se “sentir confortável” com o alterar das condições combinadas, considerando que o seu nome “não é para andar a vender bilhetes”. O almirante também não gostou que o evento tivesse “assegurada” uma reportagem da RTP.
Organização acusa almirante de mentir
Já na manhã desta quinta-feira, após as declarações do almirante, Zeferino Boal explicou que Gouveia e Melo foi convidado para um jantar “que tem uma história de sete anos”, sendo que “foi explicada a natureza do evento”, para o qual já tinha sido convidado em Dezembro de 2021, e já nessa altura também cancelou, dessa feita quinze dias antes, porque ia tomar posse.
O organizador reforça que desta vez o movimento “Pensar em Alcochete” foi informado a 48 horas do jantar, realçando que neste evento as pessoas “pagam o jantar e não um bilhete para assistir a um espectáculo de circo”.
Recordando os vários nomes que já participaram nesta iniciativa, como Américo Aguiar, Paulo Portas e Pedro Passos Coelho, o organizador salienta que nunca nenhum orador cancelou, considerando que “não é uma personalidade que vai estragar os propósitos de cidadania livre”, nem se “deslumbra” ou fica “assustado” com o “flash mediático” e remata afirmando que “quem não está preparado para combater que fique eternamente submerso”.