O presidente da câmara realçou que o caminho de um País moderno, de progresso e livre, nunca está concluído
“Carrego no cargo que exerço os meus sonhos para Alcochete, e também os sonhos de todos os alcochetanos para uma terra que nos une, que amamos e que é motivo de orgulho”, afirmava o presidente da Câmara Municipal, Fernando Pinto, no seu discurso comemorativo do dia 25 de Abril. Na mesma cerimónia, vincava que os autarcas “carregam a confiança que foi depositada pelos eleitores”.
Ao mesmo tempo, destacou o Poder Local democrático como uma conquista de Abril, um poder que “está próximo” da população e que “conhece as suas gentes, que trabalha para o bem comum e para que a vida dos cidadãos, seja mais digna e melhor” e ainda, que “trabalha para deixar um legado de prosperidade económica, social e ambiental nos territórios”.
A partir do Forum Cultural de Alcochete, o presidente da câmara, na sessão promovida pela Assembleia Municipal, exaltou os valores da democracia e da liberdade, os quais continuam a ser comemorados ao longo dos 49 anos passados sobre a Revolução dos Cravos, a 25 de Abril de 1974.
“Uma data que será sempre inesquecível para os portugueses”, referiu ao mesmo tempo que relembrava o acto de “coragem e audácia” que os capitães de Abril “ousaram concretizar” cumprindo os “desejos de um povo que, muitas vezes, em surdina ou talvez num silêncio cada vez mais ruidoso, há muito registava uma ânsia crescente de desenvolvimento, de democracia e de liberdade”, disse.
Fernando Pinto destacou ainda a liberdade de expressão e de opinião como uma conquista de Abril e vincou que “foi o 25 de Abril que permitiu, a todos, poderem falar abertamente, sem reservas, sem ter de olhar por cima do ombro e desconfiar até dos familiares, amigos ou vizinhos e que permite estar-se aqui hoje [dia 25] a fazer intervenções e falar abertamente de ideias e convicções”.
Destacou ainda que “o caminho de um País moderno, de progresso e livre, nunca está concluído, mas só pode ser traçado sob as linhas inegociáveis da liberdade, da democracia e da igualdade”.
A guerra que a Rússia levou à Ucrânia não foi esquecida pelo edil, frisando que esta “coloca em causa aspectos inabaláveis no contexto do direito internacional, como a soberania de um estado ou o direito à autonomia de um povo”.
Na mesma sessão, o presidente da Assembleia Municipal de Alcochete, Mário Catalão Boieiro, também salientou que “nunca é demais agradecer aos capitães de Abril e ao povo que a 25 de Abril de 1974 trouxeram a liberdade e a democracia”. Logo a seguir centrou o discurso nos problemas da actualidade, condenando, tal como Fernando Pinto, a guerra na Ucrânia. “Mais de 1,5 milhões de refugiados saíram deste país para os países vizinhos em apenas dez dias, sendo esta a crise de refugiados de mais rápido crescimento na Europa desde a II Guerra Mundial”.
Mário Boieiro alertou ainda para a situação política que se vive no momento presente: “Quer em Portugal e pelo resto do mundo, assistimos ao ressurgimento e afirmação dos discursos populistas, racistas e xenófobos que, na democracia, encontram espaço para se afirmarem como alternativa ao poder”, disse, defendendo o investimento na educação dos jovens para serem “além de bons profissionais, elementos críticos e interventivos socialmente”.
O autarca criticou também o estado da justiça em Portugal, “que não trata todos de forma igual, que não é justa e que se mostra aos olhos dos cidadãos como parcial” e apelou a uma mudança na atuação dos partidos políticos.
A sessão solene contou ainda com a participação dos representantes dos partidos com assento na assembleia: João Espiga (PS), Ana Luísa Lourenço (CDU), Jorge Sinquenique (CDS/PP), José Martins (PSD) e Cecília Martins (Chega) e de Rui Pereira, em representação da sociedade civil.