Luvas que tocam, notas que vibram
“Eu hoje dou valor e vi que eram alguns dos melhores momentos da minha vida”. Emanuel Alexandre Sousa, recorda assim a sua passagem pela Escola Superior de Educação simultaneamente com a conclusão do conservatório regional de Setúbal, acredita que, “tinha tempo para tudo” mesmo que isso exigisse dedicação em dobro. O professor destaca o ambiente escolar como um espaço que veio ampliar a sua visão e que o ajudou a desenvolver uma abordagem mais ligada ao ensino musical, “percebi que muitas coisas faziam mais sentido anos depois, do que na época em que as vivi”. Um dos momentos mais memoráveis para Sousa foi a sua participação num teatro musical, retrata a experiência como um marco pela grandeza do evento, “se por um lado, tornava-lhes certas amizades mais fortes também separou muita gente”. Menciona alguns desafios como tensões entre colegas, mostrando que o ambiente académico era tão competitivo quanto colaborativo. As amizades que Emanuel Sousa formou dentro daquelas quatro paredes continuam a ser um dos pontos fulcrais na sua trajetória “o meu melhor amigo foi feito na ESE”. Com os anos de experiência como professor, lamenta a falta de foco e interação social entre os jovens de hoje em dia e culpa a era digital e a pandemia. No entanto, vê a tecnologia como uma faca de dois gumes, enquanto facilita a aprendizagem também prejudica a socialização e o desenvolvimento social. Sousa encoraja os atuais e futuros alunos a valorizarem cada oportunidade incluindo o programa de Erasmus “ter aproveitado o Erasmus não me interessou e acho que era uma experiência que deveria ter feito, tudo é cíclico mesmo as partes desafiadoras do curso acabam por se tornar lições valiosas”. Surpreendentemente, o diplomado encontrou um elo entre as suas duas paixões: o kickboxing e música, usa técnicas pedagógicas aprendidas na música para ensinar artes marciais, como as aulas “em espelho” onde facilita a aprendizagem aos alunos destros “o facto de ser professor e ter passado pela ESE deu-me ferramentas”. A música está também presente nas aulas de kickboxing “Eu cheguei a fazer várias músicas para bater ao ritmo da música”. “A aprendizagem é constante” é das maiores lições que Emanuel Alexandre leva consigo até aos dias de hoje, é um dos exemplos de como a educação, as artes marciais e a paixão podem entrelaçar-se para moldar uma carreira cheia de aprendizagens e experiências. A passagem pela ESE não foi apenas um capítulo na sua formação, mas sim um alicerce para as suas conquistas e para a pessoa que se tornou. Hoje olha para trás e afirma: “sim valeu acho que mesmo as coisas más da nossa vida valem sempre a pena, nem que seja uma lição de vida”.