Fundada há 525 anos pelo rei D. João II, prepara-se para crescer e mudar de instalações pela primeira vez
Fundada pelo rei D. João II em 1495 e na altura denominada de Confraria Do Espírito Santo Pescadores e Mareantes da Vila de Sesimbra, a actual Associação de Socorros Mútuos Marítima e Terrestre da Vila de Sesimbra é a associação mais antiga do concelho sesimbrense. Com mais de cinco séculos de vida, a instituição encontrou a sua sustentabilidade e prepara-se para crescer e mudar de instalações pela primeira vez desde a sua génese.
“A grande preocupação à época era tratar do corpo e da alma. Havia um hospital no rés-do-chão da Capela do Espírito Santo e o primeiro andar era o local onde se fazia o culto. Uns séculos depois a associação começou a perder a sua influência e, quando surge a Santa Casa, perdeu algumas competências que hoje não tem, também ao abrigo do novo código das associações mutualistas”, conta Guilherme Rasteiro, presidente da direção. A antiga confraria viu o seu compromisso alterado em 1858, passando à categoria de associação mutualista, e a mudança de nome deu-se com a alteração dos estatutos no final do século XIX.
“Hoje estamos nos tempos modernos e o nosso trabalho limita-se ao apoio a outras instituições. Promovemos também passeios culturais, confraternizações, encontros e pequenas conferências e vamos arrecadando as nossas receitas, que provêm dos imóveis e das quotas, para apoiar outras IPSS”, explicou.
Durante uma grande parte da sua história, a Associação de Socorros Mútuos tratou os trabalhadores do mar que caraterizam a vila. “O Hospital do Espírito Santo, na capela, foi um dos primeiros no país e foi uma coisa inovadora à época. Conseguiram que as classes que trabalhavam no mar pudessem ter apoio hospitalar, desde que fossem confrades”, recordou. Atualmente, tanto a capela como a farmácia que pertencem à instituição estão alugadas à autarquia e a um privado, respetivamente, o que permite uma sustentabilidade que possibilita o apoio financeiro à Santa Casa, Bombeiros Voluntários, Grupo Vicentino da Paróquia de Santiago e à Cercizimbra.
Em 525 anos, houve vários períodos conturbados em que a continuidade foi posta em causa. “Quando a capela deixou de receber o culto e entrou numa fase de degradação, estivemos para desaparecer. Entretanto a Câmara Municipal alugou esse espaço, tal como já tinha sido alugada a farmácia a uma família”, contou Guilherme Rasteiro, revelando que uma doação recente veio permitir sonhar mais alto: “Recebemos de uma sócia benemérita, a dona Luísa Emília Reis Neves, um imóvel em testamento que acabou por tornar possível um conjunto de objetivos. Vai proporcionar-nos uma sede no rés-de-chão. Como muitos dos nossos associados são pessoas com mais de 60 anos de idade, há dificuldade em subir escadas e este novo espaço vai permitir que estejamos mais próximos da população”, revelou, esclarecendo que o objetivo “não passa por montar serviços”, embora no futuro possam nascer novas valências, desde que estas ainda não existam na vila.
Quanto ao trabalho em prol da associação, o presidente destacou o empenho das várias direções que passaram pelos corpos sociais. “Como se dizia no nosso início, temos uma parte corporal e outra espiritual. Quando aqui andamos, estamos menos na parte monetária e mais na parte de apoio aos que nos rodeia. É isso que tem norteado as direções que têm passado aqui nestes anos. As pessoas que estiveram aqui, estiveram ao serviço da associação sem objetivos pessoais e financeiros. Se assim não fosse, dificilmente continuaríamos no ativo”, garantiu.
B.I
Nome: Associação de Socorros Mútuos Marítima e Terrestre da Vila de Sesimbra
Data de fundação: 1495
Número de sócios: 185
Atividades principais: Apoio a IPSS locais, dinamização de passeios culturais e outras atividades de lazer