“Pazôa” mantém tradição da música filarmónica aos 140 anos de idade

“Pazôa” mantém tradição da música filarmónica aos 140 anos de idade

“Pazôa” mantém tradição da música filarmónica aos 140 anos de idade

|A equipa da "Pazôa" recebida pelo executivo municipal no Salão Nobre dos Paços do Concelho

Para Manuel Rocha, presidente da instituição importa acima de tudo “devolver às pessoas a história e a vivência da colectividade”

 

Por iniciativa de um grupo de alcacerenses nascia, a 26 de Outubro de 1879, a Sociedade Progresso Alcacerense, criada, ao que se sabe, devido à recusa em cima da hora da Filarmónica do Visconde, actual Sociedade Filarmónica Amizade Visconde de Alcácer, em participar na procissão do Senhor dos Passos, que viria a ser adiada para uma semana mais tarde com a participação da Banda do Regimento de Infantaria 11.
O então presidente António de Campos Valdez, adversário político do Visconde de Alcácer, protestou perante tal acontecimento e prometeu que no ano seguinte não seria necessário vir uma banda de fora para a procissão. Assim se cumpriu a promessa com a criação da nova colectividade. Ainda se chamou Real Filarmónica Progresso Alcacerense, título dado por D. Carlos, até obter a sua actual designação, em homenagem ao padre Francisco de Matos Galamba, um dos seus fundadores e dinamizador da cultura em Alcácer.

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“O grande historial desta colectividade assenta acima de tudo na tradição da música filarmónica em Alcácer do Sal, com mais de um século e que importa preservar. São gerações que foram chegando a esta casa e foram progredindo. Há elementos que já tiveram cá pais e avós. Passou de geração em geração”, começa por dizer Manuel Rocha, o presidente da Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba, também conhecida como “Pazôa”. “Acabamos por ser, como costumamos dizer, uma segunda família”, continua.

Em 2019, depois de três décadas como maestro da banda da “Pazôa”, João Neves sentiu ser a sua “hora para deixar a batuta” e aposentou-se. Seguiu-se Hugo Morais, o actual maestro, “músico da casa. Foi criado aqui, nasceu em Alcácer do Sal e todo o percurso musical e de formação superior que tem foi feita ao longo do crescimento dele nesta casa e depois no conservatório”. A banda conta com cerca de 40 músicos residentes que, entre concertos, encontros de bandas, procissões e outros eventos têm corrido o país e também já chegaram além-fronteiras.

A escola de música tem, neste momento, cerca de 20 crianças a começar o seu caminho de formação musical. “Os professores, de solfejo, metais e percussão, são também músicos da casa, que cresceram aqui. Temos tido sucesso e os nossos alunos são depois integrados na banda à medida que vão evoluindo”, explica.

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Para além da música, a colectividade tem mantido actividades recreativas e culturais, como teatro, sevilhanas e ballet. “Sempre que fazemos uma peça de teatro, independentemente dos dias que esteja em cena, temos sempre casa cheia. Há sempre uma relação muito positiva com aquilo que é feito aqui”, conta. Para além disso, também as actividades desportivas começaram recentemente a ganhar espaço.

Nos planos para o futuro constam as obras de requalificação do edifício do Teatro Pedro Nunes, onde a colectividade se encontra instalada, com o objectivo de estarem prontas em Outubro, altura em que a “Pazôa” completa o seu 141º aniversário de actividade ininterrupta.

Retomar os concertos, trazer de novo o teatro a palco e voltar a ter vida dentro do seu espaço são os principais objectivos para o pós-Covid. Em suma o que a associação pretende é “reactivar o movimento e a energia, muito positiva, que lhes são característicos, e devolver às pessoas o que é a história e a vivência da colectividade”.

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Candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade

Em 2018, a Câmara de Alcácer do Sal decidiu avançar com a candidatura das Bandas Filarmónicas Civis à lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Tendo em conta o papel agregador deste tipo de organizações, o presidente da autarquia alcacerense, Vítor Proença, justificou na altura a sua aposta por “num país com 308 concelhos” existirem “cerca de 700 bandas filarmónicas, quase o dobro do número de municípios. Não há nenhum município que não tenha a sua filarmónica”.

B.I.
Nome: Sociedade Filarmónica Progresso Matos Galamba
Também conhecida por: Pazôa
Localidade: Alcácer do Sal
Data de fundação: 26 de Outubro de 1879 – 141 anos em Outubro deste ano
Principais actividades: Banda Filarmónica, Escola de Música, actividades recreativas, culturais e desportivas

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