Instituição com cinco séculos tem hoje nova filosofia, com profissionalização
As origens da Santa Casa da Misericórdia de Palmela surgem de uma ermida (do Espírito Santo), que dois palmelenses, Diogo Martins e Rodrigo Afonso Reimão, fundaram como albergaria decorria o ano de 1471.
Criando nela uma confraria de caridade, esta continuou até 1529, quando os confrades, à falta de uma Misericórdia na vila de Palmela, decidiram criá-la na referida ermida. Esta constituição, segundo a própria entidade palmelense, aconteceu a 5 de Março de 1529.
A Saúde sempre foi a bandeira da Santa Casa da Misericórdia de Palmela, visto que, inclusivamente, desde que foi fundada, geria o Hospital da Vila até este ser nacionalizado.
De entre as várias alíneas do “Compromisso da Irmandade da Santa da Misericórdia de Palmela”, a que refere “desenvolver actividades de intervenção social” tem várias linhas dedicadas à saúde.
“Promoção da saúde, prevenção da doença e prestação de cuidados na perspectiva curativa, de reabilitação e reintegração, designadamente através da criação, exploração e manutenção de hospitais, unidades de cuidados continuados e paliativos, serviços de diagnóstico e terapêutica, cuidados primários de saúde e tratamentos de doenças do foro mental ou psiquiátrico e demências, bem como aquisição e fornecimento de medicamentos e assistência medicamentosa”, lê-se.
Nos tempos que correm a Santa Casa da Misericórdia de Palmela tem três grandes valências. O Lar de S. Pedro, o Centro de Dia, em Aires, e o Centro de Medicina Física e de Reabilitação. E, pelo trabalho efectuado pela comunidade ao longo de vários séculos, a instituição recebeu em 2005 a Medalha de Honra do Concelho de Palmela, mais alta condecoração do município.
Nova filosofia e o sonho quase, quase a ser revelado
Em declarações a O SETUBALENSE, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Palmela, Maria João Marques de Oliveira, não pôde esquecer os tempos de pandemia que se vivem, destacando o “esforço feito por toda a gente, incluindo funcionários”. “Não tivemos um infectado. Foi preciso uma grande força de vontade para defendermos a instituição. Estivemos em confinamento 40 dias”, explicou.
E numa casa que tanta atenção dá à saúde, não é de estranhar que Maria João Marques de Oliveira destaque que, em 2020, a imagem das misericórdias já não é antiquada, mas sim actual, também devido à profissionalização dos serviços e dos colaboradores.
“Temos muita gente que vem do exterior. E a qualidade e personalização do serviço prestado é importante. Já há uma outra filosofia, que requer trabalho e o mudar das prioridades, dos caminhos a seguir. Mas, actualmente, acho que estamos bem, com mais vontade, empenhados na mudança, com dedicação à pessoa e com foco”, frisa.
E este foco e atenção, explica, está muito virado para o idoso, “o bem-estar do idoso, a atenção, os cuidados”. “Tudo isto é prioridade… e a profissionalização do pessoal, claro. Temos cada vez mais profissionais e uma formação constante”, disse.
Em relação ao futuro, e enquanto destacou o início dos trabalhos na Igreja da Misericórdia e no Lar de S. Pedro, mais concretamente no “começo das alterações a alguns equipamentos como quartos e casas de banho”, a provedora da Santa Casa da Misericórdia de Palmela admitiu que existe um “sonho que já está a ser trabalhado e será conhecido muito em breve”.