Banda Democrática 2 de Janeiro: “A colectividade tem um património valioso e um peso histórico para o Montijo”

Banda Democrática 2 de Janeiro: “A colectividade tem um património valioso e um peso histórico para o Montijo”

Banda Democrática 2 de Janeiro: “A colectividade tem um património valioso e um peso histórico para o Montijo”

A Banda sob a regência do maestro Homero Ribeiro Apolinário|A Banda sob a regência do maestro Amadeu de Moura Stoffel|Actual presidente da associação

Com 106 anos de história, associação sobrevive por acompanhar “as necessidades demonstradas pela população do concelho”

 

 

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Corria o ano de 1912 quando uma comissão de republicanos na vila de Aldeia Galega do Ribatejo, hoje cidade do Montijo, tomou a decisão de organizar o Centro Republicano Democrático e aderir ao Partido Republicano Democrático, partido este que viria a ganhar as eleições municipais em Novembro do ano seguinte. Para comemorar esta vitória foi organizada uma cerimónia, na qual foi pedido à Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro para actuar. A resposta acabou por ser negativa pois a colectividade “era ligada à monarquia”. Descontentes, muitos dos seus músicos acabaram por se demitir e, em conjunto com “músicos da Academia Musical União e Trabalho”, formaram oficialmente no dia 2 de Janeiro de 1914 a Banda Democrática de Aldegalega, posteriormente apelidada de Banda Democrática 2 de Janeiro. No início, a banda contava com “vinte e sete elementos, sem instrumental próprio nem fardamento”, actuando na Praça 1.º de Maio, local onde foi construído em 1915 o primeiro coreto para o propósito, substituído em 1919, e em 1923, e transferido anos mais tarde para a Praça Gomes Freire de Andrade, local onde foi demolido devido “à construção do Mercado Municipal”.

Ao fim de quase uma década, a extinção do Centro Republicano Democrático de Aldegalega, “devido a uma penhora de bens”, deu à banda o impulso que necessitava “para que de mera banda se viesse a transformar numa associação, apropriando-se dos bens e da sede do Centro Democrático”. Neste mesmo ano “iniciava um novo percurso, que a afastou de uma prática política radical e a conduziu à construção de uma imagem de colectividade”, mas, para o presidente da associação, António Ramos, esta sempre manteve “um percurso marcado na política”.

Com o passar dos anos foi expandindo a sua oferta, “consoante as necessidades demonstradas pela população do concelho”, continuando a apostar sempre “na acção social e no apoio à comunidade”. Em 1970, a filarmónica acabou por se extinguir, mas para António Ramos “as suas raízes continuam bem vincadas”. “Actualmente não apostamos em ter banda filarmónica por ser demasiado caro, mas nunca prescindimos da música. Mantemos um grupo de jovens com música moderna e vamos, quando surge a oportunidade, formando músicos na orquestra juvenil”. Para além da música, a associação sempre se demonstrou muito ligada ao teatro, tendo formado ao longo dos anos diversos grupos. Também na cultura organiza actualmente sessões de poesia, leitura e exposições. “Dinamizamos, ainda, aulas karaté, basquetebol e dança”, revela António Ramos.

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Para o presidente, “compete ao associativismo adaptar-se aos novos tempos. Hoje há um leque de escolhas perante uma comunidade maior. Tentam-se criar causas que mobilizem as pessoas e que faça sentido a existência da colectividade”. Com cerca de 800 associados, “as pessoas continuam ligadas à associação mais por amor e pelo coração do que por necessidade pois é no associativismo que se juntam, conversam e trocam ideias”. “A banda democrática faz parte da sociedade montijense. Este é um espaço que ainda lhes faz muita falta”. Para o futuro, prevê conseguir colmatar “as necessidades que a juventude do concelho demonstra ter”, com “a criação de um atelier de cultura e de artes e a organização de uma feira do livro”. “Queremos também continuar a desenvolver as actividades de enriquecimento curricular que mantemos com a autarquia, projecto que tem tido resultados de aprovação na ordem dos 90% em todos os critérios. Por este projecto já fazia sentido a banda existir”.

Colectividade ultrapassa fases conturbadas com sucesso

Com 106 anos de história, a Banda Democrática 2 de Janeiro passou por duas fases que quase levaram ao seu encerramento, ambas superadas com sucesso. A primeira surge em 1926, com “a transferência do coreto para a Praça Gomes Freire de Andrade”, com a justificação de que o espaço onde se encontrava, na Praça 1º de Maio, ser “tão pequeno e acanhado”, gastando no processo todas “as suas finanças”. A situação veio a agravar-se devido “à conjuntura política e económica determinada por um novo regime político”. Assim, “a associação passou a conviver, nas décadas de 30 e 40, com a palavra crise”, aceitando-se nas duas décadas seguintes “que o seu comportamento ambíguo foi a tábua que permitiu a sua sobrevivência”.

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Por sua vez, mais recentemente, “a banda esteve quase para encerrar devido à última grande crise que avassalou Portugal”, apenas não o fazendo “com muita paciência e alguma ajuda”. “Poderia ter fechado portas, mas esta colectividade tem um património valioso e um peso histórico para o Montijo”, revela António Ramos, acrescentando que a associação que preside, em conjunto com as mais antigas do concelho, “lideram as movimentações do concelho com grande sucesso devido ao grande espírito de cooperação e união que mantêm entre si”.

B.I.
Nome: Banda Democrática 2 de Janeiro
Também conhecido por: Banda Democrática de Aldegalega
Localidade: Montijo
Data de Fundação: 2 de Janeiro de 1914
Principais actividades: Ensino de Música Moderna, Orquestra Juvenil, Actividades Desportivas e Culturais
Actual presidente: António Ramos

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