28 Junho 2024, Sexta-feira

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Jornalismo imparcial e escrutinado para combater redes sociais

Jornalismo imparcial e escrutinado para combater redes sociais

Jornalismo imparcial e escrutinado para combater redes sociais

As redes sociais, muitas vezes pelo sensacionalismo da informação que transmitem, ameaçam sobrepor-se aos meios de comunicação social, mesmo que em suporte digital sejam. Trata-se um combate sobre credibilidade e profissionalismo

O meio de comunicação com base em papel “nunca vai desaparecer”, esta é a opinião de Paula Santos, Directora Adjunta do Jornal Expresso, perante a ameaça das redes sociais. Mas para isso os profissionais de comunicação estão obrigados a um jornalismo “escrutinado, imparcial e que não reaja a interesses e ódios”, este é o caminho apontado por Manuel Acácio, da TSF.

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Os dois jornalistas que começaram as suas carreiras em meios de comunicação social de Setúbal, participaram ontem no III Encontro dos Profissionais de Comunicação, organizado por O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO e Câmara Municipal de Setúbal.

A diferença entre jornalismo puro e duro e a informação que circula nas redes socais esteve no centro de vários painéis deste encontro. Na primeira linha está a diferença entre a notícias que de facto é notícia, descortinada e verificada com fontes, e a informação que simplesmente é colocada nas redes sociais.

“Hoje estamos mais informados porque temos acesso a mais notícias através das redes sociais, mas isso também obriga a um melhor jornalismo”, comenta Paula Santos. O outro lado da moeda é termos um “jornalismo menos prestigiado que não passou pelos filtros profissionais”.

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Outro risco a que os meios de comunicação social estão expostos perante as redes digitais, é a correria para ser o primeiro a dar a notícia, isto atrás de um protagonismo que pode conduzir a informação mal verificada, e à susceptibilidade de erro. Para a jornalista do Expresso, a forma de resistir a esta correria é “não perder a lucidez, e ao mesmo tempo não perder o ritmo de trabalho com critério e rigor”.

O que está em causa é o combate às fake news nas redes sociais produzidas com a intenção de servirem interesses vários, ou mesmo pelo erro não intencional de um profissional de comunicação. Sobre este aspecto, Manuel Acácio chamou à atenção para a actual composição de algumas redacções.

“Temos assistido a jornalista com experiência, que por cansaço ou outras razões, saem das redacções deixando-as muitas vezes entregues a estagiários”. O resultado é que passamos a ter redacções “mais baratas, mas que perderam qualidade de trabalho”.

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Para Manuel Acácio não há dúvida que o jornalismo só sobrevive se os jornalistas continuarem a agir como jornalistas, e quando usam os meios digitais como ferramentas, é preciso terem consciência que as redes sociais facilmente ajudam a caminhar para a desinformação. Ao mesmo tempo, citava o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que referiu que “a crise na comunicação social começa a atingir a democracia”.

Quando 80% dos portugueses vão à internet para usarem as redes sociais, e na União Europeia isto acontece com 65% das pessoas, Manuel Acácio alerta para o facto das redes já estarem a ser usadas para manipular e ganhar eleições. “Conhecem os gostos de cada utilizador, e somos nós próprios, sem nos apercebemos, que os facultamos”. E com isto, o que está a acontecer é “estarmos a construir muros em vez de pontes”; pois “deixamos de olhar e ver em nosso redor”.

Ambos os jornalistas estão de acordo que não se pode ignorar as redes sociais nem os seus conteúdos, e uma vez que não será fácil regulamentar as redes sociais, a ´segurança´ da notícia tem de ser dada pela imparcialidade dos jornalistas. “Temos de perceber e verificar as fontes e ter cautela”, acima de tudo, “rigor”, diz Paula Santos.

Neste III Encontro dos Profissionais de Comunicação, onde secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva, apesar de não ter estado presente enviou uma mensagem a afirmar a oportunidade destes debates, participaram também profissionais da comunicação empresarial e do poder autárquico.

Maria Mimoso, do Estúdio e de Comunicação explanou como comunicar com eficácia com os meios de comunicação tradicionais e as redes sociais, na sua opinião é necessário fazer recuso a uma comunicação 360.º para que a comunicação de uma empresa chegue a todo o lado.

Catarina Vasconcelos, directora geral da LPM Comunicação, falou sobre o trabalho das agências de comunicação. Na sua opinião, a transmissão da mensagem é mais humanizada nos meios de comunicação tradicionais do que nas redes sociais. E no caso da imprensa regional, esta é “influenciadora porque chega às pessoas certas”.

Para Fernanda Bonifácio, directora de Comunicação da EDP Distribuição, a vantagem da empresa usar directamente as redes sociais é passar a mensagem “validada”, estava a referir-se a falhas sobre termos técnicos cometidos por alguns meios de comunicação.

“As redes sociais são hoje em dia mais um canal que as empresas têm à sua disposição para comunicar e que deve ser usado em função do conteúdo e do público alvo”.

A isto acrescentou que a EDP Distribuição “não possui ainda qualquer rede social específica, mas  estamos a avaliar essa possibilidade”.

O fecho do encontro coube a Isabel Vilhena que explicitou a vantagem de veicular as mensagens autárquicas tanto pelos meios de comunicação social como pelas redes sociais, dependendo dos públicos a que se pretende chegar.

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