“Comparando a Península de Setúbal com outros territórios aqui está-se a ganhar talento”

“Comparando a Península de Setúbal com outros territórios aqui está-se a ganhar talento”

“Comparando a Península de Setúbal com outros territórios aqui está-se a ganhar talento”

António Ramalho diz que existe um optimismo regional em relação às capacidades da Península de Setúbal para se reorganizar em torno de projectos com dimensão

Em entrevista exclusiva a O SETUBALENSE, António Ramalho, CEO do Novo Banco traça oportunidades de futuro para o território entre o Tejo e o Sado

 

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O CEO do Novo Banco vê na Península de Setúbal um grande potencial para se afirma no tecido económico nacional, mas também diz que este território merece melhor atenção em matéria de Fundos Comunitários. Ou seja, entende que é de considerar uma estratégia diferenciadora à medida. Esta foi uma das conclusões que saiu da conferência de ontem, organizada pelo Novo Banco em Setúbal.

Qual a principal observação que retira da conferência “Portugal que Faz”, em Setúbal, depois ter ouvido as participações dos vários agentes locais?

Esta foi a 11.º conferência que o Novo Banco fez, por todo o País, com base no princípio de que a crise [provocada pela pandemia] sendo generalizada a todo o mundo, tem consequências assimétricas por regiões, por empresas e por sectores. Por isso, considerámos que a melhor maneira de fazermos o nosso ajustamento para a saída da crise é ouvir as pessoas, perceber e compreender.

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Deste encontro ficaram três ideias: A primeira é que mesmo havendo dificuldades não devemos ser negativos em relação às perspectivas para este ano, sobretudo no segundo semestre. E, para isso, é sempre melhor ouvir os empresários.

Um segundo aspecto é que há mais dificuldades nos pequenos negócios de serviços do que nas empresas médias e grandes de produto; estas têm gerido as suas cadeias de fornecimento adequadamente e mantém a sua capacidade alargada de distribuição.

Em relação aos pequenos negócios existe uma democratização da crise e vai ser mais difícil de gerir. Sobretudo nos sectores dos serviços, como o ligado ao turismo – restauração e cultura –, que apresentam maior debilidade do que seria de esperar.

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Em terceiro lugar, percebe-se que existe um optimismo regional em relação às capacidades da Península de Setúbal para se reorganizar em torno de projectos com dimensão, caso da Innovation District promovida pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, em Almada. Mas também foi observada a proximidade em relação à exportação que leva à clusterização de várias áreas, não só das que já existem, como a pasta de papel e o sector automóvel, mas também de outros sectores como o farmacêutico e as características do que vai ser a zona da Baía do Tejo.

Existe aqui uma vantagem competitiva sobre o conceito de área metropolitana, de que se pode beneficiar.

E sobre as perspectivas da chamada ‘bazuca’ europeia?

Foi uma quarta característica que surgiu nesta conferência, mas não ainda uma conclusão porque temos de a resolver.  Consiste em melhorar o plano da ‘bazuca’ europeia no sentido de ter maior proximidade com as empresas, e também na capacidade de o executar. Por enquanto é uma incógnita; não estamos habituados a executar tão depressa um plano de implementação com estas características, o que vai obrigar a novos desafios.

Nesta conferência o Novo Banco apresentou uma radiografia da Região Setúbal. Quais os sectores que apresentam maior capacidade para galvanizar o desenvolvimento do território?

Ficou claro que os sectores que têm alavanca de cluster em cima de grandes empresas saem beneficiados, nomeadamente o sector automóvel e o da pasta de papel. Também foi referenciado o sector do turismo, sobretudo pela largura de banda de proximidade da faixa marítima da Península de Setúbal que tem sido muito subaproveitada, desde a Costa de Caparica até Setúbal. É necessário trazer para esse turismo os nômades digitais e turismo residencial; no fundo pessoas que possam viver aqui e que permitam exportar talentos e conhecimentos, como foi sugerido na intervenção da Faculdade de Ciências e Tecnologia. Há também sectores laterias que podem beneficiar.

Comparando a Península de Setúbal com todo os outros espaços territoriais que já visitámos, aqui está-se a ganhar talento e pessoas qualificadas, isso é diferenciador em relação ao resto do País que perdeu quase 10% da população nos últimos dez anos. Como diz o nosso economista chefe: “a base de todo o desenvolvimento são as pessoas”, e na península há essa base, portanto, tem um potencial muito interessante.

Entre os nove concelhos da Península de Setúbal, em qual vê maior potencial?

Têm todos características diferentes. Temos o caso de Almada que é a zona do talento e do conhecimento; sabemos também que 29% do valor bruto nacional no sector automóvel está em Palmela; sabemos ainda que 18% do sector da pasta de papel está em Setúbal assim como o concelho tem no seu porto uma grande importância na logística e rapidez de exportação.

Há uma distribuição equitativa dentro da península com os seus muitos sectores de actividade de base industrial; o seu peso de produto industrial é de 85% enquanto a média do País é de cerca de 27%. Mas o essencial é que não perde residentes.

Pode-se dizer que para os concelhos da região o melhor é trabalharem em conjunto e aproveitarem o que cada um tem de melhor?

É. Todos os que estiveram nesta conferência foram muito claros sobre a Área Metropolitana de Lisboa ser um conceito que tem valor; tanto a margem sul como a norte. Mas também é verdade que a margem sul precisa de investimento público adicional que permita trazer mais coesão territorial. Isto de, em termos do Fundos Comunitários, todos os concelhos serem considerados Área Metropolitana de Lisboa é um inconveniente.

Considera uma NUTS III estratégica e diferenciada para a Península de Setúbal?

Tudo o que podermos usar para benefício da coesão territorial tem de ser feito, isto de forma inteligente e cumprindo todas as regras. É essencial manter a zona sul na área metropolitana, mas com mais acesso a Fundos Comunitários.

Qual a importância da Região de Setúbal para a actividade do Novo Banco?

É relevante. O Novo Banco tem características diferentes dos outros bancos portugueses, somos o que tem mais empresas enquanto os outros estão mais focados em particulares. Do activo do Novo Banco 60% são empresas, isto representa que temos grande atenção a zonas muito fortes em estrutura industrial e empresarial como é a Península de Setúbal. Temos aqui uma quota de mercado superior a 10%, trabalhamos consistentemente com os stakeholders desta região.

 

Novo Banco mediu o pulso da Região de Setúbal e pensou caminhos para o pós-pandemia

O Novo Banco está a desenvolver um ciclo de conferência transversal à várias regiões do País. Com o tema “Portugal que Faz”, o CEO desta entidade bancária, António Ramalho, tem vindo a ouvir os decisores das principais associações empresariais.

Ontem foi Setúbal que recebeu a conferência que mediu o pulso à península, onde participaram os presidentes da Associação Industrial da Península de Setúbal, Nuno Maia, Associação do Comércio Indústria Serviços e Turismo do Distrito de Setúbal, Isáu Maia, o gerente da Cooperativa de Pegões, Jaime Quendera, e o vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa, José Ferreira Machado, também responsável pelo projecto Innovation District a implementar em Almada.

Uma conferência onde o CEO António Ramalho apresentou um estudo económico, em exclusivo sobre a região de Setúbal, e debateu os desafios da pandemia covid-19 para o tecido empresarial.

 

               

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