“Todo o trabalho que foi feito pode ter sido em vão”, admite o líder dos sadinos, que completa hoje um mês na presidência
Paulo Rodrigues, que completa hoje um mês como presidente do Vitória Futebol Clube, revelou ontem que as negociações que vinham a ser feitas com os potenciais investidores para a SAD, setubalense, estão neste momento paradas devido ao requerimento apresentado por 113 associados com o objectivo de destituir a actual direcção numa Assembleia-Geral extraordinária.
“As negociações que estavam a decorrer com os potenciais investidores pararam devido ao requerimento que foi apresentado. Quando se acredita numa direcção e no trabalho que está a ser feito, mas surgem 113 sócios a dizer que não querem mais essa direcção todo o trabalho que foi feito pode ter sido em vão”, alertou ao jornal O Setubalense o dirigente que saiu vencedor do acto eleitoral realizado a 18 de Outubro.
O líder dos sadinos, que por várias vezes já afirmou que a única salvação da SAD passa pela entrada de um investidor, admite as dificuldades no processo. “Estamos a negociar com alguns, mas está mais difícil desde o requerimento com 113 assinaturas para destituir a actual direcção. As pessoas com que estávamos a negociar ficam sem saber se vamos continuar em funções ou não”, explicou.
Paulo Rodrigues, ex-empresário de jogadores de futebol, de 43 anos de idade, não tem dúvidas de que o principal lesado deste impasse é o clube. “é algo que prejudica o Vitória. Ao fazerem isso os sócios não têm noção do que estão a fazer”, disse, sublinhando que “uma coisa é a SAD e outra o Vitória FC”. “Podemos salvar o Vitória e não conseguir salvar a SAD. São coisas completamente distintas”.
Questionado sobre a data em que poderá decorrer Assembleia-Geral para destituir a direcção, Paulo Rodrigues revela que também vai solicitar a Nuno Guerreiro Soares a marcação de uma AG. “A marcação está a cargo do representante da Mesa da Assembleia-Geral (MAG). Também já falamos com o presidente da MAG para agendar uma Assembleia-Geral, vamos fazer uma carta para formalizar esse pedido, para os sócios se pronunciarem sobre se optam pela venda da SAD ou pela sua insolvência”, disse, frisando que “os sócios é que vão decidir o que será feito, nunca será o presidente nem a direcção”.
Recorde-se que na edição de O Setubalense de 11 de Novembro, Nuno Guerreiro Soares apontou o próximo mês como provável para a realização da Assembleia-Geral. “Acho que o pavilhão Antoine Velge tem condições para receber essa AG, se isso não acontecer temos de recorrer a uma alternativa, seja no estádio, que é sempre mais limitativo devido às condições atmosféricas, ou noutro local. Importante é discutir de uma forma positiva e construtiva a vida do Vitória. Quanto à data, acredito que conseguimos marcar para este ano, possivelmente em Dezembro. No entanto, estamos sempre dependentes da resposta da DGS”.
Salários começaram a ser pagos
Depois de assumir na passada quarta-feira, após reunião com o Sindicato dos Jogadores e os atletas da equipa principal, que iria na segunda-feira pagar parte dos salários em atraso, o presidente Paulo Rodrigues assegurou ontem ao nosso jornal que parte dos mesmos começou a ser liquidado. “Sim, já começámos a fazer o pagamento a vários jogadores, 60 a 70% já tem o vencimento de Outubro pago”, avançou. Quanto aos meses anteriores, o dirigente disse que “uns estão por liquidar e outros não”.
Questionado sobre a notícia publicada ontem no jornal Público, em que é revelado que o Vitória apresentou uma queixa na FIFA e na PJ referentes a 150 mil euros pagos pela transferência do defesa Nuno Reis para os búlgaros do Levski, verba que foi depositada numa conta do ex-director desportivo Rodolfo Vaz, Paulo Rodrigues foi claro. “Estamos em funções há menos de um mês e só tivemos acesso às contas bancárias do Vitória FC há quatro ou cinco dias. O contabilista e o advogado do clube estão em permanência a trabalhar connosco”.
E acrescenta: “Para já, estamos só focados nas informações que temos apurado. Neste caso [Nuno Reis], o dinheiro nunca entrou no clube. Esse valor era do Vitória e não de pessoas que trabalhavam para o clube. Fizemos o que nos competia: denunciámos e entregámos o caso às entidades competentes. Se aparecerem outros casos suspeitos iremos fazer a mesma coisa para defender os interesses e bom nome do Vitória”.
Muito crítico em relação às direcções anteriores lideradas por Vítor Hugo Valente e Paulo Gomes, o actual presidente garante que não está em curso uma caça às bruxas. “É uma ideia errada, é o que se diz na cidade e nas redes sociais. Interessa a alguém fazer essa comunicação errada por motivos políticos e pessoais. Estamos simplesmente a trabalhar para defender o Vitória e salvaguardar os seus interesses”