A suspensão das eleições, inicialmente previstas para sexta-feira, não retira o foco a Nélson Melo, de 43 anos, que, nas 10 perguntas colocadas por O SETUBALENSE, prometeu “defender todos os clubes de forma intransigente” e deixou a garantia de que “votando na lista A, estão a votar no início de uma nova era na AF Setúbal”.
1 – Quais as razões que o levam a candidatar-se à presidência da Associação de Futebol de Setúbal (AFS)?
As razões que me levam a candidatar são por um lado, a paixão pelos três desportos que fazem parte do universo da AFS, e por outro lado, ter a noção que a instituição se encontra em fim de ciclo. Após mais de duas décadas de uma linha de continuidade, este é o momento de entrarem pessoas novas, com capacidade e vontade. A nossa equipa tem o que a AFS precisa neste momento. A AFS não pode apenas organizar jogos e nomear árbitros, há a necessidade de ter uma visão estratégica de desenvolvimento, com uma voz activa na defesa de todos os seus filiados. É pois, com espírito de missão que abracei este projeto. Vamos colocar a AFS no topo das boas práticas de desenvolvimento desportivo das modalidades de Futebol, Futsal e Futebol de Praia. Fomos a única lista que apresentou um Projeto à AFS.
2 – Quais são os maiores desafios da AF Setúbal nos próximos quatro anos e de que forma tenciona enfrentá-los?
São vários os desafios. A AFS enfrenta uma crise desportiva no que diz respeito à representatividade dos clubes e árbitros nas competições nacionais, a juntar esta situação, teremos com certeza uma grave crise financeira. Perante este cenário, teremos que fazer mais com menos, acreditamos que a aposta terá de ser na formação de técnicos, massagistas, dirigentes, árbitros e pais. Quanto aos clubes teremos que os apoiar neste momento de dificuldade, que é no fundo o momento em que os clubes mais precisam da sua Associação. Pretendemos também, realizar a reformulação dos quadros competitivos, tendo como prioridade a proximidade para diminuir as despesas dos clubes; terminar com os jogos às 9h00 para as camadas jovens com deslocações superiores a 50 kms; promover parcerias com o Desporto Escolar, autarquias e empresas; criar um campeonato distrital de Futebol de Praia; criar um campeonato distrital para veteranos e para indivíduos portadores de deficiência; promover a captação de jovens talentos do desporto escolar para o desporto federado e por último, criar órgãos consultivos para o desenvolvimento do Futebol Feminino, do Futsal e do Futebol de Praia.
3 – Que ideias preconiza para atenuar os efeitos causados pela pandemia nos clubes filiados na AFS?
Em primeiro lugar, será realizada uma análise profunda dos danos que foram causados pela pandemia, pois variam de região para região e de clube para clube. Em conjunto com todos os clubes, teremos de encontrar a melhor forma de apoio, sem privilegiar um clube em detrimento de outro. Por outro lado, a nossa lista apresenta um candidato a presidente do Conselho Técnico que é médico especialista em Saúde Pública, que nos auxiliará em reunião com todos os delegados de Saúde do nosso distrito.
4 – Caso seja eleito na próxima sexta-feira, quais serão as medidas mais urgentes que vai tomar?
Iremos reunir com os clubes, para lhes apresentar as nossas soluções quanto aos quadros competitivos. Jamais iniciaremos competições sem aprovar previamente o regulamento da competição, como a atual Direcção o fez. Reorganizaremos o Campeonato Distrital de Seniores de futebol e de futsal, de forma a permitir que, no final da época, uma equipa possa subir ao Campeonato de Portugal e duas possam participar na Taça de Portugal na próxima época. Por outro lado aqueles que não tenham capacidade para continuar a competir deverão ter a hipótese de parar, garantindo a presença no campeonato distrital da Primeira Divisão, na próxima época. Faremos também, uma análise profunda da situação económica da AFS, para perceber de que forma podemos ajudar financeiramente os Clubes.
5 – Quais são as propostas que vai apresentar para que a Associação consiga manter e, se possível, aumentar no futuro o número de praticantes, equipas e árbitros?
No pós Covid-19, teremos de convidar os clubes que abandonaram a AFS a voltarem à associação, sem cobrar dívidas com 33 anos; realizar fortes parcerias com o desporto escolar e autarquias de forma a captar novos praticantes e árbitros e reuniremos também com as outras associações de modalidades para encontrarmos soluções comuns.
6 – Com as receitas a caírem a pique, tornando-se praticamente inexistentes, o que pode a AFS fazer para dar suporte aos seus clubes filiados?
Depois de analisar a situação financeira da AFS, tentar, com apoio da FPF e do tecido empresarial, reduzir os custos dos clubes com as inscrições, seguros e organização de jogos. Porque a AFS só funciona com clubes, sem clubes não há AFS.
7 – Com a sua liderança, e sabendo que vivemos tempos extraordinariamente difíceis, haverá uma estratégia capaz de captar outras formas para fazer encaixes financeiros significativos?
Sim, para termos encaixe financeiros teremos de ter uma visão estratégica, como por exemplo uma revista digital, com a AFS Store, com a AFS TV; através do ‘naming’ das competições, entre outras medidas daremos maior visibilidade aos patrocinadores; também queremos estabelecer parcerias para que todos os filiados na AFS possam ter descontos nas empresas associadas. Nos momentos de dificuldade, sabemos que o universo de filiados é enorme e apetecível ao tecido empresarial. Todos podemos ganhar, vamos tornar um momento de dificuldade num momento de grande oportunidade.
8 – De que forma tem acompanhado a situação do Vitória FC, emblema da AFS com mais presenças no escalão principal de futebol, cujas dificuldades se agravaram após a queda do clube no Campeonato de Portugal?
Com muita tristeza vimos que a AFS não teve uma voz activa na defesa do Vitória FC; tal como não teve nos clubes distritais participantes no Campeonato Nacional de Futebol de Praia, que foram todos jogar para Lisboa; bem como, não teve uma voz activa da defesa do Clube Desportivo Cova da Piedade quando injustamente lhe foi averbada uma falta de comparência por motivo de Covid-19. Quando formos eleitos defenderemos todos os nossos filiados de forma intransigente.
9 – Por receio e devido às restrições causadas pela pandemia muitos jovens deixaram de praticar desporto. O que pode ser feito para evitar que muitos desses atletas que têm estado impedidos de competir abandonem de vez a prática do futebol, futsal e futebol de praia?
A nossa candidatura apresentou o projeto “Joga à bola na Escola”, convidando os clubes a colocarem técnicos nas escolas de primeiro ciclo (pagos pelas autarquias e ou Associações de Pais) para que os jovens não percam a ligação à prática do futebol e futsal. Além deste projecto, teremos de criar iniciativas para captar de novo os jovens para a prática desportiva.
10 – Para os indecisos que argumentos apresentaria para votarem na sua candidatura?
Para todos os clubes temos de dizer que pela primeira vez terão opção de escolha, duas listas. A lista A, a nossa, foi a única que apresentou um Projeto, que é um compromisso para com todos, com ideias válidas e muitas delas de custo zero. Por outro lado, pensamos que é tempo de entrarem pessoas novas com ideias novas, até aqui tem sido uma linha de continuidade, esse ciclo teve o seu fim…
É o momento da mudança, com uma equipa jovem com experiência, competência e envolvidos emocionalmente com a AFS. No momento do voto, deverão reflectir sobre o que querem para os próximos quatro anos, a nossa lista representa o futuro da AFS, que a médio prazo irá fazer crescer a AFS, os seus Clubes e os seus Árbitros, com um projecto forte para o Futebol Feminino, Futsal e Futebol de Praia. Votando na lista A, estão a votar no início de uma nova era na AF Setúbal.
Autoridades de Saúde suspendem eleições
As eleições para os órgãos sociais da Associação de Futebol de Setúbal (AFS), no período 2020/2024, agendadas para amanhã, entre as 19 e 22 horas, foram suspensas por decisão das autoridades de Saúde, informou ontem o organismo que rege o futebol distrital no comunicado oficial n.º 59, assinado pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral, Octávio Machado.
“Para conhecimento dos clubes, Sociedades Desportivas e Núcleos de Árbitros filiados, comunicamos que após consulta á Delegada de Saúde do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Arrábida, a Assembleia Geral Eleitoral para o dia 15 de Janeiro, teve um parecer desfavorável, não podendo ser realizada face ao disposto na Resolução do Conselho de Ministros n.º 92-A/2020, na versão actualizada, e atento o Princípio da Precaução em Saúde Pública”, lê-se no documento.
Devido à pandemia da Covid-19, a AFS escusa-se, para já, a apontar uma nova data para a realização das eleições. “Oportunamente, assim que reunidas as condições para a realização da Assembleia Geral Eleitoral, será divulgada nova data”, informa o comunicado publicado na página oficial da AFS.
Recorde-se que as duas listas a concurso, lideradas por Nélson Melo (lista A) e Francisco Cardoso (lista B), foram confirmadas em comunicado publicado a 6 de Janeiro, um dia depois de finalizado o prazo para apresentação das mesmas. “Verificada a elegibilidade e regularidade das candidaturas apresentadas, de acordo com o nº 1 do Artº 13º dos Estatutos da Associação de Futebol de Setúbal, foi a aceite a lista A cujo candidato a presidente da Direcção é o Sr. Nélson Carlos Ramos de Melo que apresentou subscrições válidas que totalizam 253 (duzentos e cinquenta e três) votos, a que corresponde 22,21% (vinte e dois vírgula vinte e um por cento) do total de votos e a lista B cujo candidato a presidente da Direcção é o Sr. Francisco Manuel Gonçalves Cardoso que apresentou subscrições válidas que totalizam 530 (quinhentos e trinta) votos, a que corresponde 46,53% (quarenta e seis vírgula cinquenta e três por cento) do total de votos, cumprindo a duas listas com o estipulado no nº 1 do Artº 12º dos Estatutos da Associação de Futebol de Setúbal”.