Assegurou o regresso à Taça de Portugal 17 anos depois e ficou apenas a um golo de ingressar no Campeonato de Portugal. Foi de facto, uma época fantástica
O União Futebol Clube Moitense foi uma agradável surpresa no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão, esta época disputado em apenas uma volta devido à pandemia de covid-19.
Os bons resultados obtidos proporcionam o apuramento para a primeira eliminatória da Taça de Portugal da próxima temporada, coisa que já não acontecia há 17 anos e, com um pouquinho mais de sorte, nesta altura, até poderia estar a festejar a subida ao Campeonato de Portugal que a acontecer seria fantástico.
O sonho, que prevaleceu até aos últimos instantes da derradeira jornada, só não foi concretizado porque a equipa sofreu um golo aos 88 minutos, golo esse que acabou por dar vantagem ao Barreirense e deixou a equipa da Moita com pouco espaço de manobra para recuperar.
Depois disso, já em tempo de compensação, a equipa ainda marcou mais um golo mas não foi suficiente porque o Barreirense, que ganhou também por quatro golos de diferença, chegou ao fim com mais golos marcados, 26 contra 25 do Moitense.
Na entrevista que concedeu ao SETUBALENSE, o treinador David Nogueira, de 28 anos, considera que a época foi toda ela um sonho e revela que no último jogo havia mais ansiedade que o normal porque os jogadores queriam ficar na história. Em relação à nova época David Nogueira adiantou que apesar de ter recebido convites de outros clubes vai permanecer no Moitense.
O Moitense fez um excelente campeonato mas falhou a subida de divisão por um golo. Considera que foi o desfazer de um sonho?
Não considera isso, apesar de após o término do nosso jogo e do jogo do rival directo termos ficado frustrados porque sentimos que não merecíamos. Mas o desfazer de um sonho, não posso considerar assim porque para nós toda esta época foi um sonho.
Sentiu alguma ansiedade nos jogadores por se tratar de um jogo decisivo?
Senti claramente muito mais ansiedade do que o normal, senti que os jogadores queriam ficar na história e que queriam ganhar mais do que qualquer um.
Como explica o facto de não ter marcado golos na primeira parte, quando a equipa precisava de os marcar?
Explico com a ansiedade e o nervosismo. Apesar de a pressão não estar do nosso lado, depois de tanto apoio que tivemos e depois de tanto batalharmos ao longo desta época atípica, sentimos que poderíamos fazer ainda mais história e que estávamos muito perto.
O rendimento da equipa ao longo da época foi aquele que esperava ou é da opinião que as expectativas foram superadas?
Qualquer treinador espera sempre o melhor da sua equipa, mas tenho que ser honesto. Esta equipa surpreendeu tudo e todos, inclusive a mim.
Na próxima temporada vai continuar como treinador do Moitense?
Posso adiantar que já surgiram alguns convites, mas que só tenho uma palavra. Devo muito a este grupo e a este clube, e é junto deles, ou da maioria deles, que quero jogar a Taça de Portugal, porque era o nosso objectivo principal. Quando o Moitense foi à Taça de Portugal pela última vez eu tinha cerca de 11 anos e era jogador do clube. Nada mais me motiva do que poder participar agora na mesma, enquanto treinador da equipa principal do clube onde comecei a dar os primeiros toques na bola.
Há algo mais que queira referir?
Quero agradecer do fundo do coração a todos os meus jogadores e aos meus treinadores. Eles são os verdadeiros obreiros do que foi feito esta época, sem eles eu não seria nada, também em nome da minha equipa técnica, em nome desta equipa maravilhosa, da direcção e do clube em si, a todos os adeptos, a todas as pessoas que nos apoiaram e sobretudo a todas as pessoas que cá estiveram do início ao fim. Gratidão é a palavra que melhor se espelha para agradecer a cada um. Por fim, felicitar o Futebol Clube Barreirense, sobretudo os amigos que lá tenho, pela conquista do campeonato e desejar as maiores felicidades para o futuro.
PRESIDENTE JOÃO SOEIRO: “A história do Moitense é fértil em sofrimento, mas também de muita resistência”
“Em dezasseis clubes, fomos um dos onze que se disponibilizaram para tornar possível a realização deste campeonato que, embora atípico, foi o campeonato possível, com regras iguais para todos e por todos aceites.
Com as paragens devido aos motivos sobejamente conhecidos, abordámos o retomar da prova sem stress mas com o pensamento numa classificação mais ambiciosa que a pretensão inicial, ou seja, um lugar de acesso à participação na Taça de Portugal.
Na penúltima jornada obtivemos essa garantia, pelo que este grupo maravilhoso ficou muito próximo de algo mais. Dados oficiais, garantem que 200 mil pessoas em Portugal, assistiram em directo, e em simultâneo, no canal 11, aos dois jogos que decidiram o título de campeão. O União FC Moitense, levou o nome da terra, razão da sua existência, a um elevado número de pessoas. Nunca antes a Moita tinha obtido tanta atenção.
Nada foi feito em vão. Posso garantir que tudo continuaremos a fazer no sentido de elevar o clube ao patamar que o mesmo justifica. A história do Moitense é fértil em sofrimento, mas também de muita resistência”.