Independentemente do desfecho da votação de hoje na Assembleia Geral Extraordinária, em que os sócios do Vitória Futebol Clube se pronunciam, entre as 11 e 21 horas na Sala do Bingo do estádio do Bonfim, sobre a revogação do mandato dos actuais órgãos sociais, a direcção liderada por Paulo Rodrigues abandona o cargo. “Mesmo que ganhe a votação da Assembleia Geral Extraordinária desta sexta-feira, dia 4 de Dezembro, sairemos da Direcção do Vitória FC”, revela o dirigente em comunicado publicado na página oficial do clube.
Depois de ser eleito a 18 de Outubro, Paulo Rodrigues considera que não tem condições para continuar, não poupando críticas à Câmara Municipal de Setúbal, que acusa de falta de cooperação na resolução de dossiers cruciais.
Eis o comunicado:
“Do orgulho e da paz
Foi cerca de mês e meio do qual eu, Paulo Rodrigues, e a minha Direção, muito nos orgulhamos. Sempre tivemos ao nosso dispor a experiência, o profissionalismo, as soluções, os parceiros, e sabíamos o caminho extremamente difícil que tínhamos para percorrer, para conseguir reerguer o Vitória Futebol Clube.
Desde o primeiro dia de mandato que com muita vontade começámos a colocar em prática todo o nosso trabalho e esforço, e o que é facto e não tenho dúvidas, de que em mês e meio fizemos muito mais do que muitos em mandatos completos. Pagámos cerca de 150 mil euros em despesas que inúmeros meses de atraso, começámos a regularizar os salários dos funcionários, os salários dos jogadores, pagámos seguros, pagámos eletricidade, pagámos água, pagámos PER, chegámos a acordo com o clube Taubaté que permitiu desbloquear o gravíssimo problema junto da FIFA, tínhamos conseguido um novo potencial patrocinador, para o futebol e várias modalidades e que também nos garantia solução para pagar os ordenados de Novembro, Dezembro e subsídio de Natal, que perante todas as informações relativas à AGE, decidiram adiar (estamos disponíveis para o apresentar à equipa de gestão que iniciar funções). Tudo isto, entre muitas outras coisas que conseguimos e nos orgulhamos.
Também chegámos a pré-acordo com a Parvalorem, tendo conseguido um perdão de dívida de 17 milhões de euros, mas, e este mas é fundamental para a decisão que tomei, o Vitória FC só poderá beneficiar deste perdão caso a Câmara Municipal de Setúbal, e a sua Sra. presidente Maria das Dores, cooperarem.
Sempre quis fazer parte da solução e não do problema, e esperámos e insistimos até ao último momento possível para perceber se a Sra. presidente nos receberia, não para ser um apoio, mas para no mínimo serem profissionais e demonstrarem preocupação verdadeira para com o Vitória FC. Sem o profissionalismo da Câmara e da Sra. presidente não fará sentido continuar a lutar para implementar as soluções que temos, pois nunca quererão trabalhar connosco, e nunca haverá paz, e será cada vez mais criado o inferno.
Mesmo que ganhe a votação da Assembleia Geral Extraordinária desta sexta-feira dia 4 de Dezembro, sairemos da Direção do Vitória Futebol Clube. Continuo na certeza e no orgulho do muito trabalho que fizemos e das soluções que sempre tivemos, mas também na certeza de que haverão sempre tentativas de golpes de Estado, e quem sairá sempre mais prejudicado será o Vitória.
Temos um conjunto de dossiers devidamente preparados para entregar a quem nos vier suceder, para que os próximos não sejam recebidos como nós fomos e para que o Vitória não fique entregue à indefinição, à incerteza e ao desconhecimento de quem o vai ter de tentar governar.
Termino dizendo que, o sistema que está fortemente instalado e enraizado, enquanto não for quebrado, não duvido de que o Vitória FC será sempre um refém, ainda para mais tendo um presidente da MAG, representante máximo dos sócios, como alguém subserviente dos interesses político partidários da cidade. Por isto, e não por qualquer caça às bruxas é que tudo o que identificámos como claramente lesivo para como o Vitória foi entregue às autoridades competentes para o efeito, para que seja feita justiça para com o Vitória FC.
Desejo também que tudo o que tem sido planeado e negociado desde há bastantes semanas para o futuro do Vitória, não venha a acontecer, pois a acontecer seria o fim de um histórico e Enorme clube como o sempre conhecemos. Desejo também que a Câmara e a Sra. presidente consigam governar o Vitória FC de forma a reerguê-lo e não a acabar de vez com ele.
Termino com uma palavra de apreço e agradecimento para os colegas que compõem o Conselho Fiscal, bem como do Conselho Vitoriano, que desde cedo perceberam tudo o que teríamos de enfrentar e tudo o que estava a ser preparado. Agradeço também a todos os Vitorianos que votaram em mim nas eleições e em todos os que sempre me apoiaram e continuam a fazê-lo.
Acredito que todo o muito trabalho feito neste tempo, sirva os melhores interesses do Vitória Futebol Clube, no seu futuro”.