Nas últimas 10 jornadas da Liga 3, Vitória só somou seis pontos em 30 possíveis
De mal a pior. A expressão resume na perfeição a campanha que o Vitória está a realizar na presente época na Liga 3, prova em que perdeu metade (oito) dos 16 jogos realizados. A confirmá-lo está o facto de os sadinos terem sofrido novo desaire no sábado, por 3-2, no Bonfim, diante do Moncarapachense, adversário que à entrada para a jornada actual ocupava a última posição e agora igualou, com 16 pontos, o conjunto setubalense na classificação.
Os golos de Rodrigo Pereira e Zequinha foram um bálsamo fugaz para os adeptos que presenciaram o encontro no Bonfim. Os vitorianos que ainda tinham esperança em chegar ao 4.º lugar que dará acesso à fase de subida saíram do Estádio com a certeza de que tal não será possível. A péssima primeira parte, que terminou com os algarvios em vantagem (1-0) no marcador, levou o treinador Luís Loureiro a dizer no final do encontro que “apenas as camisolas do Vitória estiveram em campo”.
Após o intervalo, aos 73 minutos, uma assistência de Zequinha para o colega Rodrigo Pereira deu o 1-1, empate que durou apenas um minuto devido a uma desatenção defensiva que possibilitou a Ebanilson o 2-1 dos algarvios. Com o jogo completamente partido e num ritmo frenético, como ilustram os três golos apontados em cinco minutos, o Vitória repôs novamente a igualdade (2-2) num golpe de cabeça de Zequinha, aos 77.
Se a igualdade já era um mau resultado para o Vitória, aos 90+4 minutos, o cenário ficou ainda mais negro quando Jota fez o 3-2 do Moncarapachense que somou os três pontos em Setúbal e deitou por terra o desejo dos jogadores sadinos – que se apresentaram em campo com o nome do jogador, de 38 anos, nas suas camisolas – em homenagear o capitão José Semedo, que no início da semana tinha anunciado o final da carreira de futebolista.
Em relação ao embate da ronda anterior nas Caldas da Rainha, o treinador Luís Loureiro efectuou três alterações no onze. O guarda-redes Mika (reforço de Janeiro que se estreou com a camisola verde e branca), o defesa Mário Mendonça e o avançado Rodrigo Pereira foram titulares em detrimento de Leonardo Ferreira, David Santos e Camilo Triana, respectivamente.
A jogarem perante os seus adeptos, os vitorianos tiveram o ascendente nos minutos iniciais, altura em que se acercaram da área contrária sem, no entanto, conseguirem criar lances de perigo. Mais letal foi o Moncarapachense que inaugurou o marcador na primeira vez que desceu à baliza de Mika num rápido contra-ataque, aos oito minutos, momento em que Isabelinha fez o 1-0, após assistência de Ebanilson da direita.
Surpreendido pelo golo, num lance em que o avançado dos algarvios foi mais lesto que o seu opositor directo Pedro Machado, os sadinos não tardaram a reagir e a ficar perto do empate num lance protagonizado por Zequinha. Decorria o minuto 14 quando o avançado ganhou posição na direita e desferiu um remate cruzado que só não deu o 1-1 porque o guardião Tiago Martins fez uma excelente defesa.
A equipa comandada por Luís Loureiro revelou sempre muitas dificuldades na construção do jogo e na ligação entre sectores, aspecto que facilitava muito a tarefa do adversário que só por duas vezes mais no primeiro tempo viu os sadinos criarem perigo em remates que não levaram a direcção desejada. Aos 24 e 25 minutos, Tiago Melo e Filipe Oliveira, respectivamente, erraram o alvo quando estavam em posição privilegiada para ter sucesso.
Antes do interregno no Bonfim, estádio em que os adeptos iam dando sinais de insatisfação pelo fraco desempenho da equipa, o Moncarapachense conseguiu, aos 34 minutos, ainda fazer um remate sobre a trave através de Ebanilson. Quando o árbitro lisboeta Bruno Rebocho apitou para o intervalo, os adeptos sadinos presentearam a equipa com uma assobiadela para manifestar o seu desagrado pela exibição produzida no primeiro tempo.
No arranque do segundo tempo, já com José Varela em campo (substituiu Tiago Mello), o Vitória ameaçou marcar, aos 52 minutos, por Zequinha que, depois de cruzamento da esquerda de Mário Mendonça, viu o guarda-redes Tiago Martins fazer uma boa defesa a evitar o tento da igualdade.
Aos 55, na sequência de um livre directo marcado no flanco esquerdo por Mário Mendonça, os setubalenses quase marcaram num cabeceamento do defesa François que levou a bola a passar sobre a trave. Volvidos quatro minutos, naquela que era até ao momento a melhor fase do Vitória no encontro, Rodrigo Pereira, num remate cruzado, também errou o alvo depois de uma assistência do colega Zequinha.
Aos 64 minutos, Luís Loureiro voltou a mexer na equipa com o objectivo de lhe dar mais frescura física. Daniel Carvalho, Kamo Kamo e André Santos entraram para os lugares de Mário Mendonça, Malam Camará e Pedro Pinto, respectivamente. Já depois das alterações, a defesa sadina apanhou dois sustos aos 68 e 69 minutos. Primeiro Isabelinha só não bisou devido a um corte providencial de João Freitas e depois valeu o facto de um elemento do Moncarapachense ter falhado a emenda à ‘boca’ da baliza.
Toda a emoção ficou reservada para a recta final do jogo, período em que se marcaram quatro golos. Aos 73, um excelente trabalho de Zequinha, que tirou um adversário do caminho, assistiu Rodrigo Pereira, que só teve de encostar para o 1-1. Ainda se celebrava o empate no Bonfim e já o Vitória voltava novamente a estar em desvantagem quando, aos 74, Ebanilson rematou para o 2-1.
Aos 77, dois minutos depois de o árbitro ter anulado um golo a José Varela por fora de jogo Daniel Carvalho, houve nova explosão de alegria no Bonfim quando Zequinha, assistido por Kamo Kamo, aplicou um golpe de cabeça ao ângulo superior esquerdo sem hipóteses de defesa. Com muito coração e pouca cabeça, o Vitória, após o 2-2, acreditou que era possível operar a reviravolta. Debalde. Já depois de, aos 79, Mika ter impedido o golo de Ramon com uma excelente defesa, o Moncarapachense aproveitou os espaços concedidos para fazer o 3-2, aos 90+4 minutos, por Jota, que despejou um autêntico balde de água gelada no Bonfim.