Ao contrário do previsto, fechaduras do estádio não foram trocadas, revelou Paulo Rodrigues
A presidente da Câmara Municipal de Setúbal, Maria das Dores Meira, participou ontem na visita técnica ao Estádio do Bonfim acompanhada por membros do executivo camarário e funcionários. Ao contrário do que tinha sido assumido pela edilidade, que desde 12 de novembro é detentora dos direitos de superfície do Bonfim, a mudança de fechaduras não foi efectuada, revelou o dirigente do clube setubalense.
“Todos viram que não houve alterações de fechaduras. Talvez a presidente tenha decidido mudar de ideias, com os minutos a passar, a falar comigo e a perceber a verdade e realidade do atual Vitória, bem como conhecer um pouco mais o presidente e os diretores. Talvez tenha passado a ser só uma visita para conhecer as instalações com os próprios olhos”, disse em conferência de imprensa no final de uma visita que foi tensa, sobretudo, no início.
Com cerca de 100 pessoas presentes, entre eles três polícias, o ambiente à chegada dos representantes da Câmara, entre eles o vereador do Desporto Pedro Pina, foi tenso como ilustra as primeiras palavras trocadas entre os líderes do clube e município. “Onde é que estão as chaves? Espero bem que esteja tudo aberto”, disse Maria das Dores Meira que ouviu Paulo Rodrigues responder: “pode entrar à vontade”.
Sem disponibilidade para responder às perguntas dos jornalistas, Maria das Dores Meira explicou, no final da visita superior a duas horas, que é intenção da autarquia é cuidar do espaço cujos direitos foram adquiridos. “Temos por hábito cuidar bem daquilo que é património desta cidade. Neste momento, o estádio é património da Câmara Municipal e queremos cuidar bem deste estádio e da memória daqueles que ao longo de 110 anos deram a glória a Setúbal, à nossa região e ao nosso país. Não queremos que fique o ónus na Câmara Municipal de deixar degradar ainda mais o que está este edificado”.
Paulo Rodrigues, eleito presidente do clube a 18 de outubro, considera que a visita foi útil, uma vez que permitiu à Câmara ver o estado em que se encontra o recinto. “Fiquei contente com a visita da presidente. Como é minha obrigação, fui-lhe mostrar o estádio e pôde ver como estão as partes mais degradadas no espaço. Como nos competia, fizemos o nosso trabalho e estou orgulhoso por a presidente ter ficado mais por dentro da realidade que, acho, não conhecia bem. Acho que hoje saiu um pouco mais esclarecida daqui”, referiu.
Depois de os últimos terem sido marcados pela tensão entre os líderes do município e do Vitória, que não foi convidado para a cerimónia do 110.º aniversário do clube que decorreu diante dos Paços do Concelho, Paulo Rodrigues lamentou o sucedido. “Quero pedir desculpas se algum dia ofendi alguém. Acho que não o fiz, limitei-me a defender o Vitória e os sócios do clube respondendo ao que veio nos jornais. Fui sempre intransigente com o que ia lendo e ouvindo. Se sou presidente é porque os sócios o quiseram e acho que vou continuar a sê-lo. Estou aqui pelos sócios e pelo clube e vou sempre defendê-los”.
Maria das Dores Meira, que à chegada ao Bonfim retribuiu a receção fria e tensa que teve dos dirigentes, não entrou em pormenores na declaração que fez no final da vistoria. “Viemos aqui, conversámos com a direção do Vitória, o seu presidente e todos aqueles que nos quiseram acompanhar. Verificámos como está a situação do clube para agora fazermos aqui também um melhoramento em relação ao edificado e ao campo”.