A complacência com uma situação que era vergonhosa e que agora é urgente, leva-nos a pensar se realmente há preocupação com o Porto de Setúbal
Muitas declarações de responsáveis políticos apontam para o risco de o Porto de Setúbal desaparecer por causa deste conflito laboral, que dura há 35 dias.
Depois dos avisos iniciais, das empresas portuárias, de que a procura poderia diminuir, surgiram noticias de que algumas linhas das rotas internacionais (concretamente três) já tinham descartado Setúbal.
Entretanto a ministra do Mar veio dizer que a paralisação do porto até agora afectou menos de 50% da movimentação, mas que pode ser mais grave.
“Já fizemos as contas, se isto continuar até ao final do ano vamos ter uma redução de cerca de 70% no valor directo e indirecto do volume de negócios produzido pelo porto de Setúbal”, disse Ana Paula Vitorino, estimando esse valor em cerca de 300 milhões de euros por ano.
O antigo ministro Daniel Bessa chegou mesmo ao ponto de escrever, este fim-de-semana, um epitáfio ao Porto de Setúbal declarando o óbito, e pedindo “paz à sua alma”.
Toda esta gente tem feito esta afirmações como se o fim deste porto fosse uma coisa relativamente normal.
Quer isto dizer que o Porto de Setúbal é descartável, ou tudo isto não passa de dramatização para efeitos políticos e negociais?
A complacência dos responsáveis políticos, quando a situação laboral já era vergonhosa e agora que é urgente, é tal que chegamos a pensar se realmente estão preocupados com o Porto de Setúbal.