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O advento

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O advento

, Médico
5 Dezembro 2018, Quarta-feira
Mário Moura -
Mário Moura –
Médico

Nos últimos dias acenderam-se luzes nas ruas das cidades, ornamentam-se as montras das lojas, a TV em todos os canais mostra como por todo o país e até por todo mundo se faz um apelo ao consumismo camuflado pelo clima de festa e de intensidade religiosa. Mostram-se brinquedos tentadores para as crianças que pedem ao Menino Jesus que lhos deem ou ao pai Natal  que foi introduzido nesta quadra para reforçar o tal apelo ao consumismo desta sociedade que se caracteriza precisamente pelo esquecimento das motivações religiosas desta quadra do ano.

Precisamente entramos numa quadra do ano litúrgico em que nos preparamos para comemorar o nascimento de Jesus que é para os cristãos a incarnação de Deus. Não sabemos ao certo   a data  em que esse homem que se dizia Filho de Deus  veio proclamar que devemos amar o nosso próximo, principalmente os mais pobres e desprotegidos, que veio colocar o homem no centro das nossas preocupações, que veio com o seu exemplo contestar certas regras rígidas que eram colocadas à frente do apoio aos centrifugados pela sociedade para as margens, entrando em conflito com os sacerdotes da época.

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Este período chama-se ADVENTO e será um tempo para se refletir sobre a vida que se leva na sociedade em que nos integramos e a reorientemos para  o bem, para a fraternidade, para a correção das desigualdades sociais e para o anuncio duma sociedade mais perfeita. Sabemos que o Natal se começou a festejar muitos anos depois do cristianismo estar já implantado com alguma segurança pelo mundo de então. E sabemos que, mais próximo de nós, a tal sociedade de consumo a aproveitou para estimular o despesismo, e não sendo suficiente este culto do nascimento de Jesus que logo após o seu  nascimento começou recebendo oferendas dos Reis Magos e dos pastores, criou o mito do Pai Natal vindo de longe com um saco cheio de presentes para as crianças, mobilizando assim para as festas todo mundo mesmo sem ser cristão – tornou-se assim uma verdadeira festa sem sentido verdadeiramente religioso para a maior parte das pessoas  – o mesmo se passa com a Páscoa. É evidente que a Igreja organizada também embarcou nestas festividades em que durante séculos se foi anquilosando em ritualismos esquecendo o seu verdadeiro objetivo da proclamação da Boa Nova aos mais pobres.

O Papa que em boa hora presentemente se senta na cadeira de Pedro, em Roma, está tentando reorientar a vida da Igreja precisamente para as periferias das nossas comunidades, condenando as orientações da atual sociedade (que mata, diz Ele!),  proclamando que a Igreja deve sair das sacristias e sair para as ruas dando testemunho da solidariedade, do amor ao próximo, e colocando até a hierarquia no seu devido lugar de pastores e não de chefes . Tomemos então consciência de que esta época do Advento se deve caracterizar por uma verdadeira mudança das nossas vidas  que se devem orientar para os mais pobres. E lembremos que aqui entre nós portugueses temos mais de um milhão de pessoas no limiar da pobreza e temos uma classe media que vive em equilíbrios  constantes pelo seus rendimentos serem muito escassos. Para muitos que se dizem cristãos esta época é dolorosa , esmagados pela força da propaganda que os empurra para a tal sociedade de consumo. Mas pensemos que o tal Menino Jesus nasceu numa gruta, envolto em panos, e  que depois de crescer proclamou o Amor aos outros e defendeu as suas ideias até à morte – é uma boa época para refletir e mudar, para exames de consciência e mudanças de rumo.

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