26 Junho 2024, Quarta-feira

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Os argumentos dos aficionados

Os argumentos dos aficionados

Os argumentos dos aficionados

, Ex-bancário, Corroios
13 Novembro 2018, Terça-feira
Francisco Ramalho - Ex-bancário
Francisco Ramalho – Ex-bancário, Corroios

Como se sabe, os aficionados, os auto denominados amigos dos touros, têm diversos argumentos para justificar as touradas. Que é uma arte, uma tradição, uma industria, etc. Mas o argumento que consideram irrefutável, demolidor, definitivo, é o de que se não existissem corridas de touros, pura e simplesmente, não se justificava a existência do touro bravo. Segundo eles, é que o touro bravo, demora muito mais tempo a atingir a sua plenitude e, ao contrário das outras raças da sua espécie, não se dá em cativeiro.

Portanto, em termos económicos, não se justificava a sua criação.

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Em parte, até têm razão. Mas, há outro argumento que anula este por completo. E os entendidos, obviamente, silenciam-no. Os ignorantes, logicamente, também não o evocam.
É que, também ao contrário, das outras raças desta espécie, o touro bravo, dá-se, vive, perfeitamente na charneca. Bastando-lhe a escassa vegetação, incluindo o mato, das suas terras pobres. E depois, para a engorda, apenas algum tempo na lezíria, ou um suplemento alimentar. E assim, este belíssimo e nobre animal, pode e deve perfeitamente existir sem esse primário e bárbaro espetáculo.

Aqui chegados, os amantes da “arte” de Marialva, dirão: “afinal eles também gostam de bife! E para isso não têm que matar os touros?” Pois é! Mas é que há uma diferença abissal entre matar-se o animal e, devendo sê-lo, com um mínimo de sofrimento, com anestesia prévia, para consumo, ou massacrá-lo na arena e nos curros, para gáudio dos aficionados.

A terminar, referir mais este pormenor tão desconhecido: antes da lide, manietado nos curros, completamente à mercê dos seus “amigos”, para aumentar a sua agressividade, o touro é fria e impiedosamente espicaçado com aguilhões de aço.

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Finalmente, dizer que sou natural de Torrão, Alcácer do sal, e vivi parte da minha juventude em Coruche. “Naturalmente”, fui aficionado. Portanto, mesmo no Alentejo e Ribatejo, a tradição já não é o que era. As tradições, tal como as sociedades, não são imutáveis. Apesar de aberrações que se vão mantendo, o rumo delas, das sociedades, é, naturalmente, no sentido do humanismo e não no da barbárie. Por exemplo, a inquisição e a escravatura, já lá vão. A tourada, não tenho dúvidas, também irá. E não será uma imposição! Será por uma crescente vontade da maioria que, já o é.

Já ouvi falar em referendo. Não sei se é matéria para tal. Mas, se necessário, venha ele!

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