O desentendimento entre os estivadores e a empresa de trabalho portuário, Operestiva, por causa dos contratos de trabalho é cada vez maior e, na segunda-feira, azedou de vez. Foi declarado paragem geral e não se sabe quando o porto vais estar a 100%
Por: Humberto Lameiras
O movimento de cargas e descargas no terminal de contentores e automóveis no Porto de Setúbal está parado desde de segunda-feira. Os estivadores ligados à empresa Operestiva desentenderam-se com a administração e avançaram para uma paragem total. Com isto, neste momento estão sete navios parados no porto, sendo dois deles de viaturas.
Fonte próxima da empresa diz que os estivadores “não estão preocupados com a crise financeira que podem causar ao Porto de Setúbal”, enquanto os estivadores afirmam não abrir mão de serem solidários uns com os outros. “Não aceitamos que nenhum estivador eventual fique prejudicado, diz um dos trabalhadores que está a par da reunião que decorreu ontem à tarde entre dirigentes do Sindicato dos Estivadores e da Actividade Logística (SEAL), representantes de estivadores e o director-geral do Terminal da Sadoport, comandante Ignácio Rodriguez.
O mais recente braço de ferro entre os estivadores e a empresa de trabalho portuário Operestiva – com as operadoras portuárias Sadoport e Naviport relacionadas – veio quando as administrações quiseram avançar com contratos de trabalho para efectivar trinta estivadores dos cerca de cem que ali trabalham. O SEAL contestou, os trabalhadores protestaram, e os ânimos aqueceram na passada semana com as administrações a acusarem os estivadores de intimidação. Estes negaram e acusaram por sua vez as empresas de “pressionar” estivadores para assinarem contratos sem termo, mais ainda durante a vigência de pré-aviso de greve às horas suplementares.
Mas ao que parece, dos trinta trabalhadores escolhidos para assinar contrato, cerca de seis estiveram quase a fazê-lo contra a vontade dos colegas. Entretanto uns desistiram mas ficou a suspeita que um ou dois terão mesmo assinado, o que irritou os estivadores. Dai até convocarem a paragem total foi apenas algumas horas.
“Os trabalhadores pretendem que as empresas declarem, por escrito, que não existem contratos de trabalho assinados e que não vão continuar a ser pressionados para assinar”, diz António Mariano, presidente do SEAL que esteve na reunião.
Se as empresas não fizerem essa declaração “vamos continuar em greve total por tempo indefinido”, garante um dos estivadores. “E se houver contratos que foram assinados agora, têm de ser revogados”. Para os estivadores um dado é certo, “só haverá entendimento quando aceitarem fazer contratos de trabalho a termo certo para 56 estivadores, e garantir que os que ficarem como eventuais fazem um turno à frente dos efectivos”.
Ora ao que O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO sabe, haverá mesmo contratos assinados e fonte próxima da Operestiva confirma que na reunião de ontem o SEAL e trabalhadores “exigiram que a empresa cancele os contratos de trabalho que livremente foram assinados”. Sobre o desenrolar dos factos, infere que Porto de Setúbal “vai perder ainda mais carga para além daquela que tem perdido” e acrescenta que “vários operadores já desviaram os navios para o porto de Sines e outros em Espanha”.