A Rede Nacional de Cidades Inteligentes (Rener Living Lab), tem como 1º objectivo a melhoria da qualidade da vida urbana, e intercâmbio de soluções inovadoras, nas dimensões: Governação, Inovação, Sustentabilidade, Inclusão, Conectividade. Constituída em 2013, com coordenação Inteli, onde os 1ºs associados foram as capitais de Distrito, mais: Gaia, Almada, Loures, Sintra, Cascais, Torres Vedras, Guimarães. Hoje são 43 municípios.
Prevê-se que em 2050 as cidades estejam sobrelotadas (hoje já 60% da população vivem nas cidades) motivando a necessidade de usar os espaços de forma multifuncional, digitalmente reprogramável, aproveitando o muito espaço que não é usado. A utilização linear dos bens existentes, obriga a reduzir a utilização de recursos, usando a economia colaborativa. Em 2030 precisamos de mais 40% de água potável, tendo de se evitar 30% de perdas de água devido a fugas, com tubagens inteligentes, monitorizadas em tempo real, medindo consumos e deteção de fugas. A contaminação causa situações climáticas extremas, devendo-se aumentar os espaços verdes em 10%. Adotar uma árvore é uma das soluções. As cidades têm sido desenhadas só para automóveis. O tráfego urbano gera altos níveis de poluição, obrigando à mobilidade a pedido, devendo-se apostar mais em cidades amigas das bicicletas (clássicas, elétricas e aproveitamento da energia de travagem). As luzes de trânsito atuais são dispendiosas e por vezes tóxicas, obrigando a mudar para lâmpadas LED juntando em postes com sensores inteligentes. As fontes de energia convencionais geram 60% de CO2, devendo-se redistribuir a energia excedentária, com menor consumo de energia per capita, num ambiente respeitoso. O uso de Gás Natural renovável e sistemas de trigeração permitem obter calor de baixo custo, que se pode também usar para arrefecer. As cidades divididas em bairros desintegrados, obrigam a criar novas ligações para evitar a divisão entre ricos e pobres. 45% dos vegetais europeus chegam aos lares em más condições, levando as empresas agrícolas para mais perto das cidades, ou mesmo em edifícios citadinos (agricultura urbana). Enfim, surge a necessidade emergente, multidisciplinar e fundamental do conceito “Cidade Inteligente”.
Abrange importantes sectores, trabalhando de forma integrada, por forma a garantir uma cidade mais habitável, sustentável, segura, eficiente, nomeadamente em: Eficiência energética, Mobilidade, Água e Resíduos, Serviços Públicos, Casas e Edifícios. Recorrendo a plataformas digitais, e proporcionando informação em tempo real, “um dos petróleos do século XXI”, aos serviços camarários, munícipes e visitantes, os melhores níveis de qualidade de vida, e máxima redução de custos na gestão dos Municípios e suas Comunidades. Surge também associado à criação de oportunidades, p.ex.: Investigação, educação, criação de negócios nos mais diversos sectores, e reflexão sobre o futuro da organização das cidades. Uma espécie de Desenvolvimentos Sustentável.2. Onde continuam a imperar os pilares: Económico, Social, Ambiental, Conhecimento.
Tudo isto se pode tornar concretizável a curto prazo, caso haja investimento (não despesa) graças às inovações tecnológicas emergentes, onde se enquadra a disrupção digital, hoje com muitas soluções inovadoras de desenvolvimento, com a ajuda das tecnologias:
Sensores digitais, Identificação via Rádio Frequência (RFID), Impressão 3D, Automação Robotizada Autónoma, Realidade Aumentada, Simulação, Big Data (permitindo o tratamento de exa-dados com a ajuda das analíticas 2.0 “Machine Learning” e Inteligência Artificial) drones e câmaras de captação de imagens GPro. Permitidas pela Internet: computação em nuvem (Cloud), Internet das coisas (IoT) pemitindo comunicação e comando à distância entre dispositivos, com smartphones e aplicativos (APP´s) ou os emergentes assistentes virtuais, Integração de Sistemas, Cibersegurança.
São tecnologias que permitem desenvolver Indústrias 4.0, e outros sectores económicos (Agricultura, Turismo, Gestão do Território, Municípios mais inclusivos, etc). Sendo atualmente um excelente campo de criatividade, em que a Inovação tem a palavra, a decorrerem soluções “em catadupa”, que seria impossível descrever todas (atuais) neste artigo:
Eficiência Energética da via pública e edificações: postes com: Iluminação pública de tecnologia LED (de muito menor custo e tornando o local mais seguro e vivacional), sensorizados e câmaras de vídeo. Transmitindo os dados obtidos em tempo real ao COI-Centro de Organização Integrada. Nos edifícios, a começar pelos públicos: painéis ou telhas, e janelas fotovoltaicas, sistemas de armazenamento de energia. Soluções Domóticas.
Mobilidade: Byke/Car Sharing, aluguer “low-cost” de veículos, reduzindo: necessidades de investimento em material circulante, consumo energético, espaço de via ocupada e necessidades de parqueamento. Veículos autónomos híbridos (elétricos – preferencialmente a Hidrogénio – e solares) bem mais “amigos do ambiente”, reduzindo ainda mais as externalidades: poluições (gases, ruído) e congestionamento do tráfego. Transportes Públicos eficazes e amigos do ambiente. Placas solares e sombreadoras nos Parques de Estacionamento. Estradas solares aproveitando a sua grande área de captação da radiação solar. Sistemas de aproveitamento da energia cinética do tráfego. Turbo-Rotundas.
Água potável e Resíduos: Economia circular de reaproveitamento para águas residuais, controlo em tempo real de fugas de água. Contentores sensorizados para monitorização de pesos, volumes e temperaturas ajudando na otimização de rotas da frota municipal, etc.
TIC´s/IoT: Sistema de Geo-Referenciação, Internet de Banda Larga, sensores nos locais apropriados, permitindo, com recurso a App´s (usadas em “Smarphones ou emergentes Assistentes virtuais) intercambiar informações dentro da comunidade: permitindo aos transeuntes poderem informar-se, p.ex. recorrendo à Realidade Aumentada, e informarem em tempo real, os serviços autárquicos, de eventuais anomalias.
Vantagens de um sistema de Cidade Inteligente: Razões Administrativas: Modernização da Administração Pública, Segurança, Transparência, Economia de recursos. Razões Económicas: Uma única rede para o transporte de vários serviços. Razões Tecnológicas: As operadoras telefonia, TV, cabo, etc, não promovem a universalização das telecomunicações, quando não houver interesse comercial. Razões Sociais: Permite: a construção de um modelo viável de integração universal, melhora: a distribuição de renda, o atendimento no serviço público. Disponibiliza, para todos, oportunidades iguais em comunicações.
Na 1ª edição da aplicação do Índice de Cidades, de 2012, na região de Setúbal: Almada era a mais avançada. Paradoxalmente, desta vez nem teve expositor no CCL. Setúbal a mais atrasada.
No dia 7 de Abril de 2018, fui orador, nas Galerias Municipais do Montijo, a convite do vereador João Afonso (Dr.) desta tão emergente e importante matéria.
Nos dias 11 a 13 de Abril de 2018, participei no Centro de Congressos de Lisboa, na 2ª conferência “Portugal Smart Cities Summit”, onde, da Região de Setúbal, só a Autarquia do Seixal se fez representar, e mesmo assim, de forma insípida. Por estar duplamente representada na direção da ANMP-Associação Nacional de Municípios Portugueses ? Mas com expositor, salve-se a simpatia dos seus colaboradores presentes, de uma “pobreza franciscana”. E onde estão os Living Labs da Região de Setúbal, que têm como missão inovarem e ajudarem a promover o desenvolvimento sustentado da Região ?
Lisboa/Oeiras/Cascais/Sintra/Loures e depois só Autarquias do Centro e Norte, é que apresentaram exemplos práticos já aplicados no terreno, graças ao espírito de iniciativa e associativismo, congregando os interesses de: Autarquias/Instituições de Ensino Superior/Empresas regionais incluindo startups, graças a: serem mais ajudadas em matéria de Apoios Comunitários e à sua maior pró-actividade.
Pelos vistos, as Autarquias da Região de Setúbal, parecem continuar “de costa voltadas” a terem outras prioridades, nem de Regeneração Urbana, com maior acuidade nos Concelhos do Arco Ribeirinho Sul, mais próximos do futuro Aeroporto Complementar?