4 Maio 2024, Sábado
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Vaidade humana

Espero, que a revolta que sinto não me roube neste texto, a objetividade que procuro nas opiniões que tenho. Mas não será fácil!

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Nos meus cinquenta e muitos anos de vida, nunca, por muitas e grandes as dificuldades que atravessei, nos momentos mais difíceis dos mesmos, eu, passei fome. Não sei o que isso é! E agradeço-o, tal como o modesto, mas digno nível de vida que tenho, todos os dias a Deus, por me dar meios e saúde para o manter e melhorar, com o fruto do meu trabalho. Mas não saber o que é ter fome, no sentido real da expressão, não me impediu de sentir mal, incomodado na consciência. Quando hoje ao tomar o pequeno almoço, assisti, num canal internacional de informação, na mais inacreditável e triste comparação, com aquele velho e clássico filme mudo do grande Charles Chaplin, na ilha de Madagáscar, a fome extrema, obrigar a cozinhar sola de sapato para a fome, fingir enganar.

Eu sei, …! Mas não é nem mentira, nem piada de mau gosto, mas o gosto inimaginavelmente amargo da fome. E esta, extrema a este ponto!

E extrema a minha revolta! Perante a repugnante vaidade humana, em que sorridentes, no bloco de informação seguinte e no mesmo canal, meia dúzia de multimilionários exibe nos milhares que gastam, pelo egoísta prazer de uns minutos sem gravidade e o disfrutar de uma vista diferente, deste planeta doente, o pior, da vaidade humana. E não! Não nos ofendam a querer chamar de progresso, o alimento com que enchem o bucho do ego e apenas, porque podem. Porque progresso, é sim, o que o homem através da ciência ou técnica, cria para o bem comum. O resto, é querem-nos vender três sapatos para dois pés, e convencerem-nos que um, é suplente.

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E não estivéssemos hoje a poucas décadas do colapso ambiental, com descumunais cheias, ou iguais secas. Assistindo a múltiplas e desesperadas rotas migratórias em fuga, da guerra e da fome, e em plena pandemia mundial. A viver uma perigosa, instável e confusa política global, prenha de novos e disfarçados ditadores. E, ou não fosse esta, a era da informação e menos os que a não querem ter, todos, disto tudo tenhamos consciência e eu, poderia até encontrar alguma nobreza e acreditar nalguma boa intenção. Ou até, achar graça!

Que é deles, …sem dúvida! Fruto do seu trabalho, é verdade, mas assente nos recursos de um planeta que é de todos nós! Ou deveria ser!

É claro que depois, a exemplo daquele patrão que paga mal, despede bem e explora quem para ele trabalha melhor ainda, e assim enriquece á custa do suor dos outros. Mas alivia a consciência com aquele donativo simbólico, á tal instituição de que nem sabe o nome, a não ser que o veja escrito na declaração de impostos, atenuando os lucros. Também estes, se penitenciam com este ou aquele gesto, que nos parecendo muito, longe nós dos milhões deles, é muito pouco, para quem tanto tem.

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Acordemos, e deixemos de olhar o mundo de forma global apenas quando é, retorica e politicamente conveniente. E individual, quando a ganância do poder financeiro, engole toda a solidariedade genuína e exibe a outra, não sentida, a não ser no iludir da consciência e no limpar da imagem.

António Guerreiro
Autor literário
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