5 Maio 2024, Domingo
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Patrioteiros

Ao serviço da Marinha, fui a Espanha, França, EUA, Brasil, África do Sul, Hong Kong, Austrália, Açores, Madeira e a todas as ex-colónias. Depois, por minha conta, voltei a Espanha e à França e visitei ainda a Inglaterra, Itália, Escócia, Áustria, República Checa, Eslováquia, Hungria, Croácia, Eslovénia e Bulgária.

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Vi paisagens, aldeias, vilas e cidades deslumbrantes. Outras, nem tanto. Vi coisas boas, mas, evidentemente, também vi miséria. O contacto com todos esses povos, enriqueceu-me cultural e pessoalmente. Mas, e suponho não ser surpresa para os estimados leitores, houve uma coisa que em nenhum desses países gostei mais, nem sequer tanto, como no nosso; a comida. Com certeza, já ouviram repetir esta constatação.

Temos uma das melhores, quiçá, a melhor gastronomia do mundo. Por isso, não será uma aberração, o sucesso que a chamada fast food, comida rápida, de plástico, atingiu entre nós? Mesmo, segundo especialistas na matéria, ter tanta influência nesse flagelo dos chamados países desenvolvidos (?), a obesidade. Mais grave ainda, a obesidade infantil. De tão rica em calorias e acompanhada da bebida açucarada e viciante que a geração do 25 de Abril chamava “água suja do imperialismo”.

Ainda em termos gastronómicos vindos da estranja a que o pessoal também tanto aderiu, principalmente a faixa etária dos 40 para baixo, foi a troca do café servido nas tradicionais chávenas e pires de loiça nos nossos cafés e pastelarias, pelo dos estabelecimentos de grandes empórios que o servem em copos de plástico. Aliás, recipientes e copos de plástico, é também o que usa a tão conhecida multinacional americana da especialidade gastronómica acima referida.

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Plástico e mais plástico! A avassaladora poluição terrestre e marítima dos nossos dias.

Esta deplorável tendência para a imitação, para a subordinação à publicidade, ao marketing e ao ancestral provincianismo de valorizar o que é de fora.

Veja-se o caso da música que até regrediu em relação ao século passado que se ouvia também em Castelhano, francês, italiano. Agora, nos concertos de verão, na rádio e TV, não é o inglês que impera? Até nos concursos televisivos mesmo para crianças. O último grande exemplo, foi o grupo concorrente ao concurso da Eurovisão.  Não estando em causa a qualidade da canção, mas sim a recusa à língua de Camões, Aquilino, Saramago e tantos outros mestres.

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Uma soberana oportunidade para a sua divulgação para largos milhões.  Neste caso, a oportunidade de internacionalização da banda, em inglês, com os respetivos dividendos, falou mais alto.

Em termos patrióticos, apenas o futebol, mais concretamente, a seleção nacional do dito, conta para estes patriotas futeboleiros ou patrioteiros.

Mas, patrioteiros, são, em primeiro lugar, os donos ou quem manda nos media, sobretudo na televisão, que em vez de divulgarem o nosso vasto e rico património material e imaterial, atribuem uma importância desmedida ao futebol, a concursos simplórios, telenovelas e à música anglo-saxónica.

 

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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