A nossa região de Setúbal

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A nossa região de Setúbal

21 Fevereiro 2018, Quarta-feira
Caldeira Lucas - Consultor

Se não fossem hoje, qual “válvula de escape”, mais de 230 mil residentes da Península de Setúbal (P.Set.) quase 30% da População (se considerando só a população ativa seria pior) terem que se deslocar diariamente para a Grande Lisboa procurar trabalho e estudar, tornando-a no maior dormitório-satélite de Portugal, a situação ainda seria pior.
Mesmo assim, com todos os custos para eles e famílias, “ajudando” a refletir-se negativamente nos indicadores sócio-económicos da P.Set.
Os fluxos eram ao contrário: A Ponte “António de Oliveira Salazar” hoje “25 de Abril”, foi “prioritariamente construída” para Diretores e Administradores poderem vir da Grande Lisboa dirigir as muitas Empresas que existiam na P.Set, outrora 3ª Económica/1ª Industrial.
Hoje, a soma dos empregos das maiores empresas na P.Set. nem chegam a ter o mesmo número, só de uma das grandes empresas que outrora existiam nela. Foram mais de 30 mil empregos que desapareceram, ainda hoje longe de serem recuperados…antes pelo contrário. Paradoxalmente, a P.Set. está no TOP das Regiões que mais cresceram demograficamente.
A P.Set, está hoje em 27ª no que respeita ao indicador que rege o nível de atribuição dos apoios comunitários – o PIB per capita – só ficando 4 regiões abaixo dela as quais sempre estiveram nesta matéria bem abaixo da P.Set.. Uma brutal descida de 24 lugares no “Ranking”, em 31. Assim, não é por acaso que a P.Set. é a que mais diverge (negativamente) da média da Comunidade Europeia. Não é tudo, mas os apoios são uma excelente alavanca para motivar o desejável aumento do investimento na região.
A expressão “Lisboa – Cidade das duas Margens” mais parece uma Falácia. Será para disfarçar, os apoios irem quase todos para a Grande Lisboa e outras regiões ? Por exemplo, até final do QREN, o Norte e Centro receberam – per capita – de Apoios Comunitários e Orçamentos de Estado, o triplo do que recebeu a Península de Setúbal, e a Grande Lisboa recebeu o dobro, havendo ainda a acrescentar a esmagadora maioria das PPP´s, terem sido localizadas naquelas regiões.
O Portugal 2020 ainda veio piorar mais a situação, em que por exemplo, um potencial investidor que queira instalar um Hotel na P. Set, terá que investir mais de 1 a 2 milhões de euros, do que se o mesmo Hotel for instalado noutras regiões. Assim, qual o Investidor que escolhe a P.Set. ? Principalmente por esta razão, os Investidores “fogem da P.Set. como o Diabo da Cruz”. É só ver para onde vão setores, como por exemplo: Turismo, Conhecimento, Tecnológicas, Indústrias inovadoras.
A P. Set. foi “artificialmente apagada do Mapa” (deixou de ser NUT III) e foi forçada a ficar administrativamente “colada” à Grande Lisboa. Terá sido para minimizar a possibilidade de receber Apoios Comunitários ? O certo é que Lisboa, tendo o maior PIB per capita de Portugal, com este argumento a Península de Setúbal vê-se forçada a pertencer ao mesmo “grupo dos ricos” apesar de ter menos de metade do seu PIB per capita, perdendo significativamente a possibilidade de receber Apoios Comunitários, de que se destaca do COMPETE 2020, instrumentos importantíssimos na criação da importante Re-Dinamização da Economia da Região de Setúbal.
Paradoxalmente, existem Regiões consideradas “pobres” para efeitos de maximização dos seus apoios, apesar de terem PIB per capita maior do que o da Península de Setúbal. E a Península de Setúbal é considerada “artificialmente rica” por “administrativamente estar colada a Lisboa”. Assim, a capacidade produtiva da Região de Setúbal, salvo honrosas exceções, vai ficando cada vez mais “moribunda”.
Onde estão as tão propagandeadas Políticas de Coesão-Territorial ?
Finalmente, como se explica que Universidades de outras Regiões, mesmo assim venham buscar verbas ao exíguo “plafond” atribuído à Área Metropolitana de Lisboa, onde o “parente pobre” Península de Setúbal se enquadra ?
Não entendo a aparente inércia dos representantes dos residentes na Região de Setúbal: Autarcas, Deputados, Associações, nesta matéria ? E o que estão a fazer em relação à reformulação do Portugal 2020, e do Portugal 2030 ?
Por este tipo de situações, para as quais já tive a oportunidade de alertar, como acto de Cidadania aceitei pertencer ao Movimento Pensar (Região de) Setúbal. Onde nasci, tenho vivido a maior parte do tempo, os meus familiares e a maioria dos meus amigos !

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