Ontem, menos de 24 horas depois da final perdida nos penáltis para o Sporting, Vítor Hugo Valente, presidente do Vitória FC, concedeu uma entrevista colectiva à comunicação social. O Diário da Região marcou presença na iniciativa em que o dirigente, além de fazer o balanço das cinco semanas que leva à frente do emblema sadino, se confessou “orgulhoso” pela prestação da equipa na prova e traçou como meta voltar em 2019 a marcar presença na final-four da Taça da Liga.
Conseguiu pregar olho depois da final de ontem que a equipa perdeu nos penáltis?
Pouco. Não há quem não sinta frustração porque estivemos muito perto de repetir o que fizemos em 2008. Não perdemos, empatámos. Aliás, desde que aqui estamos ainda não perdemos. Há hoje um sentimento de grande orgulho nos jogadores que foram inexcedíveis na entrega. Há ainda a satisfação maior de ver no estádio os nossos três mil adeptos que, em vários momentos, se sobrepuseram aos 20 mil do Sporting. Sentimos que a mística do Vitória está a regressar. Este foi o segundo ano consecutivo que fomos há final-four e para o ano lá estaremos de novo para trazer a taça.
Acreditou que era possível o sonho concretizar-se?
Para nós, não há jogos que não são do nosso campeonato. Caso contrário, não estávamos cá a fazer nada. Há pouco tempo empatámos em casa (1-1) com o Sporting e ontem (anteontem) ficou demonstrado que com entrega, garra e atitude que não fomos inferiores. As grandes oportunidades do jogo são nossas. Se tivéssemos feito o 2-0 o jogo estava arrumado. Os penáltis são um sortilégio e não sou ingrato. Ma meia-final com a Oliveirense calhou-nos essa sorte quando o penálti deles bate na trave e não entra, desta vez não tivemos essa sorte com o Tomás (Podstawski).
Concorda com a decisão do vídeo-árbitro que acabou por resultar no golo do empate do Sporting?
No campo, deu-me a sensação que era a luva do Trigueira a defender a bola. Ainda não consegui desconvencer-me de que a mão é do Trigueira, apesar de admitir pelas imagens que possa ter sido a do Tomás. Não vou arranjar polémicas sobre o vídeo-árbitro.
Tomou posse a 21 de Dezembro. Que balanço faz do período em que é presidente?
Somos uma equipa competente. Em pouco mais de um mês já fizemos muito. Fizemos um levantamento geral do clube. Acabaram os quintais no Vitória. Procuramos reorganizar os diferentes sectores. No dia 10 tínhamos um cumprimento salarial e pagámos, obviamente. Tivemos também a entrega das certidões da Segurança Social e das Finanças. Fizemo-lo com grande esforço porque se tratava de um volume considerável.
«Vamos recuperar integralmente os terrenos do Bonfim»
Os problemas financeiros são a maior preocupação…
São públicas as dificuldades dos clubes, o Vitória não é excepção. As coisas estão no bom caminho, mas há dificuldades, claro. Temos tido notícia de muitos sócios a regressar e vamos apresentar em breve uma campanha para atrair mais sócios. Outra medida bandeira era a da recuperação dos terrenos do Estádio do Bonfim. Já estive na Câmara e já falei com a senhora presidente (Maria das Dores Meira) nesse sentido. Vamos recuperar integralmente os terrenos do Bonfim. A presidente da Câmara disse-me que a autarquia iria ser parte dessa solução. Precisamos muito da Câmara como parceira. Posso também dizer que no espaço de um mês houve empresas que voluntariamente vieram connosco dizer que estão na disposição de nos ajudar com as obras no Bonfim.
Qual a posição do Vitória sobre o denominado grupo do G-15. O clube vai integrá-lo?
Sim, claro. Uma nota prévia, no jantar de gala da Liga, coloquei em cima da mesa a questão da centralização. O Vitória tem de estar muito reconhecido a Joaquim Oliveira e à Olivedesportos. Temos o contrato com a NOS e vamos mantê-lo. No entanto, entendemos que, para bem de todos, a Liga tem de ser centralizadora e negoceie é para benefício de todos: para os que recebem mais passarem a receber mais e, claro, os que recebem menos também. Com isso vamos aumentar a competitividade desportiva do campeonato. É uma bandeira para nós e não estamos sozinhos.
O G-15 é um grupo que não é contra ninguém e o Vitória tem de fazer parte. No entanto, nem todos os interesses são coincidentes. Não concordo com todas as medidas que lá foram colocadas. O mais importante é melhorar o futebol na óptica dos clubes.
Nuno Reis reforça meio-campo e Sporting paga salários de Wallyson
Depois de um ano de costas voltadas, como está a relação entre Vitória e Sporting? O empréstimo de Wallyson é sinal que o diferendo foi ultrapassado?
O Wallyson estava referenciado. Estamos numa posição na tabela que nos obriga a esforços para reforçar a equipa no que resta do campeonato. Não havia corte de relações, havia um esfriar de relações. O Vitória dá-se bem com toda a gente. Verifiquei que o incidente não seria para a eternidade. Ninguém foi à corrida ter com ninguém, mas iria acontecer isso fosse com que fosse. Friso que o Sporting paga integralmente os vencimentos e seguros de Wallyson, ao contrário do que aconteceu com os dois últimos jogadores do Sporting que estiveram cá (André Geraldes e Ryan Gauld). Posso anunciar que Nuno Reis, jogador que joga na posição 6 rescindiu com o Panathinaikos, é reforço do Vitória para os próximos dois anos e meio. Ambos começam a treinar amanhã (hoje).
Podem chegar mais reforços? O clube quer manter a política de acolher jogadores emprestados?
Até quarta-feira podem entrar ou sair. Tudo é possível. Quanto às cedências, lembro que em Janeiro temos que ser mais maleáveis em relação a isso, mas em Junho, no próximo plantel, as cedências serão excepcionais. Será o oposto, mas sempre em sintonia com o técnico.
Depois do que viu na final está convicto de que a permanência na I Liga será assegurada?
Plenamente. A equipa tem valia para isso. Mais importante ainda são os adeptos que são fundamentais para apoiar a equipa nos jogos que temos pela frente.
José Couceiro vai continuar a treinar o Vitória na próxima época?
Não falámos sobre isso porque essas coisas não dependem só de uma das partes. Não é o momento de falar sobre esse assunto.
Sandro assume cargo de director desportivo
A aposta na formação vai ser reforçada?
A aposta é real e passamos das palavras aos actos. Já temos um projecto em cima da mesa para alterar a Várzea porque o que lá está não nos agrada. Os juniores têm que jogar em relva natural. Estamos a tentar que o façam no Complexo Municipal do Vale da Rosa e/ou no Estádio do Bonfim caso não coincida com os trabalhos da equipa principal. Temos que começar a ter essa dignidade.
Estão previstas alterações na estrutura do futebol profissional?
Há lugar para pessoas que venham ajudar. O Sandro, que me disse que não tem como objectivo vir a ser treinador, será director desportivo. É uma figura história do clube e alguém que é admirado por quem com ele trabalha. Não impus nada a ninguém. Foi-me garantido que a equipa de juniores não vai ficar melhor. Já falei com José Couceiro que conhece bem o Sandro. É uma das referências do Vitória. Já tive oportunidade de falar com o Quinito e Carlos Cardoso. Quero trazer de volta as referências que o clube tem. O Sandro é incontornável.