Os moradores da estrada de Santa Cruz, em Santiago do Cacém, entregaram na Câmara Municipal um abaixo-assinado a exigir a reposição do estacionamento naquela via.
O abaixo-assinado, com perto de 300 assinaturas, foi entregue por alguns dos moradores que se queixam da falta de estacionamento naquela estrada e dos constrangimentos provocados pela proibição imposta pela autarquia com o arranque das obras na rua Egas Moniz.
A residir há mais de vinte anos naquela zona Anabela Constantino diz que se trata de uma situação que se arrasta há um ano e que os moradores são obrigados a deixar as viaturas a cerca de meio quilómetro das suas habitações.
“Exigimos a reposição do estacionamento naquela via porque é muito complicado para todos os moradores que diariamente se debatem com problemas para arranjar um local para deixar as viaturas”, lamenta.
“Esta situação já tem um ano, quando começaram as obras e agora que acabaram começou a passar o trânsito pesado que causa transtornos”, acrescenta.
Os moradores dizem que há pessoas idosas e doentes que são mais afetadas com esta decisão, como é o caso de Rosa Piedade que vive com uma pessoa com 95 por cento de incapacidade.
“Já me aconteceu precisar de sair devido a um acidente em casa durante a noite devido a uma queda do meu marido e ter o carro a uma distância considerável por isso queria que esta situação fosse solucionada porque assim não temos acesso ao carro”, adiantou.
Em resposta, o presidente da Câmara de Santiago do Cacém diz que a intervenção na rua Professor Egas Moniz obrigou à reformulação do trânsito pesado que passou a fruir pela estrada da Santa Cruz e obrigou à proibição do estacionamento.
Com a conclusão da obra na rua Professor Egas Moniz, em Santiago do Cacém, a autarquia optou por não retomar o estacionamento naquele troço mediante um projeto que prevê a intervenção em toda a zona envolvente ao Mercado Municipal e à avenida Manuel da Fonseca.
“Porque estamos a fazer um projeto de intervenção em toda a zona envolvente ao Mercado Municipal, uma obra que queremos iniciar em 2018, porque esse mesmo projeto está também a debruçar-se sobre a questão da circulação rodoviária e de estacionamentos em toda aquela zona, incluindo esse troço da estrada de Santa Cruz, entendemos que não seria prudente voltar a permitir o estacionamento até termos a situação definida”.
Segundo o autarca, o concurso público, para a intervenção na zona envolvente ao Mercado Municipal, será lançado no primeiro trimestre de 2018 e, em janeiro, será apresentado à população.
Estacionamento originou debate na reunião de câmara
Perante as queixas dos munícipes, o vereador da coligação PSD/CDS-PP, Luís Santos defendeu a “reposição temporária do estacionamento” naquela estrada. “O estacionamento é um problema e aquilo que a câmara fez é o que não deve ser feito porque primeiro tirou o estacionamento, por causa de uma obra, e só depois é que vai tentar encontrar uma solução, por isso defendo que o estacionamento seja reposto até ser encontrada uma solução definitiva”, adiantou.
Já o vereador do Partido Socialista, Óscar Ramos voltou a defender que a construção da circular à cidade de Santiago do Cacém pode “resolver muitos destes problemas” e que a Câmara Municipal de Santiago do Cacém “tem um papel importante nas negociações com o Estado” nesta matéria.
O autarca criticou ainda o atual estacionamento na rua Professor Egas Moniz, onde “o espaço para as pessoas passarem é agora menor do que quando os carros estacionavam em cima do passeio” e lembrou que “o estacionamento junto das casas das pessoas é uma obrigação e não um favor”. “Todas as alterações devem ser planeadas previamente porque o que se está a passar [proibição do trânsito pesado com mais de 10 toneladas] na rua Professor Egas Moniz já era conhecido”, concluiu.
Em resposta, o vereador da CDU, Jaime Cáceres acusou a oposição de “chicana política” e afirmou que o problema do estacionamento na estrada de Santa Cruz deve ser “atendido e analisado”. O autarca lembrou que a construção da circular é “defendida por todas as forças políticas” com assento no executivo municipal e que a autarquia tem apostado na melhoria da mobilidade na cidade. “O estacionamento é um problema em todo o país e no mandato anterior tivemos várias intervenções necessárias mas é preciso planear e nas GOP’s [Grandes Opções do Plano] está explanada a requalificação da zona do Mercado Municipal , que mereceu o voto contra dos vereadores da oposição” recordou.
A proibição de estacionamento na estrada de Santa Cruz afeta perto de 400 moradores.
Helga Nobre