7 Maio 2024, Terça-feira
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Elogiar vs criticar – A nossa cultura e o impacto das redes sociais.

Quem gere e lidera equipas, sabe que o elogio é a ferramenta que alimenta a motivação necessária para que determinado grupo ou elemento do mesmo, siga alinhado e com o foco naquilo que é mais importante, atingir os objetivos a que a equipa de propôs.

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No entanto, é igualmente importante para o crescimento dos elementos e do grupo, as chamadas críticas construtivas, em que são identificados os pontos que falharam ou que precisam de ser melhorados.

Estas são premissas que parecem simples e por isso fáceis de colocar em prática, logo todas as equipas, sejam elas de que natureza forem, deviam ser produtivas e estarem altamente motivadas. Sim, deviam, mas não acontece.

Portugal, um país que culturalmente se habituou a criticar muito mais que elogiar, quando o faz, é porque se conseguiu um resultado, que pela sua conquista é impossível não elogiar.

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Esta forma de ser que está tão enraizada na nossa forma de ser, potenciou-se com a chegada das redes sociais, onde atrás de um ecrã todos nós somos entendidos e conhecedores nas mais diversas matérias. Infelizmente, usamos esse “conhecimento” apenas para criticar e deitar a baixo, ao invés de valorizar o trabalho dos outros.

Pegando nas recentes vitórias e conquistas do nosso Miguel Oliveira. Que orgulho tão grande ver a nossa bandeira, ouvir o nosso hino, que espetáculo de miúdo, dizemos todos nós.

E quando pensamos nisto tudo, quantos de nós valorizaram o trabalho que vem sendo feito há tantos anos, os sacrifícios que o Miguel teve que fazer, ter que optar em deixar de viver as coisas normais que todos os jovens vivem, para se dedicar de corpo e alma a esta paixão. Tudo isto foi valorizado por quem aplaudiu e partilhou a fotografia do nosso Miguel com a nossa bandeira? E agora, quando o Miguel não ganhar, continua a ser o nosso orgulho? Ou passamos a criticar e a acusar que não ganha porque não quer, tal como fizemos recentemente com a nossa seleção de futebol?

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Temos uma das melhores seleções nacionais do mundo, temos o melhor jogador do mundo, mas mesmo assim, quando não ganhamos, conseguimos ler as maiores barbaridades sobre os nossos jogadores e selecionador. Para quem tem na sua natureza criticar, não dá valor ao esforço e dedicação de um jogador profissional, do tipo de vida regrada que os mesmos e a família têm que ter. E logo de seguida ouve-se: “Ganham para isso, eles que corram”.

Certo, são privilegiados nessa matéria, mas não nos dá o direito de não valorizar a parte humana de cada uma daquelas pessoas que faz parte daquela equipa. Até porque se o direito a criticar fosse proporcional ao salário ao final do mês, não tínhamos críticas às equipas que jogam numa divisão distrital, onde aqueles jogadores vivem o amor ao futebol em estado puro. Mas ainda assim, são criticados por pessoas sentadas num sofá e atrás de um ecrã, que nunca praticaram qualquer desporto, e nem sabem os sacrifícios que cada um destes jogadores tem que fazer para ali estar a representar a equipa da cidade.

Conseguir criticar alguém que vive o futebol de forma pura, que treina à noite, em vez de estar com a família depois de um longo dia de trabalho, onde a recompensa financeira todos sabemos ser simbólica, e mesmo assim, conseguirem criticar, só mostra que esta estranha forma de ser e estar, não tem a ver se estamos a falar de desportistas com todas as condições materiais para conseguir atingir o objetivo, ou não.

Esta estranha forma de ser está enraizada na nossa cultura, e é pena, porque hoje em dia com toda a informação disponível, todos sabemos o esforço e dedicação que está por trás de cada conquista do Miguel, do Cristiano, do Nelson, do Nuno, da Telma, da Ticha, da Rosa, do Carlos, do Vítor e do Luís.

Temos tanto talento português para elogiar, vamos aproveitar?

Maria Figueiredo
Engenheira, diretora da TTerra
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