22 Julho 2024, Segunda-feira

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“Tem um gosto mesmo especial, é um prémio dado pela minha cidade!”

“Tem um gosto mesmo especial, é um prémio dado pela minha cidade!”

“Tem um gosto mesmo especial, é um prémio dado pela minha cidade!”

Artista setubalense foca o seu discurso na “revolução paisagística” que Troia sofreu com as sucessivas “privatizações” pelas quais tem passado

 

O galardão Golfinho D’Ouro para a figura do ano na categoria de Cultura já está entregue à vencedora, Cátia Oliveira (A Garota Não). A artista não esteve presente na gala organizada por O SETUBALENSE e pela Rádio PopularFM, que teve lugar no Fórum Municipal Luísa Todi a 9 de Março, mas esteve ontem na nossa redacção para receber o prémio das mãos do director do periódico, Francisco Alves Rito.

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“Isto tem um gosto mesmo especial. É um prémio dado pela minha cidade!”, escreveu Cátia Oliveira no discurso preparado para o momento da subida a palco para receber a distinção. Ao evocar os roazes do rio Sado Cátia Oliveira foca, em grande plano, a “revolução paisagística” que os catamarãs que fazem as travessias entre Setúbal e Troia trouxeram para um local que é bem conhecido da sua juventude.

“A primeira vez que vi um golfinho foi num ferry-boat, na travessia para Troia. Troia é uma parte substancial do imaginário da minha infância. Tudo ali era possível. Dar mergulhos voadores, juntar exércitos de carochas para depois as ver partir, comer gelados de laranja a 50 escudos, andar sempre em tronco nu. Três meses de liberdade, em férias de Verão que nunca mais acabavam. Até que acabaram. Aos 16 anos comecei a trabalhar em caixas de supermercado e esplanadas de restaurantes. Mas voltava a Tróia sempre que podia: há lugares que nos resgatam de outros menos bons. E Tróia era assim”.

Há também espaço para críticas à actual situação daquela localidade do Litoral Alentejano. “Troia tornou-se inacessível à população da outra margem: o canal do rio Sado não alargou; o preço dos bilhetes é que subiu desavergonhadamente. E se antes ninguém deixava de ir para Troia por não ter dinheiro – porque os bilhetes não eram excludentes –, hoje já implica fazer contas à vida e calcular bem o fim do mês”.

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Aponta soluções e refere que está na altura de acabar “com esta bolha de privilégio que se tornou uma ida a Troia”. “Mas precisamos que a classe política local queira posicionar-se num bloco unido e forte. E precisa- mos também, cada um de nós, gente comum, de dar o corpo ao manifesto. O grande ponto não é sobre ir à praia ou não. É sobre Portugal. Sobre cidadania, justiça e soberania”.

Na exposição, que diz ser “um manifesto em forma de discurso”, termina com uma citação de José Saramago, sobre privatizar ‘tudo e mais alguma coisa’, e agradece a O SETUBALENSE e à Rádio PopularFM.

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