26 Junho 2024, Quarta-feira

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“A cada minuto 24 pessoas abandonam as suas casas. São refugiados”, afirma o juiz Luís Filipe de Melo

“A cada minuto 24 pessoas abandonam as suas casas. São refugiados”, afirma o juiz Luís Filipe de Melo

“A cada minuto 24 pessoas abandonam as suas casas. São refugiados”, afirma o juiz Luís Filipe de Melo

Num seminário organizado pela UNISETI, foi vincado o drama dos refugiados no mundo e o medo da Europa perante a população imigrante

“A cada minuto, 24 pessoas abandonam a suas casas, são refugiados. A cada hora, são 1 440 pessoas. Por dia, 34 560 pessoas vivem este flagelo”. Estes são números reais do que se está a passar no mundo, à nossa frente”. Um dado impressionante transmitido pelo professor juiz de Direito, jubilado, Luís Filipe de Melo, num seminário promovido pela UNISETI – Universidade Sénior de Setúbal, sobre “O Sistema de protecção dos Direitos Humanos – O Drama dos Refugiados mais Vulneráveis”.

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O encontro realizado na passada sexta-feira na Casa da Cultura, em Setúbal, integrado no ciclo de palestras fora da UNISETI, começou com o professor Mestre Arlindo Mota, presidente do conselho de administração desta instituição, a lembrar a visão do filosofo e escritor Umberto Eco sobre o futuro da Europa; uma Europa que tem de “enfrentar um caso de imigração que lhe está a bater à porta” e onde as culturas se misturam.

Recorrendo a imagens dos tempos actuais em comparação com outras onde os campos de concentração nazis foram, dispostas, ao lado das dos campos de refugiados de hoje, o juiz jubilado Luís Filipe de Melo deu nota do horror de quem viveu nos anos 40 do século passado que esperava a morte por gaseamento e os milhões de refugiados que, agora, pouca esperança vêm para as suas vidas.

São mulheres, crianças, homens, idosos e deficientes que vivem entre “três forças universais: o tempo a morte e o amor”, e questionava: “Como reerguer a vida e continuar vivendo quando sentimos que deixámos de viver”. Para o professor e juiz, a solução passa pelo dia em que “a humanidade passar a ouvir a voz da razão”.

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Contra aqueles que apontam o dedo aos refugiados, que deles têm medo e que os não aceitam, lembrou o caso do refugiado do Mali, em situação ilegal em França. Mamoudou Gassama, em 2018, salvou uma criança de quatro anos que estava pendurada no quarto andar de um prédio em Paris. “Eu simplesmente não tive tempo para pensar, corri para o outro lado da rua para o salvar”, contou então Gassama a Emmanuel Macron que anunciou que o jovem de 22 anos iria ser naturalizado francês.

Foi uma história que o juiz manteve em suspense durante a hora e meia da palestra para alunos e convidados da UNISETI. Uma intervenção onde focou os muitos refugiados que se fazem ao mar para procurar melhores dias em países como a França, Grécia ou Espanha, ou aqueles fogem por terra do sofrimento nos seus países e encontram sofrimento, e muitos morrem, em campos de refugiados. Mulheres, crianças e homens, muitos deles vítimas de violação em locais onde se deviam sentir seguros, como nos postos de controlo ou fronteiriços. “São pessoas anónimas e rejeitadas”, disse.

“Não basta falar em paz. É preciso acreditar nela, é preciso trabalhar para ela”, vincou, ao mesmo tempo que apontou os muitos homens e mulheres que lutaram, e alguns deram a vida pelos direitos humanos. Direitos esses que continuam, em muitos países, a estarem em causa seja para imigrantes económicos ou refugiados.

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E apontou que, neste momento, o mundo vive dez crises humanitárias. Na Ucrânia, onde a guerra, imposta pela Rússia, tem criado uma das maiores crises de deslocados no mundo, no Haiti com a violência de gangues e alterações climáticas, no Burkina Faso pela actividade de grupos armados, no Sudão do Sul pelo legado da guerra civil e alterações climáticas, a crise económica na Síria, o Iémen, e a República Democrática do Congo que vive décadas de conflito. Esta lista continua com os refugiados do Afeganistão devido à pobreza, a seca na Etiópia e a fome na Somália. E, não menos importante, é o conflito que se vive na guerra entre Israel e o Hamas em Gaza entre 30 mil mortes e refugiados palestinianos.

O número de pessoa refugiadas, pelas várias razões, não são fáceis de contar mas podem ascender aos 300 milhões e, diz o juiz Luís Filipe de Melo, e acrescenta que uma ínfima parte do que se gasta em armamento, biliões, bastaria para salvar muitos refugiados. Com 5 mil milhões de euros poder-se-ia salvar muito mais de 5 milhões de pessoas refugiadas, muitas delas mulheres grávidas e crianças.

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